O desenvolvimento neurológico está associado à aprendizagem inata da criança principalmente no que diz respeito à capacidade auditiva e visual, nos primeiros dias de vida.
Segundo os estudos verificados na Revista de Neurociências da Universidade Federal de São Paulo levados a cabo por Vilanova (1998) a importância do desenvolvimento neurológico ganhou terreno devido às limitações de crianças portadoras de algum tipo de deficiência a ele associado.
Tendo em conta as várias vertentes do desenvolvimento infantil, diferentes autores em diferentes estudos investiram na compreensão da avaliação neurológica, no entanto, entendendo que, aliado a este tipo de avaliação, é necessário e importante avaliar vários factos do desenvolvimento, de forma multidisciplinar (Vilanova, 1998).
Partindo destes pressupostos, o desenvolvimento neurológico, para que seja corretamente avaliado, deve ser observado de forma intersensorial, com especial atenção para a capacidade audutivo-visual e auditivo-motora, tendo em conta que são as competências mais evidentes aquando do nascimento (Vilanova, 1998).
Os estudos mostram que o recém-nascido mostra, claramente, uma maior resposta neurológica de orientação através do som, ou seja, é muito frequente que, quando ouve um som, o bebé volte a cabeça na orientação do mesmo (Vilanova, 1998).
A evidencia deste estímulo na fase inicial de vida, compreende-se, especialmente, quando crianças entre os 5 e os 8 dias de vida, mostram uma resposta diferente quando ouvem o som da voz da mãe, quando comparado com a resposta obtida ao ouvir outro qualquer tipo de som (Vilanova, 1998).
Em termos neurológicos, os materiais disponíveis na Revista de Neurociências da Universidade Federal de São Paulo, disponibilizados pelo autor em 1998 mostram que esta capacidade de resposta em fase precoce, como um comportamento aprendido.
De acordo com estes estudos, percebemos facilmente como a medula espinhal está, diretamente ligada a esta capacidade influenciada pelo desenvolvimento neurológico da criança devido à ligação entre um estímulo nervoso e o centro de associação medular, produzindo a resposta (Vilanova, 1998).
É importante referir que os sinais de desenvolvimento neurológicos acima descritos, não começam apenas após o nascimento e nos primeiros dias de vida, mas sim, ainda na fase intra-uterina, pelas estruturas existentes entre o tronco encefálico e o reflexo estapediano, o reflexo fotomotor ou o pupilar (Vilanova, 1998).
De grosso modo os trabalhos de Vilanova na da Revista de Neurociências da Universidade Federal de São Paulo (1998) referem algumas das características mais evidentes no que concerne ao desenvolvimento neurológico, nas quais, a criança começa a desenvolver algumas capacidades básicas como a capacidade para se começar a endireitar sozinha na postura correta; a capacidade inata da marcha; a sucção; a preensão palmar; a reação de voracidade.
Vilanova (1998) indica que estas aprendizagens inatas, nos primeiros tempos de vida, são esperadas por parte de crianças com desenvolvimento neurológico dito normal. Vale referir que este padrão de normalidade estão definidos pela natureza da espécie (Vilanova, 1998).
Por outro lado sabe-se que, clinicamente, nem sempre se verifica o desenvolvimento pleno de todas estas capacidades de forma automática, principalmente quando não se verifica a maturação dos mesmos por parte das respostas provenientes do sistema nervoso central (Vilanova, 1998).
Maioritariamente, esta limitação é influenciada pela presença da perturbação do sono quando as quais, passam, demasiado tempo em estado de vigília e sem conseguir dormir, nas primeiras 48 horas após o nascimento (Vilanova, 1998).
Por todas estas características os estudos demonstram que mesmo a criança dita normal necessita de diferentes estímulos através dos cinco sentidos (visão, audição, tato e olfacto) no sentido de obter um desenvolvimento neurológico mais eficaz, desde os primeiros dias de vida (Vilanova, 1998).
Conclusão
Ainda não são muito numerosos os estudos realizados no âmbito do desenvolvimento neurológico e a sua influência no crescimento da criança. No entanto, algumas informações disponíveis nos mesmos, permitem-nos observar a grande influência do mesmo em todo o processo de desenvolvimento e maturação da criança, desde a vida intra-uterina e, principalmente, nos primeiros dias de vida. O recém-nascido, nesta fase de desenvolvimento, aprende maioritariamente a partir dos órgãos dos sentidos, partindo do princípio que a parte neurológica funciona da forma adequada. Verifica-se, contudo, que crianças com desenvolvimento neurológico condicionado, podem apresentar limitações na maturação dos sentidos, principalmente em casos de crianças com perturbação do sono.
References:
- Vilanova (1998). Aspectos Neurológicos do Desenvolvimento do Comportamento da Criança. Revista de Neurociências. Universidade Federal de São Paulo. 6(3) 107-109.