A Pulsão é um processo dinâmico que se pode traduzir como a força, pressão ou carga energética que faz tender o organismo para um alvo. De acordo Sigmund Freud (1856-1939) um pulsão tem uma fonte de excitação de natureza física, como exemplo um estado de ansiedade, uma tensão ou pressão. O seu alvo é suprimir o estado de tensão e é num objeto que a pulsão pode atingir o seu fim. A palavra mais semelhante a pulsão será impulsão ou impulso. O seu caracter imutável encontra-se ao nível da pressão, pois tanto os seus alvos como os seus objetos são variáveis.
O autor desta conceção diferencia-a de instinto no sentido em que este qualifica um comportamento animal fixado por hereditariedade, característico da espécie, pre-formado no seu desenvolvimento e adaptado aos seus objetos. A noção de descarregar também é muito comum para falar de pulsão, uma vez que à noção de pulsão estão inerentes os termos de suprimir e descarregar sobre ou através de qualquer coisa a tensão corporal, em conformidade com o princípio da constância. Ao lado das excitações externas que carregam um individuo de tensão e vivencias de pressão, juntam-se aquelas que vêm do seu mundo interno, as naturais e aquelas que advêm de reação ao externo, também elas portadoras de excitação e que são para o autor o fator propulsor do funcionamento psíquico.
É na obra “Os Três Ensaios sobre a Sexualidade” ( 1905) que Sigmund Freud, baseado no estudo da perversão e das modalidades infantis da sexualidade, introduz o termo pulsão assim como as suas características como pressão, fonte, objeto e alvo. As fontes são somáticas, os alvos diversificados, parcelares ou totais e os objetos são totais ou parciais. A sexualidade evolui através da pulsão enquanto resposta interna ao mundo externo e de objetos parciais passa-se para objetos totais com a entrada na vida sexual genital adulta.
Das diversas Pulsões, distinguem-se:
As Pulsões Agressivas – Também designadas como pulsões de morte, estão voltadas para o exterior. O alvo é o objeto e o seu fim é a destruição desse.
As Pulsões Destrutivas – Também pode ser designada como Pulsão de Morte, estando mais próxima da experiência biológica que as pulsões agressivas.
As Pulsões de Dominação – É entendida como uma pulsão não sexual que só secundariamente se liga à pulsão sexual. Dominar o objeto pela força.
As Pulsões Parciais – Pulsão Oral, Pulsão Anal, entre outras. São parcelares, contudo estruturais e genéticas. Funcionam independentemente mas tendem a unir-se umas às outras nas diversas organizações libidinais.
As Pulsões Sexuais – pressão interna que está demais vasto para ser associado apenas às atividades sexuais, estão relacionadas com o instinto e dizem respeito a todas as pulsões das qual advém o prazer e a satisfação, ligadas ao funcionamento de zonas corporais – zonas erógenas, contudo salienta-se que a pulsão sexual está intimamente ligada aos sistemas de sublimação e representação e fantasmas. É o prazer dos órgãos, no nível mais precoce que se trata nas pulsões sexuais parciais iniciais. Só ao fim de uma determinada evolução psicológica e física, complexa e um tanto aleatória, elas se organizam sobre o primado da genitalidade e reencontra a estabilidade e finalidade. Numa analise metapsicológica, pode-se dizer que: do ponto de vista económico: Sigmund Freud postula a existência de uma energia única nas vicissitudes da pulsão sexual: a libido / do ponto de vista dinâmico: a pulsão sexual é um polo presente no conflito psíquico, invariavelmente por necessidade, é um objeto privilegiado do recalcamento / do ponto de vista tópica: está presente em todas as instancias, estando maioritariamente ao nível do ID ( na 2ª Tópica freudiana)
As Pulsões de Auto-Conservação: conjunto de pulsões (pressões) ligadas às necessidades e funções corporais essenciais à conservação da vida e continuidade do individuo, ( a fome é o protótipo de uma pulsão de auto-conservação)
As Pulsões do Ego: no quadro da Primeira Tópica Freudiana (Ics – PCs – Cs), as pulsões do ego são um tipo específico de pulsões cuja energia está colocada ao serviço do ego no conflito defensivo, são semelhantes às pulsões de auto-conservação e contrapostas às pulsões sexuais.
Pulsões de Morte: segundo a segunda tópica freudiana, as pulsões de morte contrapõem-se às pulsões de vida e tendem a reduzir completamente as tensões, isto é, tendem a reconduzir o ser ao seu estado anorgânico. Estão voltadas inicialmente para o interior e tendem para a auto-destruição, e secundariamente, no desenvolvimento, dirigem-se ao exterior, traduzindo-se em pulsões agressivas ou destrutivas. Também são designadas por Tanatos.
As Pulsões de Vida: grande categoria de pulsões, são o oposto das pulsões de morte. Tendem a constituir-se em pequenas unidas que se ligam noutras maiores (manutenção). As pulsões de vida também designadas por Eros, abrangem não apenas as pulsões sexuais propriamente ditas mas ainda as pulsões de auto-conservação.
Palavras – Chave: Pulsão, Pulsões de Morte, Pulsões de Vida, Pulsões Sexuais, Pulsões de Auto-Conservação, Impulso, Institnto
Bibliografia
Laplange, J. & Pontalis, J.-B. (1990) Vocabulário de Psicanalise. Lisboa: Editorial Presença ( obra publicada em 1967)
Roudinesco, E. & Plon, M. (2000). Dicionário de Psicanalise. Lisboa: Editorial Inquérito. (obra original publicada em 1997)