O hipertexto é uma maneira de escrita e leitura não-linear, contendo vários blocos de informação ligados a palavras, textos e imagens. Este processo está geralmente ligado à navegação na internet, permitindo o acesso ilimitado a outros blocos de informação de forma instantânea.
Nas décadas de 60/70, os filósofos Roland Barthes, Derrida e Foucault anteciparam um novo conceito de texto que mais tarde veio a definir-se como hipertexto.
Este conceito surgiu como um instrumento tecnológico gerado para armazenar e facilitar a busca de informação, alterando os princípios básicos do texto tradicional. Utiliza sobretudo links e hiperligações, a sua informação é (quase) ilimitada, não se organizando de forma linear mas sim convidando o leitor a navegar e a pesquisar outros textos.
Nos anos 70, o semiólogo francês Barthes definiu um ideal de textualidade que vem ao encontro do que é hoje a textualidade na internet: o hipertexto. De acordo com a sua obra ‘S/Z’, as características desse texto ideal seriam:
- Redes que atuam entre si, uma vez que o texto é concebido como rede, uma malha de textos entrecruzados.
- Diversas vias de acesso: texto sem princípio ou fim definidos, já que cabe ao leitor escolher o seu caminho.
- Múltiplos códigos: o texto é composto por várias linguagens e regido por uma grande diversidade de códigos (verbal, icónico, sonoro, entre outros).
- Linguagem plural: multimédia.
Da mesma forma, Barthes definiu os princípios do hipertexto:
- Abandono da linearidade: o hipertexto é constituído por blocos de texto ligados por links que permitem vários percursos de leitura, deixando de haver um fio condutor.
- Texto aberto: o hipertexto relativiza o conceito de princípio/fim uma vez que é o leitor que decido onde inicia e termina.
- Dispersão: o hipertexto é um texto em progresso (pode ser editado) e um texto que combina textos diversos.
- Intertextualidade: esta é o princípio do hipertexto pois basta um link para que um texto “dialogue” com outro.
- Múltiplos inícios e fins.
- Descentramento do texto: implica a figura de um leitor ativo, que constrói o seu percurso de leitura. Deixa de ter um eixo organizado.
Assim, o hipertexto é uma renovação da escrita que tem de ser pensada noutros modos. Este supera as qualidades do texto tradicional, anulando a linearidade e o conceito de princípio e fim.
O hipertexto também pode dinamizar um novo conceito de autor e permite novas formas de leitura devido à sua interactividade. Em termos de textualidade, conecta e contagia textos, altera a relação com o tempo e possibilita uma maior variedade de linguagens.