Uma fonte anónima, no meio jornalístico, é informação recolhida pelo jornalista através de pessoas que não querem ser identificadas.
Estudo sobre a noção de fonte anónima
Resumo sobre Importância sobre as fontes de informação
As fontes de informação são um aspeto central da conceção e estudo do jornalismo. Isso deve-se ao facto de as mesmas fornecerem, através do jornalista, informações e ideias ao espaço público, produzindo efeitos nas sociedades, civilizações e culturas.
Nesse sentido, as fontes acabam por representar uma necessidade para o jornalista. Por outro lado, são muitas as vezes em que as próprias fontes têm o interesse de estabelecer contacto com o jornalista, no sentido de fornecer determinadas informações, enquadrado-as da forma que melhor lhe convém, no sentido de influenciar positivamente ou negativamente, conforme lhes for mais útil, o espaço público.
Assim, acaba por haver um interesse mútuo entre ambos os lados, sendo que as fontes podem, também, ampliar a dimensão de um determinado acontecimento ou notícia, caso explorem o timing certo e as palavras corretas.
Fonte anónima
Por razões de interesse próprio, muitas fontes optam por escolher o anonimato, quer seja por não quererem sofrer represálias sociais, políticas ou profissionais, ou mesmo simplesmente para beneficiarem-se a si mesmas da informação prestada, sem terem de estar associados diretamente a ela, mas usufruindo da “fonte anónima” como alavanca política, social ou profissional.
Em 1985, um estudo promovido pelo pesquisador Wulfmeyer, citado pelo investigador, professor e jornalista português, Jorge Pedro Sousa, concluiu que 80% das notícias internacionais na Time e na Newsweek eram fontes anónimas.
Segundo Jorge Pedro Sousa, num estudo semelhante, em 1992, Blankenurg mostrou que 30% das fontes do The New York Times, Washington Post e LA Times optavam pelo anonimato.
Em Portugal, Ricardo Jorge Pinto considerou em 1997 que no Diário de Notícias, entre os anos 70 e os anos 90, o uso de fontes anónimas passou de quase nulo a cerca 25%.
O jornalista constatou que houve um aumento das fontes anónimas, principalmente nos anos 90, tendo como principais fatores: a desregulação e a globalização do sistema mediático, posteriormente ampliada com o boom da Internet; a emergência da TV como principal provedor de informação, sendo que hoje é o online; a especialização dos jornalistas políticos, algo que vai de acordo com as novas pretensões do recém-formados jornalistas dos finais da décadas 80, mais ambiciosos e formados, naquilo que Ricardo Jorge Pinto apelidou de segunda vaga do Novo Jornalismo; e, finalmente, o desenvolvimento do marketing político, usando os meios de comunicação como catapulta.
O mesmo autor ainda explicou que, à época, havia um misto de conflito e cumplicidade entre jornalistas políticos e políticos e que, hoje em dia, as fontes diversificam-se, havendo por isso contactos com indivíduos de todos os escalões sociais com conhecimento importante, mas que preferem o anonimato. Para ele, essencialmente na política, algo que pode ser transportado para jogos de bastidores no futebol e até questões bancárias e legais de grandes proporções, as fugas de informação são a grande base do jornalismo de investigação, recuperado durante os anos 90.
Os dois tipos de fonte anónima
- On background– Neste caso, embora a fonte não seja identificada, são dadas indicações sobre a sua identidade, referindo-se, por exemplo, a sua qualidade ou relevância de atuação, como no caso de “um ministro”.
- On deep background– Já nesta situação, a fonte não é identificada nem são dadas quaisquer indicações sobre a sua identidade, sendo normalmente retratada como “fonte bem informada” ou “fonte próxima”.
Como é natural, em Portugal e na maior parte dos países, o uso das fontes anónimas On Background são mais utilizadas pelo jornalista, uma vez que este procura dar credibilidade à notícia e, sendo hoje aceite (e até obrigatório caso a pessoa em questão assim o peça) a fonte anónima como forma de proteção do indivíduo, a sua relevância é uma forma de constituir fiabilidade.
References:
Sousa, J. P. A utilização de fontes anónimas no noticiário político dos diários portugueses de referência: Um estudo exploratório. Disponível em: http://www.bocc.ubi.pt/pag/sousa-jorge-pedro-utilizacao-fontes-anonimas.pdf . Consultado a 07/06/2018