Exclusivo é a expressão usada para definir algo único e pessoal. No entanto, no jargão jornalístico pode corresponder a uma informação de um único jornal.
Exclusivo, significado corrente
No português, exclusivo é um adjetivo que corresponde a algo que exclui e que pode também ser interpretado como algo único, pessoal e/ou privativo. Nesse sentido, também é comum corresponder a um determinado produto fabricado ou produzido para um dado grupo social. Por essa mesma razão, pode-se dar o exemplo de alguns automóveis, como o KOENIGSEGG CCXR TREVITA, com um custo avaliado em 4 milhões de euros pela Forbes e que, segundo o site E-konomista, só foram feitos dois exemplares do carro, sendo por isso posse exclusiva dos seus dois proprietários.
Já como substantivo masculino, pode ser usado para definir monopólio ou privilégio, como por exemplo: “Devido à diminuição do poder de compra, o produto tornou-se praticamente exclusivo para a classe média-alta” ou então um produto tecnológico exclusivo para clientes da Vodafone/NOS/MEO, etc. Outro exemplo é o monopólio do controlo e gestão pública dos serviços redes ferroviárias que em Portugal é exclusiva da Refer (Rede Ferroviária de Alta Velocidade).
Exclusivo, como jargão jornalístico
Como visto anteriormente, no jargão jornalístico, exclusivo corresponde a uma informação/ notícia ou reportagem conseguida por um único orgão de comunicação social ou jornalista. Pode ser uma informação privilegiada e de grandes dimensões, tornando-se num furo jornalístico, como no caso Watergate, em 1972. Normalmente está associada a entrevistas, ou informações políticas, económicas e desportivas, podendo em jornais sensacionalistas ser adotadas para a secção social, ou questões de “revista cor-de-rosa”
Neste famoso caso, dois jornalistas do Washington Post sabiam que, durante a campanha eleitoral que elegeu Richard Nixon como presidente Norte-Americano, foram detidas cinco pessoas que tentavam fotografar documentos e instalar aparelhos de escuta no escritório do Partido Democrata. Na altura, os dois jornalistas, Bob Woodward e Carl Bernstein, conseguiram apurar que o presidente do Partido Republicano sabia da tentativa de “assalto” ao edifício Watergate, local onde as cinco pessoas foram presos, culminando com a renúncia do presidente e, posteriormente, com a admissão de culpa deste durante a famosa entrevista exclusiva de David Frost a Richard Nixon, transposta para o cinema no filme “Frost/Nixon”, em 2008.
Neste caso, o exclusivo e também furo jornalístico pertenceu a Bob Woodward e Carl Bernstein, como informação priveligiada, mas David Frost conseguiu a entrevista exclusiva, tal como sucedeu com a situação de Lance Armstrong, ciclista famoso por ter vencido um recorde de sete Voltas a França (o Tour, em francês) e que era acusado de incumprimento das regras por uso de substâncias potenciadoras de rendimentos desportivos, conhecidas e proibidas sob o título de doping. Na altura, em janeiro de 2013, o jornal norte-americano USA Today garantiu, através de fonte anónima, que durante a entrevista do ciclista e Oprah Winfrey, este assumiu, pela primeira vez, que efetivamente se havia dopado para conseguir conquistar as sete Voltas a França, numa entrevista que só seria revelada mais tarde.
Nesta situação, o jornal USA Today conseguiu um exclusivo de informação, enquanto Oprah Winfrey obteve o exclusivo da entrevista.
Importância dos exclusivos no meio jornalístico
Durante o seminário “O futuro dos jornais”, que ocorreu em junho de 2017 em Turim, Itália, juntaram-se vários editores de jornais, os quais debateram o tópico acima mencionado.
Para eles, a questão da credibilidade e exclusividade foi considerada de extrema importância para a continuação do funcionamento normal dos jornais. Numa espécie de remate, o diretor-executivo do jornal francês Le Monde, Louis Dreyfus, considerou o seguinte: “A estratégia deve ser melhorar o nível de conteúdo e a credibilidade. Investir no conteúdo permite-nos atrair mais assinaturas e maior publicidade, uma vez que se consegue um público de mais alto nível. (O caminho) é investir na exclusividade do conteúdo e na credibilidade”.
Em Portugal, no sítio do Correio da Manhã, pode-se observar um segmento da página dedicada a informação exclusivas do jornal, embora dedicada essencialmente a questões de “revista cor-de-rosa”, uma vez que é um jornal considerado sensacionalista.
References:
Conteúdo exclusivo e credibilidade são fundamentais para o jornalismo, apontam editores, O Globo. Disponível em: https://oglobo.globo.com/economia/conteudo-exclusivo-credibilidade-sao-fundamentais-para-jornalismo-apontam-editores-21502691. Consultado a 08/06/2018
Exclusivo, Priberam. Disponível em: https://www.priberam.pt/dlpo/exclusivo. Consultado a 08/06/2018
Armstrong admite ter-se dopado em entrevista a Oprah Winfrey, TSF. Disponível em: https://www.tsf.pt/desporto/outras-modalidades/interior/armstrong-admite-ter-se-dopado-em-entrevista-a-oprah-winfrey-2993697.html. Consultado a 08/06/2018