Objectivismo Moral

Conceito de Objectivismo Moral: O objectivismo moral afirma “o estatuto objectivo dos comprometimentos éticos” (Blackburn, 1997: 306). Ou seja, a ética, os valores morais encontram um…

Conceito de Objectivismo Moral

O objectivismo moral afirma “o estatuto objectivo dos comprometimentos éticos” (Blackburn, 1997: 306). Ou seja, a ética, os valores morais encontram um fundamento concreto. Naturalmente, encontra-se em oposição ao subjectivismo. O grande problema consiste, obviamente, em saber qual a base específica para essa fundamentação. O problema é colocado já por Platão, n’A República, quando Trasímaco e Sócrates discutem acerca do assunto. O primeiro “desafiou Sócrates a provar que a ética tinha um fundamento objectivo” (Rachels, 2009: 236). Mas este, como referido, é o grande problema do objectivismo. Podemos tentar resolvê-lo apelando, desde logo, ao discurso religioso: existiriam normas morais objectivas que seriam garantidas por Deus. Mas, para aquele que não considera esta resposta suficiente, outras respostas terão de ser dadas. Parece tentador procurar em Platão uma origem para esta posição. A sua Teoria das Ideias ofereceria uma perspectiva segundo a qual existiriam, de facto, elementos objectivos a suportar a ética.

As objecções a esta posição filosófica vêm também desde a Antiguidade. É conhecida a famosa asserção de Protágoras, segundo o qual “o homem é a medida de todas as coisas”. Parece poder encontrar-se aí a expressão do subjectivismo moral, para o qual as normas éticas, tal como outras, seriam fruto do convencionalismo social. Assim, sociedades diferentes teriam convenções morais diferentes e seria impossível chegar-se a um acordo acerca das mesmas. Esta posição percorreu um longo caminho e manifestou-se extremamente influente no século XX, prolongando-se essa influência até aos nossos dias.

Mas, ao contrário do que defende o subjectivismo, existem valores comuns a diferentes sociedades, o que mostra que aqueles são mais do que apenas uma construção social mais ou menos arbitrária. A condenação da mentira, por exemplo, é algo de universal e não podia deixar de ser assim, pois nenhuma sociedade que preservasse a mentira enquanto valor moral poderia sobreviver. O subjectivismo pode, pois, parecer atraente num primeiro momento, mas quando devidamente analisado revela a sua inconsistência.

Portanto, para o objectivismo, existem valores objectivos. O que significa que “quando uma pessoa ou uma sociedade condena ou aceita um dado juízo de valor, pode estar enganada” (Almeida, Murcho, 2014: 43). Mais uma vez, o grande desafio aqui é encontrar uma fundamentação sólida para sustentar, indubitavelmente, aquela perspectiva.

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References:

  • Almeida, Aires; Murcho, Desidério, Janelas Para a Filosofia, Lisboa, Gradiva, 2014.
  • Blackburn, Simon, Dicionário de Filosofia, Lisboa, Gradiva, 1997.
  • Rachels, James, Os Problemas da Filosofia, Lisboa, Gradiva, 2009.
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