Louis Althusser

Louis Althusser (1918-90) foi um filósofo marxista francês, sobremaneira conhecido pela sua reinterpretação estruturalista do marxismo por volta de 1960.

Louis Althusser (1918-90) foi um filósofo marxista francês, sobremaneira conhecido pela sua reinterpretação estruturalista do marxismo por volta de 1960. Sentiu-se de igual modo a sua importante influência intelectual em autores pós-estruturalistas como Michel Foucault, Jacques Lacan, e Jacques Derrida, figuras principais nos estudos sociais e literários produzidos na Europa e nos EUA durante a década de 70. As duas obras mais populares e também debatidas de Althusser, intitulam-se Lire le Capital (1965), e Pour Marx (1965).

É conhecida a crítica althusseriana às versões românticas do marxismo, que se tornaram proeminentes durante a década de 60. Mas o ataque focou-se também no dito “humanismo” marxista de figuras como Antonio Gramsci e movimentos como a Escola de Frankfurt, que interpretaram Marx como sendo o teórico por excelência da alienação produzida sob as condições de vida no sistema económico capitalista. Para Louis Althusser, este marxismo romântico destronava o cientismo de Marx: ainda que Marx se tenha concentrado, de facto, em tópicos como a alienação, aos olhos de Althusser, o Marx maduro tentou analisar cientificamente o modo de produção capitalista, assim como outras formas de organização social. Althusser classificou esta mudança intelectual como uma rutura epistemológica, posto que Marx avançou do romantismo para um maior rigor científico na obra-prima O Capital, onde examinou a estrutura económica do modo de produção capitalista, desenvolvendo um novo tipo de ciência que não só avalia o capitalismo, como também explica as próprias condições de desenvolvimento do sistema económico. Althusser dispensou o fascínio marxista com inúmeras ideias do filósofo Friedrich Engels, tal como a teoria do progresso dialético da história, e a noção de que o todo determina as partes. Estas ideias abstratas eram, para Althusser, cientificamente inúteis. Adicionalmente, ajuizou sobre o par dicotómico infraestrutura e superestrutura, revelando esse binómio como problemático, pelo que optou por substituí-los respetivamente por contradição e sobredeterminação: de acordo com Althusser, o capitalismo é um sistema inerentemente contraditório, uma vez que os trabalhadores lutam contra os capitalistas, e os interesses privados conflituam contra o interesse público. Mas a análise marxista deve ultrapassar a preocupação primária com a análise económica: na linguagem de Althusser, cada contradição é sobredeterminada, uma vez que existem um sem número de diferentes contradições políticas, ideológicas e económicas, que se influenciam entre si, ainda que cada um destes campos seja relativamente autónomo, isto é, com a sua própria dinâmica interna.

Uma das mais notáveis contribuições de Louis Althusser no marxismo é a teoria da ideologia. Para Althusser, a ideologia não é simplesmente uma interpretação confusa da vida social; ao invés, a ideologia produz e distorce a consciência individual. Não é nenhum acidente que Althusser se assemelhe neste aspeto com Freud, pois o primeiro também postula que a ideologia apresenta também texturas inconscientes, quer dizer, dimensões emotivas unidas à existência individual, tal como a esperança e o medo. Inspirando-se na noção de imaginário de Lacan, que consiste num mundo de espelhos e ilusões, organizado em torno de imagens e fantasias que temos de nós e relativamente a outros, Althusser argumenta que a ideologia opera também no imaginário, sendo o seu conteúdo e poder baseados nos pressupostos inconscientes, crenças e desejos. A análise de Althusser e o devido acolhimento das teorias de Freud, garantiram a influência de aquele além do campo confinado do marxismo: foi especialmente influente para o movimento pós-estruturalista, particularmente para figuras como Foucault e Derrida, ainda que estes pensadores nunca se tenham identificado como marxistas.

A vida de Althusser assumiu contornos trágicos após o filósofo ter estrangulado a mulher até à morte em 1980, sendo institucionalizado até 1983, e vivendo uma vida solitária até à sua morte em 1990.

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References:

Montag, W. (2003) Louis Althusser. Palgrave Macmillan, New York.

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