Gareth Evans (1946-1980) foi um ilustre filósofo da mente e da linguagem, que até à sua morte trágica em Oxford em 1980, foi titular do seminário sobre filosofia da mente na Universidade de Oxford. A investigação de Gareth Evans centrou-se fulcralmente em torno da compreensão da semântica, pelo que uma grande parte da literatura seminal por este produzida, incidiu sobretudo numa análise dos nomes próprios, dos indexicais, pronomes e demonstrativos. Respetivamente à abordagem empreendida, anote-se uma característica singela: a abordagem de Gareth Evans à semântica das expressões, apela em primeiro lugar às operações percetivas e cognitivas dos utilizadores de uma linguagem; ou seja, a análise do pensamento precede a análise da linguagem. Por este motivo exacto, Michael Dummet descreveu Evans como o primeiro filósofo da linguagem pós-analítico.
Semântica
Quanto aos demonstrativos e indexicais, Evans deu continuidade ao programa de Frege, reconhecendo a necessidade de um relato sobre o sentido destas expressões, adicionalmente à referência. De acordo com Evans, o sentido de uma expressão indexical ou demonstrativa é a compreensão, isto é, a forma à luz da qual um sujeito ouve a expressão e pensa sobre o objeto referido se compreender corretamente a expressão. Assim, para Evans, alguns estilos de expressões referenciais possuem um sentido na formulação de Frege, significando tal que um ouvinte sujeito a tal expressão, deve conseguir pensar de forma particular o referente.
Contudo, nem todas as expressões referenciais detêm esta característica. A teoria semântica de Evans respetiva aos nomes próprios, apresenta uma alternativa relativamente às teorias causais e descritivas que dominaram grande parte do século XX, uma vez que destaca que os nomes próprios não são caracterizados por uma qualidade que corresponda ao sentido formulado por Frege. Tal significa que a compreensão de uma asserção que emprega tal expressão (nome próprio), não exige do ouvinte um pensamento particular sobre o referente da expressão. Tal como as teorias causais, e contrariamente às teorias descritivas, no relato de Evans o conteúdo de qualquer informação associada ao nome não determina o referente do nome. Mas inversamente às teorias causas e descritivas, a teoria de Evans sustenta que o referente é o objeto causal da informação associada ao nome, seja esta informação precisa ou não.
Dado que os sujeitos que nomeiam alguma coisa ou alguém, tipicamente disponibilizam informação acerca desse objeto, a importância da circunstância em que acontece tal nomear é capital na teoria de Evans: no entanto, não se leia capital como sacra; a teoria de Evans é construída de modo a acomodar o facto de que por vezes a referência de um nome muda.
Informação e conteúdo não conceptual
Em Evans, a informação não consiste no que um sujeito acredita. Aliás, o filósofo sugeriu mesmo que a informação representa uma noção primitiva que não deve ser explicada em termos de crença, julgamento ou razões. Isto porque a informação percetual se encontra presente em criaturas que não pensam ou utilizam conceitos, pelo que o conteúdo representacional de tal estado percetual é uma espécie de conteúdo não concetual. Assim, uma criatura não precisa de aplicar ou possuir os conceitos que usamos para especificar o conteúdo desse estado: uma criatura não precisa de formular conceptualmente que um som vem de dada direção; o ser humano especifica o conteúdo dessa informação com conceitos como o de som ou direção.
Como é tantas vezes notado, variados tópicos receberam a contribuição seminal de Evans, e o volume destas contribuições, para ser compreendido, tem que ser lido a partir de uma perspetiva englobante do programa total proposto por Evans.
References:
Evans, Gareth (1996), Collected Papers, Oxford, Oxford University Press.