Empirismo, Francis Bacon

Francis Bacon (1561-1626) on engraving from the 1800s. English philosopher, statesman, lawyer, jurist, author and scientist. Engraved by J.Pofselwhite from a picture by J.Houbraken in 1738 and published in London by Charles Knight & Co, Ludgate Street.

Francis Bacon (1561-1626) 

O empirismo constituiu-se a partir do século XVI – juntamente com o racionalismo – como uma das principais corretes formadoras do pensamento moderno. Francis Bacon (XVI), aposta na emergente ciência do seu tempo, dizendo que o homem poderá “prever para prover”. Ele vivencia as primeiras conquistas da ciência e isso o entusiasma pela capacidade humana dominadora em relação à natureza. Seu interesse está associado a teorias e especulações e volta-se para a ação, já que sua grande preocupação está no progresso das ciências, visto que suas invenções úteis produzem o bem-estar ao ser-humano.

Bacon foi um dos pioneiros a tentar pensar a partir do real. Fazendo um retorno ao mesmo, criou um novo método fundado na inovação e não mais no silogismo aristotélico para, desse modo, chegar a experiência. Assim projetou uma História Natural e Experimental com o intuito de uni-las em uma única história, em outras palavras, organizou ele, a descrição tradicional da natureza e uma história do domínio do homem sobre ela.

A partir dos estudos de Bacon, a epistemologia moderna teve uma reflexão no aspecto da pesquisa científica no interior de uma história e de um tempo humano. Para ele, o conhecimento científico deveria estar sempre voltado para o bem da Humanidade. O homem, diz ele, tem todo direito de fazer uma ciência natural, o que não lhe é permitido é fazer uma ciência do Bem e do Mal. Por isso deve ser movido pelo espírito de caridade, onde se encerra o objetivo do saber e o acompanhamento necessário para o exercício do poder sobre as coisas da Natureza.

            Segundo Francis Bacon, as filosofias tradicionais, mais especificamente as produzidas no período da escolástica, não foram capazes em tantos séculos, de tornarem-se mais ricas de uma invenção e por isso havia a exigência de uma reforma. Ele considerava tais conhecimentos como dogmáticos, tradicionalistas, formalistas, repetitivos e principalmente, voltados para discussões estéreis e contrários a qualquer inovação. Por isso, propôs uma reforma social, que tratasse de colocar a ciência como um empreendimento coletivo, já que é um trabalho a ser realizado para a utilidade do homem e de seu poder. Entretanto, este trabalho só se realizará quando percebermos que precisamos encontrar um meio de colocar a Natureza a serviço da verdade.

Bacon acreditava que o poder humano estava em descobrir naturezas novas e o fim da ciência humana estaria em tirar de uma natureza já dada, a invenção de uma forma ou a natureza naturante ou a fonte de emanação de tudo.  No entanto, para dominar a Natureza, precisa o homem antes conhecer suas leis e isso pode ocorrer pela substituição de procedimentos artificiais de exposição que delimitam as ciências, por métodos comprovados de pesquisa. É com esse propósito que ele apresenta seu método: experimental e indutivo. Ele realiza-se mais exatamente partindo de fatos, formas ou essências que constituem e definem a coisa mesma.

A indução baconiana é basicamente, um procedimento de análise e de eliminação, destinada a obter a natureza da qual procuramos a forma. Este procedimento, que vai das experiências as sentenças, deve sempre ser precedido por um outro, indo assim de uma experiência a outra. De maneira geral, o conhecimento indutivo para Bacon, vai partir sempre da experiência, importando, antes de qualquer coisa, multiplicá-las e diversificá-las dando ao pesquisador uma espécie de “faro” que vai levá-lo a cada momento a um fato novo.

Em sua crítica ao conhecimento do passado, ele ainda diz que os empiristas se assemelham às formigas, já que coletam dados sem ordem e sem escolha, dos quais não tiram nenhum proveito. Os Racionalistas, por outro lado, se assemelham às aranhas, pois tecem suas teias aparentemente perfeitas, mas não possuem nenhuma solidez. O único modelo que está disposto para o verdadeiro sábio, é o das abelhas, no sentido em que estas extraem o suco das flores em todos os lugares e em seguida, o digerem para transformá-lo em mel. Assim, para Bacon a única possibilidade de um progresso no conhecimento está em uma indução verdadeira, realmente probante e suscetível de provar que, uma vez suprimido a causa, cessa o efeito. Para tanto, toda pesquisa experimental deve estar calcada em três fatores: 1. a acumulação dos fatos, que consiste em recolher todos os fatos dispostos, especificando suas observações dentro da exploração da Natureza;

2. classificação dos fatos, onde deve-se fazer uma repartição dos fatos, partindo de listas metódicas, nos quais são transcritos os resultados das experiências tendendo a estabelecer a causa de determinado fenômeno;

3. determinação da causa, que consiste na extração de uma interpretação das experiências já observadas.

Nesse último fator poderemos encontrar a causa dos fenômenos estudados e posteriormente suas leis. Esse momento se realizaria em dois pontos cruciais: pela comparação das listas metódicas (tábuas), onde se poderá analisar os fenômenos antecedentes e ao mesmo tempo precedentes que permitirão uma interpretação hipotética; em seguida, partindo para uma verificação desta hipótese, de forma a experimentá-la mais uma vez para que assim, ela seja instaurada definitivamente ou abandonada imediatamente.

O método baconiano torna-se (se praticado), altamente trabalhoso e seguro. Já que se fundamenta primeiramente, na observação minuciosa dos fenômenos individuais, passando depois a prudentes hipóteses e chega posteriormente a experimentação. Bacon buscar apresentar um caminho seguro pela Natureza, tanto quanto conquistá-la, submetê-la e abalá-la desde sua base. Permitindo assim que a partir do seu método, a natureza esteja a disposição daqueles que a ela desejam conhecer.

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References:

BACON, F. Novum Organum. São Paulo: Abril Cultural. 1973.

__________ Nova Atlântida. São Paulo: Abril Cultural. 1973.

JAPIASSÚ, H. Francis Bacon O profeta da ciência moderna. São Paulo: Letras&Letras. 1995.

_____________ e MARCONDES, D. Dicionário Básico de Filosofia. Rio de Janeiro: Jorge Zahar. 1996.

 

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