O empirismo é uma doutrina ou corrente do conhecimento que afirma ser todo conhecimento humano proveniente das experiências sensíveis e não da razão. A teoria do conhecimento, como parte da Filosofia, assume na modernidade uma importância fundamental. Isso ocorre por causa dos enganos do pensamento científico de Aristóteles. A revolução científica que se iniciou no século XVII determinou a quebra do modelo de inteligibilidade apresentado pelo aristotelismo o que provocou além de um receio de novos equívocos o surgimento de novas questões. Uma dessas questões é quanto à fonte das ideias: qual é a origem do pensamento? Nesse contexto aparece duas correntes principais que se desenvolvem: o racionalismo e o empirismo.
Segundo o empirismo (de empeiría, experiência em grego), tudo o que nós conhecemos, mesmo os pensamentos abstratos, ideais e teorias, somente podem ser construídos a partir de nossas impressões sensíveis. Para os empiristas, de modo geral, a mente humana, no momento do nascimento, é uma tela em branco, e apenas após os sentidos começarem a nos transmitir informações sobre o mundo exterior, é que podemos formar ideias. O empirismo, principalmente em John Locke e David Hume, demonstra que as ideias decorrem de uma lembrança enfraquecida das experiências vividas, portanto, não podem ser inatas nos seres humanos. Leibniz também reforça isso ao afirmar que “nada se encontra no espírito que não tenha, antes, estado nos sentidos”.
Na Antiguidade, podemos encontrar uma leitura empirista já no pensamento dos sofistas, dos estóicos e epicuristas. Entretanto as características fundamentais do empirismo se diferenciam em certos pontos ao longo da história. De maneira geral, essa corrente se caracteriza por dois pontos, segundo Abbagnano: “negação do caráter absoluto da verdade ou, ao menos, da verdade acessível ao homem; reconhecimento de que toda verdade pode e deve ser posta à prova, logo eventualmente modificada, corrigida ou abandonada. Portanto, o empirismo não se opõe a razão ou não a nega, a não ser quando a razão pretende estabelecer verdades necessárias que valham como absoluto, de tal forma que seria inútil ou contraditório submetê-las a prova.”
Podemos nos referir ao conhecimento empírico através da expressão a posteriori, já que para os empiristas todo conhecimento só existe “depois” da experiência sensível. Para o empirista, o modelo de conhecimento está nas ciências naturais em geral, e em especial na física, onde a observação e a experiência é que determinam o que é aceito como verdadeiro e científico. Diferentemente, o racionalismo pode ser representado pela expressão a priori. Para os racionalistas, o conhecimento já existe “antes” de toda e qualquer experiência sensível. O modelo de conhecimento do racionalista é a geometria, onde tudo é deduzido a partir de axiomas, numa independência da experiência sensível.
Empirismo e racionalismo são, portanto, formas que se excluem mutuamente e, segundo alguns pensadores, não conseguem explicar adequadamente a origem do conhecimento humano. No século XVIII Kant tentará superar essa problemática com o seu criticismo.
References:
ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de Filosofia. 1° ed. brasileira coordenada e revista por Alfredo Bosi; revisão da tradução e tradução de novos textos Ivone Castilho Beneditti – 6°ed. São Paulo: Editora WMF Martins Fontes, 2012.
ARANHA, Maria Lúcia de Arruda e MARTINS, Maria Helena Pires. Filosofando. 4° Ed. São Paulo: Moderna, 2009.
JAPIASSÚ, Hilton e MARCONDES, Danilo. Dicionário básico de Filosofia. 3ºed. Rio de janeiro: Jorge Zahar Ed., 1996.