A noção moral de “ataraxia” (do grego antigo Ἀταραξία) significa “ausência de inquietação”, “serenidade de espírito”, ou “imperturbabilidade”. Embora tenha sido Demócrito (c. 460-370 a.C.), um dos filósofos pré-socráticos, o primeiro a utilizar o termo para designar “o melhor estado de espírito resultante de um conhecimento adequado que liberta de temores”, foram os epicuristas, os estoicos e os céticos que o colocaram no centro das suas doutrinas filosóficas e o desenvolveram.
Segundo Epicuro (341-270 a.C.), a felicidade obtém-se através da ataraxia e mediante a ausência de determinados sentimentos, como pena, tristeza, medo, ou mesmo paixão e também pela necessidade de moderação e autodisciplina para, assim, não se ceder aos impulsos dos instintos. Neste sentido, promove a felicidade e o equilíbrio permanente na alma e no corpo.
Para os estoicos, a noção de “ataraxia” está muito próxima da noção de “apatia”, pois ambas caracterizam estados anímicos que contribuem para atingir o expoente máximo da felicidade através da moderação dos desejos e pela apreciação exata das coisas e das situações do dia-a-dia.
Já para Pirro de Élis (c. 360-270 a.C.), um dos fundadores do ceticismo, a ataraxia passa pelo Epoché, ou seja, o culminar da suspensão do juízo e, só praticando esta, é que se pode alcançar a ataraxia.
Apesar das ligeiras diferenças com que cada uma das três correntes filosóficas caracteriza o termo “ataraxia”, a sua noção funda-se nos mesmos supostos, a saber:
- na divisão, sobretudo elaborada pelos estoicos, entre aquilo que está no nosso poder e aquilo que nos é exterior;
- na confiança de que o homem como ser racional (ou, pelo menos, os filósofos como homens iminentemente racionais, ou Sábios) é capaz de eliminar e abstrair-se de qualquer tipo de perturbação e atingir a máxima felicidade;
- na ideia de que a tranquilidade é, moralmente, melhor do que a experiência.
References:
https://plato.stanford.edu/entries/epicurus/https://www.infopedia.pt/$ataraxia-%28filosofia%29
