Etimologicamente, a priori significa “ a partir do que vem”, sendo a expressão de origem latina.
Em filosofia, de modo geral, considera-se o conhecimento a priori como sendo aquele que ocorre independentemente da experiência. “Na tradição filosófica (…) é o tipo de conhecimento que geralmente se associa à verdade e à necessidade” (Marques, 2001; 59). Naturalmente, o problema que se coloca de imediato é o de saber se tal conhecimento, absolutamente independente da experiência, é possível. O empirismo nega-o, daí que o conhecimento a priori seja especialmente associado ao racionalismo e a determinadas áreas, nomeadamente a lógica e a matemática, nas quais a experiência poderia ser dispensável.
Apesar de já ser usado anteriormente, em especial na filosofia medieval, o conceito é introduzido de forma sistemática por Kant. “Na Crítica da Razão Pura (1781) quer mostrar que as regras formais da lógica não são as únicas a serem conhecidas a priori. O conhecimento que temos do mundo baseia-se igualmente sobre os elementos ‘puros’ a priori: sobre as formas a priori da sensibilidade (o espaço e o tempo), nas quais os objectos nos são dados; e sobre os conceitos a priori do entendimento, graças aos quais os objectos são pensados e a experiência é organizada” (Clément, 1997;29). Nesse sentido, a filosofia kantiana é uma superação da dicotomia entre racionalismo e empirismo, o que de certo modo se exprime na asserção segundo a qual “pensamentos sem intuições são vazios; intuições sem conceitos são cegas”.
O conceito de a priori opor-se-ia, tradicionalmente, ao de a posteriori, remetendo este para o conhecimento de cariz experiencial.
References:
- Blackburn, Simon, Dicionário de Filosofia, Lisboa, Gradiva, 1997.
- Clément, Élisabeth; Demonque, Chantal; Hansen-Lowe, Laurence; Kahn, Pierre, Dicionário Prático de Filosofia, Lisboa, Terramar, 1997.
- Marques, António, a priori in Branquinho, João; Murcho, Desidério (org.), Enciclopédia de Termos Lógico-Filosóficos, Lisboa, Gradiva, 2001.