Ecofeminismo

O ecofeminismo refere-se à teorização e ativismo feminista que incorpora nesse conjunto instrumental a preocupação ecológica, sublinhando a inter-relação e interdependência entre meio e ser. Originalmente cunhado por Françoise d’Eaubonne, este movimento tem como cerne da sua crítica o desmantelamento das hierarquias, nomeadamente a presunção principal de que o desígnio do ser humano é exercer controlo sobre todas as formas de vida, sendo tal encargo a responsabilidade do homem, que dominando o seu meio, reflete esse mesmo domínio na forma como submete a mulher. Esta tese vai de encontro ao argumento de Noel Sturgeon, segundo o qual as ecofeministas associam as ideologias dominantes nas hierarquias sociais, digam estas respeito à classe social, ao género, orientação sexual ou raça, de modo a extrapolarem um padrão.

Nos Estados Unidos da América o ecofeminismo emergiu das comunidades femininas, que abrangem o espiritualismo, a saúde e o ambiente, assim como várias correntes que advogam a paz e a desmilitarização. O evento que se entendeu como impulsionador oficial deste movimento foi a conferência “Women and Life on Earth: Ecofeminism in the 1980s”, organizada por Ynestra King, Anna Gyorgy, Grace Paley entre outras ativistas.

Ao contrário das muitas vagas feministas disseminadas, o ecofeminismo não é um fenómeno exclusivo do hemisfério norte, pois estende-se também para sul, onde os vários feminismos fazem frente à degradação ambiental que não é senão uma das consequências das políticas económicas e internacionais que favorecem o Norte. Deste modo, a amplitude global do ecofeminismo assegura ao movimento uma riqueza cultural e étnica, diferentes inclinações políticas, e também inúmeros estilos e retóricas, que se articulam nas estratégias ativistas.

Dada a sua influência nas últimas quatro décadas, o ecofeminismo tem sido alvo de críticas, entre as quais, a mais comum é a acusação de essencialismo quanto à questão do género, isto é, a pressuposição de que o homem e a mulher são universalmente diferentes, e que essa diferença possui ramificações sociais e psicológicas. Apesar de algumas ecofeministas assumirem esta narrativa, outras duvidam quanto à universalidade dessas particularidades atribuídas a cada sexo, tal como a mulher ter uma maior propensão para se preocupar mais com o meio ambiente em analogia à sua maternalidade “natural”.

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References:

Sturgeon, Noel. (1997), Ecofeminist Natures: Race, Gender,
Feminist Theory and Political Action, New York, Routledge.

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