Apresentação da Tiroide
A tiroide, que é o maior órgão endócrino, está localizada na região cervical anterior à laringe e é constituída por dois lóbulos separados por um istmo. Os folículos tiroidianos são compostos por células foliculares e parafoliculares, que produzem as hormonas tiroideias. A tiroide é a única glândula endócrina que acumula os seus produtos em quantidades consideráveis, a nível extracelular e num meio altamente proteico, denominado por coloide da tiroide, que se encontra rodeado por células foliculares. A tiroide é também a única glândula que facilmente é visualizada e palpável num exame médico de rotina. Para a síntese de hormonas da tiroide funcionais é necessário o elemento essencial iodo
A síntese e a acumulação das hormonas tiroideias ocorrem em 4 etapas: síntese da tiroglobulina pelas células foliculares; captação de iodeto, que circula no plasma, pelas células foliculares, que possuem cotransportadores especializados de sódio e iodo; oxidação do iodeto pelo peróxido de hidrogénio; iodação das moléculas de tirosina presentes na tiroglobulina, sendo produzidos os precursores da tetraiodotironina ou tiroxina (T4) e da triiodotironina (T3). A T4 é produzida em maiores quantidades em relação à T3, apesar desta última ter um mecanismo de ação mais rápido e mais eficaz.
A tiroglobulina iodada é armazenada e posteriormente será endocitada e fundida com lisossomas. É nessas estruturas que ocorre a divisão da tiroglobulina iodada nas várias hormonas tiroideias, que passam a estar ativas e que podem ser libertadas na corrente sanguínea.
As hormonas tiroideias são lipofílicas e facilmente se difundem através das membranas celulares. De modo a que permaneçam armazenadas, elas existem como resíduos de tiroglobulina até estarem prontas a ser libertadas na corrente sanguínea. Como as hormonas da tiroide necessitam de iodo para a sua biossíntese, é necessário que esse elemento faça parte da dieta do indivíduo.
As células foliculares produzem T4 e T3 a uma taxa metabólica basal. Estas hormonas estão envolvidas no metabolismo de proteínas, hidratos de carbono e lípidos, assim como no crescimento e no desenvolvimento do sistema nervoso ainda durante o desenvolvimento fetal. As células parafoliculares produzem calcitonina, que diminui os níveis de cálcio no sangue (inibe a reabsorção óssea e a reabsorção renal). A produção de calcitonina é despoletada por níveis elevados de cálcio no plasma.
A síntese das hormonas tiroideias é controlada pela tireotropina (TSH), que é produzida pela hipófise. A TSH estimula a captação de iodeto e a produção e libertação das hormonas tiroideias. Tanto a T4 como a T3, ao circularem pela corrente sanguínea exercem um feedback sobre a hipófise, controlando a produção da TSH, que também é influenciada pela temperatura exterior ao organismo e pelo stress. O iodo também influencia a produção das hormonas tiroideias, inibindo-a quando presente em elevadas concentrações.
Paratiroide
A paratiroide está geralmente localizada nos polos superior e inferior da face posterior da tiroide e é constituída por 4 pequenas glândulas. Possui dois tipos de células: as células principais (presentes em maior número, mas têm menor tamanho, são responsáveis pela produção da hormona paratiroideia) e as células oxífilas (são maiores que as células principais e ainda não é conhecida a sua função).
A hormona paratiroideia (ou paratormona) está envolvida na regulação dos níveis de cálcio no organismo. Os seus recetores estão presentes nos osteoblastos, que respondem à hormona paratiroideia estimulando os osteoclatos a aumentarem de número e a promoverem a reabsorção da matriz óssea calcificada, libertando cálcio para a corrente sanguínea. Níveis elevados de cálcio no sangue levam à diminuição da síntese da hormona paratiroideia. Para além da sua ação nos osteoblastos, esta hormona leva à diminuição da reabsorção de fosfato e o aumento da excreção de urina pelos túbulos renais. A calcitonina produzida pela tiroide também desempenha um papel importante na regulação dos níveis de cálcio, na medida em que atua sobre os osteoclastos, fazendo diminuir a reabsorção da matriz óssea e, consequentemente, dos níveis de cálcio no sangue, promovendo a osteogénese.
Referências Bibliográficas
Junqueira, L. C., & Carneiro, J. (2008). Glândulas Endócrinas. Histologia Básica: texto|atlas (11ª ed., pp. 389-413). Rio de Janeiro, Brasil: Guanabara Koogan.