Conceito de Pré-Eclampsia
Conceito:
A pré-eclampsia constitui uma das alterações induzidas pelo estado gravídico. Normalmente, desenvolve-se após a 20ª semana de gestação numa mulher que anteriormente era normotensa. Trata-se de uma doença multissistémica vasoespástica, caracterizada por hemoconcentração, hipertensão e proteinúria, sendo a hipertensão o sintoma mais significativo. A hipertensão é definida como a elevação das pressões sistólicas ou diastólicas para valores iguais ou superiores a 149/90 mmHg. É de notar que a pressão arterial deve permanecer elevada em pelo menos dois momentos com o espaçamento de 6 horas.
Fatores de risco:
A sua etiologia não é conhecida, porém existem alguns fatores de risco que predispõem a mulher à ocorrência desta patologia, sendo estes:
- Nulíparas;
- Extremos de idade fértil (< 18 ou >35);
- Peso (< 40 ou obesidade);
- Doença renal;
- Diabetes mellitus;
- Doença vascular;
- Hipertensão arterial pré-existente;
- Pré-eclampsia em gestação anterior;
- Gestação múltipla;
- Feto macrossómico;
- Hidrâmnios;
- Hidrópsia fetal;
- Mola hidatiforme.
Sinais e sintomas:
O processo fisiopatológico da pré-eclampsia é caracterizado por vasoespasmo, hipertensão arterial e graus variáveis de compromisso da perfusão de múltiplos órgãos maternos (sistema renal, sistema hepático, sistema nervoso central, sistema hematológico, sistema pulmonar) e também a nível fetal (útero, placenta e feto).
Geralmente, no decorrer da pré-eclampsia os sinais surgem antes do aparecimento dos sintomas. Pode-se considerar que a hipertensão arterial, o edema e a proteinúria são considerados sinais major da pré-eclampsia. Como já foi referido, a hipertensão arterial é o sinal mais significativo e com base nos seus valores é possível avaliar a gravidade da patologia, classificando a pré-eclampsia em moderada ou grave. O edema não tem necessariamente que estar presente.
Outros sinais e sintomas passam por cefaleias, perturbações da visão, epigastralgias e ou dor no hipocôndrio direito, náuseas e vómitos, oligúria/anúria, hiper-reflexia e convulsões. De notar que quando surgem convulsões este quadro passa a designar-se de eclampsia, estas podem ocorrer em qualquer altura da gravidez, durante o parto ou nas primeiras 72 horas pós-parto.
A única cura para a pré-eclampsia é o terminus da gravidez, contudo para um tratamento mais eficaz é importante a deteção precoce de pré-eclampsia instituindo medidas que visem a redução dos efeitos secundários na grávida e no feto. Pode recorrer-se ao uso de determinados medicamentos como anti-hipertensores.
Atuação do enfermeiro:
A atuação do enfermeiro é fundamental no diagnóstico e tratamento desta patologia. Inicia-se na fase pré-natal com a deteção das grávidas em risco de desenvolver pré-eclampsia e com a deteção precoce de sinais e sintomas desta doença. Se estivermos perante uma grávida de risco é especialmente importante o registo do peso da gestante, verificação da tensão arterial e pesquisa de proteinúria.
É também da competência do enfermeiro transmitir à gestante e família quais os sinais e sintomas da patologia e que, caso surjam, deverão ser comunicados ao médico/enfermeiro, estimulando o auto-cuidado. O enfermeiro deve, ainda, prestar apoio emocional, explicar a importância do repouso no leito, de uma alimentação correta e deve explicar à grávida como avaliar o bem-estar fetal.
Os cuidados durante o parto centram-se na avaliação contínua do bem-estar materno e fetal e no pós-parto os cuidados à puérpera não são diferentes dos cuidados prestados às outras puérperas, no entanto, existirão alguns cuidados mais específicos. Geralmente os sintomas de pré-eclampsia resolvem-se 48 a 72 horas após o parto, contudo o enfermeiro deve manter uma certa atenção à puérpera.