Apresentação da Doença de Parkinson
A Doença de Parkinson, primeiramente descrita por James Parkinson em 1817, é uma doença neurodegenerativa associada à idade, levando a uma perturbação dos movimentos corporais incluindo tremores, lentidão nos movimentos, rigidez e instabilidade postural (Peng et al., 2005; Whitton, 2007). Esta doença é hoje em dia reconhecida como a segunda doença neurodegenerativa mais comum, apenas precedida pela Doença de Alzheimer.
Estima-se que a prevalência da Doença de Parkinson corresponda a aproximadamente 1% da população entre os 65-70 aos de idade, aumentando para 4-5% nos idosos acima dos 85 anos de idade. Estudos epidemiológicos e análises patológicas, no caso do aparecimento desta doença associada à idade, demostram que a idade média do seu início é por volta dos 70 anos. Contudo, o aparecimento desta doença pode também ser hereditária, ou seja, associado a mutações genéticas (forma familiar da Doença de Parkinson), sendo que nestes casos a doença de manifesta por volta dos 50 anos de idade.
A nível molecular, esta doença é caracterizada pela perda progressiva dos neurónios dopaminérgicos numa zona do cérebro, na substância nigra pars compacta (SNpc), resultando numa redução das concentrações de dopamina (DA) noutra zona específica do cérebro onde este neurotransmissor é libertado chamada estriado.
Tem-se referido a presença de inflamação severa, conhecida como neuroinflamação, como um dos principais fatores envolvidos na evolução da Doença de Parkinson. Adicionalmente, muitos estudos (Zhang et al., 2004; Zbarsky et al., 2005; Liu et al., 2003; Peng et al., 2005) demonstraram que a inibição da reação inflamatória atenua a degeneração dos neurónios dopaminérgicos em vários modelos animais desta doença. A inflamação cerebral é caracterizada pela ativação de células presentes no cérebro, a microglia e astrócitos sendo que, a microglia, normalmente, responde mais rápido que os astrócitos. A microglia corresponde às células imunitárias do sistema nervoso, apresenta um papel de vigilante imunitário sob condições normais. Sob condições patológicas, a microglia produz uma variedade de factores antioxidantes que são prejudiciais para os neurónios. De facto, estudos realizados em trabalhadores de hospitais indicam que a incidência na doença de Parkinson em pessoas que tomam regularmente drogas anti-inflamatórias é 46 % mais baixa que nos pacientes que não as tomam. A nível terapêutico, estas conclusões aumentam a possibilidade de que uma intervenção no início do desenvolvimento desta doença com drogas anti-inflamatórias possa ser neuroprotetora e impedir ou prevenir a progressão desta doença. Além disso, a inflamação do sistema nervoso central (SNC) é normalmente acompanhada pela secreção de fatores neuroprotetores derivados de microglia que agem de modo a limitar os danos do tecido e promover a sua reparação.