António Caetano de Abreu Freire Egas Moniz refere-se a um médico neurologista Português do Século XX. Nasceu em Avanca, concelho de Estarreja em 29 de Novembro de 1874. Além da medicina é famoso
também por ser um investigador, professor, escritor e politíco. É filho de Fernando Pina Resende Abreu e de Maria do Rosário de Almeida de Sousa Abreu.
Contudo, o seu pai não acompanhou o seu crescimento visto que quando Egas Moniz era criança o seu pai emigrou para a Beira (Moçambique), devido a dificuldades financeiras. Além disso alguns dos bens da sua família foram colocados à venda em hasta pública. Deste modo quem o apoiou nos seus estudos foi o seu tio Caetano de Pina Resende Abreu de Sá Freire, que era abade. Foi este tio que insistiu que Egas Moniz fosse adicionado ao seu sobrenome, visto que a família Resende descende do aio de Dom Afonso Henriques, Egas Moniz. O seu pai, faleceu em 1891, quando Egas Moniz fixou-se em Coimbra. Depois, durante o seu curso viria a perder outros familiares, em 1895 o seu irmão, e em 1898 a sua mãe e o seu tio.
Após a Escola Primária, que frequentou em Pardilhó na sua Terra Natal, Egas Moniz fez o seu ensino suplementar no Colégio de São Fiel dos jesuítas, em Castelo Branco e o último ano do ensino secundário no Liceu de Viseu. Após o que, entrou na Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra, após uma preparação de uns quatro anos (1891-1894). Ainda antes do término do curso, começa a manifestar as primeiras crises de reumatismo gotoso, uma patologia que o acompanha durante o resto da sua vida. Após o término do curso em 1899 doutorou-se em Medicina em 14 de Julho de 1902, com 27 anos de idade. A partir de 1902 é professor, primeiro como substituto, e depois como catedrático na Universidade de Coimbra nas disciplinas de Anatomia, Fisiologia e Histologia e posteriormente Patologia Geral. Antes, em 1901, casou-se com Elvira Macedo Dias, a sua esposa, natural do Rio de Janeiro.
É em Coimbra que começa a desenvolver gosto pela área da Neurologia, área que até então estava pouco desenvolvida no mundo inteiro. É graças aos ensinamentos do seu Mestre Augusto Rocha que cultiva o gosto pela área. Augusto rocha é dos poucos investigadores que na época fazia investigação.
Em 1911 é transferido para Lisboa, para a Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa (FMUL), onde ficou responsável pela cadeira de Clínica Neurológica. Nesta época abriu um consultório em Lisboa e começa a fazer visitas regulares a outros países para o desenvolvimento da sua técnica e do seu conhecidmento.
Em 1922 foi nomeado diretor do Hospital Escolar de Lisboa e em 1923 tornou-se sócio efetivo da Academia das Ciências de Lisboa, que veio a presidir primeiro em 1928. Depois, foi diretor da FMUL entre os anos de 1929 e 1931.
Entre as suas viagens desenvolveu os seus conhecimentos em Neurologia com Raymond, Pierre Marie, Degérine e Babinski. Também, trabalhou com conceituados psiquiatras tais como Régis.
Era um excelente professor visto que mantinha o espírito critíco e realista, a clareza e o desassombro (de onde veio também a sua faceta politíca explorada mais à frente). Foi na FLUL que se dedicou a trabalhos de pesquisa de Angiografia Cerebral e da Leucotomia Pré-Frontal. Foi por causa do seu trabalho nesta área que entra na Academia das Ciências de Lisboa, além de outras Academias conceituadas como Paris, Madrid, Rio de Janeiro, Estrasburgo, Buenos Aires, Nova Yor.
Uma declaração interessante de Egas Moniz é reproduzida em seguida, com relação à investigação:
“Quando em Junho de 1927, consegui ver pela primeira vez ao raio x as artérias do cérebro, através dos ossos espessos do crânio, tive um dos maiores deslumbramentos da minha vida”.
Para o tratamento da esquizofrenia e de psicoses Egas Moniz desenvolveu o “Leucótomo” (cirurgia onde era cortada a substância branca dos hemisférios cerebrais para o tratamento da ansiedade. Em Portugal, pouco tempo depois este tratamento foi proscrito, mas foi realizado noutros países, e deixou de ser praticada no final dos anos 60.
Foi nomeado ao prémio Nobel da Medicina cinco vezes, 1928, 1933, 1937, 1944 e 1949. Ganhou apenas uma vez em 1949.
Em 1939, em 14 de Março desse ano, aos 65 anos Egas Moniz sofreu um atentado no seu consultório, na Rua do Alecrim em Lisboa, por parte de um doente. Foi alvejado com oito tiros, dos quais cinco o atingiram. Ter sobrevivido permitiu que posteriormente, em 1944 jubilasse, em 3 de Setembro de 1945 recebesse o prémio de Oslo, e em 27 de Outubro de 1949 o prémio Nobel da Medicina e Fisiologia partilhado com Walter Rudolph Hess.
Carreira Politíca e de Escritor
Egas Moniz era um notável Orador e Conferencionista, além de Escritor, de estilo simples e Politíco. A sua carreira como Politíco começa ainda como estudante. Era um defensor ativo da liberdade de expressão e pensamento chegando inclusive a ser preso em 1908 por envolvimento no golpe de estado contra a ditadura de João Franco. Entre 1903 e 1917 foi deputado em várias legislaturas, e em 1910 fez a sua iniciação na maçonaria, na Loja Simpatia e União em Lisboa. Em 1917 fundou o Partido Centrista que tinha o objetivo de unir monárquicos de corrente progressita e republicanos que se afastavam do Partido Evolucionista. Defendi que o capital e o trabalho deviam estar unidos e queria que se aplicassem medidas de proteção das classes trabalhadoras. Liderou a corrente parlamentista do Partido Nacional Republicano e foi nomeado em 1917 Ministro de Portugal em Madrid, e em 1918 Ministro dos Negócios Estrangeiros do governo de Sidónio Pais. Em 1919, decidiu abandonar a política ativa.
Obra Bibliográfica
- Alterações anátomo-patológicas na difteria, Coimbra, 1900.
- A vida sexual (fisiologia e patologia), 19 edições, Coimbra, 1901.
- A neurologia na guerra, Lisboa, 1917.
- Um ano de política, Lisboa, 1920.
- Júlio Diniz e a sua obra, 6 edições, Lisboa, 1924.
- O Padre Faria na história do hipnotismo, Lisboa, 1925.
- Diagnostic des tumeurs cérébrales et épreuve de l’encéphalographie artérielle, Paris, 1931.
- L’angiographie cérébrale, ses applications et résultats en anatomic, physiologie te clinique, Paris, 1934.
- Tentatives opératoires dans le traitement de certaines psychoses, Paris, 1936.
- La leucotomie préfrontale. Traitement chirurgical de certaines psychoses, Turim, 1937.
- Clinica dell’angiografia cerebrale, Turim, 1938.
- Die cerebrale Arteriographie und Phlebographie, Berlin, 1940.
- Ao lado da medicina, Lisboa, 1940.
- Trombosis y otras obstrucciones de las carótidas, Barcelona, 1941.
- História das cartas de jogar, Lisboa, 1942.
- Como cheguei a realizar a leucotomia pré-frontal, Lisboa, 1948.
- Die präfrontale Leukotomie, Archiv für Psychiatrie und Nervenkrankheiten, 1949.
Principais contributos
- Angiografia cerebral
- Leucotomia pré-frontal
Viria a falecer em Lisboa, em 13 de Dezembro de 1955 aos 81 anos.