A doença de criadores de pombos é uma doença pulmonar sazonal causada pela inalação repetida de um antigénio específico presente nas fezes de pombos, que induz uma hipersensibilidade nas vias aéreas num individuo previamente sensibilizado e suscetível. A resposta imunológica do indivíduo a este antigénio envolve uma reação inflamatória ao nível dos bronquíolos periféricos, estendendo-se perifericamente aos alvéolos adjacentes. A regeneração dos tecidos lesados pode, deste modo, formar fibrose no interstício pulmonar, causando danos irreversíveis nos pulmões.
A apresentação clínica é heterogénea, sendo que esta patologia pode apresentar-se sob as formas aguda, subaguda ou crónica, dependendo da quantidade, duração da exposição, natureza do antígeno e da reposta imunológica do indivíduo. Deste modo, os indivíduos expostos a níveis baixos de antígenos de fezes de pombos durante longos períodos desenvolvem formas subagudas ou crónicas da doença.
De modo a evitar o desenvolvimento da forma crónica da doença, é imprescindível a determinação precoce do seu diagnóstico. Este deve ser realizado tendo em conta a história de exposição, dados clínicos, achados radiológicos, função pulmonar, para a identificação do seu agente etiológico, pois com o afastamento do antigénio o prognóstico tende a ser favorável na fase aguda e subaguda. Contudo, na fase crónica a patologia pode conduzir ao desenvolvimento de fibrose intersticial e, consequentemente, a insuficiência respiratória, favorecendo o desenvolvimento de uma doença intersticial crónica.
A sintomatologia da doença dos criadores de pombos é, caracteristicamente, dispneia progressiva, tosse, sibilâncias à auscultação pulmonar e infiltrado intersticial, que são sintomas frequentemente presentes noutras doenças intersticiais crónicas.
A incidência e prevalência das patologias respiratórias crónicas provocadas por hipersensibilidade são difíceis de serem estimadas na população em geral e variam consideravelmente entre aspetos geográficos, condições atmosféricas, hábitos locais, exposição ocupacional e fatores de risco do hospedeiro.
A fisioterapia em condições crónicas restritivas deve ser considerada com o objetivo de atenuar os sintomas e otimizar a capacidade funcional dos indivíduos.
Considerando as sequelas irreversíveis que fazem parte do quadro clínico desta patologia respiratória torna-se, muitas vezes, necessário recorrer a um transplante pulmonar. Os principais objetivos do transplante pulmonar são restaurar a função e a capacidade pulmonar, prolongar a vida dos pacientes e limitar a morbidade da doença. No caso específico da doença dos pombos, que é uma doença predominantemente restritiva, o transplante pulmonar unilateral é a modalidade de transplante mais indicada. O transplante pulmonar deve ser considerado em todos os pacientes com doença pulmonar crónica de caráter progressivo, sem resposta satisfatória a opções terapêuticas existentes.