Conceito de Contraceção
É a prevenção voluntária de uma possível gravidez, através de métodos contracetivos, um conjunto de processos que impedirá ou a fecundação ou a nidação. Estes métodos podem ser naturais ou não naturais, sendo que os últimos são mais falíveis.
Os métodos naturais consistem na abstinência periódica de relações sexuais tendo por base o conhecimento da data de ovulação e da sobrevivência limitada dos gâmetas femininos e masculinos, evitando a fecundação. Para determinar o período fértil a mulher pode recorrer à avaliação diária da temperatura, às características do muco cervical completada com a calendarização.
- Ao longo de um ciclo a temperatura varia e eleva-se algumas décimas de grau após a ovulação, o último dia antes da subida de temperatura corresponde à data de ovulação e o período antes corresponde a um período infecundo. A temperatura deve ser monitorizada todos os dias nas mesmas condições.
- As características do muco cervical também variam e durante o período de ovulação é mais abundante, fluido e transparente, ao contrário dos restantes dias em que é mais viscoso e espesso.
- Um calendário menstrual serve para constatar se o ciclo mantém um padrão idêntico.
O conjunto destas técnicas não apresenta qualquer efeito secundário, no entanto, está sujeito a variações por fatores externos, por exemplo, no caso da temperatura e pode levar a erros, tendo assim uma elevada taxa de falência.
Com uma eficácia um pouco mais elevada, os métodos contracetivos não naturais apresentam diferentes eficácias consoante o processo, sendo o preservativo e a pílula os dois mais utilizados. Podemos agrupa-los da seguinte maneira: os que impedem a gametogénese, os que impedem a nidação ou os que impedem a fecundação.
– Impedem a gametogénese: Contraceção hormonal
– Impedem a nidação: Dispositivo Intrauterino (DIU), Sistema Intrauterino (SIU)
– Impedem a fecundação: Espermicidas, Preservativo masculino, Diafragma, Métodos cirúrgicos
A contraceção hormonal pode ser:
ORAL – Envolve as pílulas combinadas e as progestativas. As primeiras são uma associação de estrogénios e progesterona, os níveis elevados de estrogénios inibem a secreção de gonadoestimulinas, não existindo assim o pico de LH e consequentemente não ocorre maturação dos folículos nem ovulação. As pílulas progestativas apenas contêm progesterona, que não bloqueiam a ovulação mas mantém o muco cervical com caraterísticas da fase luteínica ao longo de todo o ciclo fornecendo uma maior impermeabilização do colo uterino aos espermatozoides, são menos eficazes que as pílulas combinadas. Os diversos tipos de pílulas existentes devem-se a diferenças na composição e dosagem mas todas obedecem a estes dois princípios.
ADESIVO – O adesivo transfere a dose diária hormonal, impedindo a ovulação e tornando o colo do útero mais espesso, deve ser colocado uma vez por semana e tem a vantagem de não ter que ser absorvido pelo sistema digestivo.
ANEL VAGINAL – Um anel adaptável à vagina que liberta hormonas e impede a ovulação e é usado durante 3 semanas.
INJETÁVEL – Injeções intramusculares que funcionam através do mesmo princípio que a contraceção oral mas a duração do efeito é maior, podendo ir até 3 meses.
IMPLANTE – Implante colocado de longa duração (3-5 anos).
O DIU é um pequeno objeto que é inserido na cavidade uterina e que impede a implantação de um óvulo fertilizado mas nem todas as mulheres podem usar. O SIU difere do anterior por ser hormonal, libertando uma hormona que torna o muco do colo uterino mais espesso dificultando a mobilidade dos espermatozoides.
O preservativo e o diafragma são considerados métodos de barreira, impedem o acesso dos espermatozoides à cavidade uterina e também fornecem proteção contra doenças sexualmente transmissíveis. O diafragma contudo não protege totalmente contra VIH apesar de diminuir o risco de algumas DST, é uma estrutura de borracha adaptável ao colo do útero que impede a maior parte dos espermatozoides de passar o colo do útero e deve ser colocado 6h antes de uma relação sexual e usado conjuntamente com espermicidas. O preservativo masculino impede a deposição dos espermatozoides no trato genital feminino e tem como única desvantagem a possibilidade de reações alérgicas ao material de que é fabricado. O preservativo feminino consiste em 2 anéis flexíveis em que um se ajusta ao colo do útero e o outro fica de fora da vagina e cobre os órgãos genitais externos.
Os espermicidas podem ser em forma de espuma, creme, gel ou comprimidos vaginais e tornam a vagina e colo de útero desfavoráveis à sobrevivência dos espermatozoides. São mais eficazes se usados combinados com um método de barreira.
Os métodos cirúrgicos são irreversíveis, a laqueação das trompas consiste na oclusão das trompas de Falópio evitando o contato entre o óvulo e espermatozoides, enquanto a vasectomia é a obstrução dos canais deferentes impedindo a progressão dos espermatozoides e, consequentemente, que sejam expelidos por ejaculação.
Existe uma medida de contraceção de emergência que pode ser usado depois de uma relação sexual desprotegida mas que não deve ser usada como contraceção regular, antes sim em casos extraordinários, como violação ou falha do método contracetivo usado, por exemplo rompimento do preservativo ou deslocamento do DIU. São eles a pílula do dia seguinte tomada até 120h após a relação ou a colocação de DIU até 5 dias. De acordo com a altura do ciclo pode impedir ou adiar a ovulação, impedir a fertilização ou a nidação.