População Organizacional

Decompondo o termo população organizacional  nas suas duas palavras – população e organizacional, uma população significa conjuntos de indivíduos da mesma espécie, e organizacional significa o que é relativo às organizações, logo, na realidade, o termo população organizacional significa na generalidade conjuntos de organizações da mesma espécie.

Conceito de População Organizacional

O conceito de  população organizacional significa conjuntos de indivíduos da mesma espécie de organizações, ou conjuntos de organizações da mesma espécie compostas por indivíduos, o que é o mesmo que dizer, recorendo à definição de Carroll & Hannan (2000, p. 74), “conjuntos delimitados de organizações com uma forma comum”. Ou seja, “as organizações que tenham características similares podem ser agrupadas em formas organizacionais ou populações, como as instituições educacionais”, de acordo com Monge e Poole (2008, p. 679). Em suma, trata-se de um agregado organizacional com a mesma forma.

Do conceito de população organizacional podem derivar-se um conjunto de aceções e considerações, tais como:

1. As populações organizacionais não existem de forma isolada na sociedade, mas subsistem graças aos vínculos sociais de relacionamento.
2. As populações organizacionais interagem umas com as outras, cooperam e concorrem umas com as outras, justamente, “as populações organizacionais são mutualmente interdependentes e exercem influências recíprocas umas nas outras” (Hunt & Aldrich, 1998).
3. Os indivíduos das populações de organizações são socialmente dependentes ao interagirem entre si, “estão conectados uns aos outros, por meio de uma variedade de relações de comunicação e de outras redes, com membros de sua própria organização e com membros de outras populações em suas comunidades organizacionais” (Monge, 2012, p. 31).
4. As populações organizacionais são mantidas por força da comunicação, das relações e das redes entre os indivíduos e as populações. “Poucas populações organizacionais vivem isoladas; a maioria existe em comunidades sociais ou ecologias e estão interconectadas por várias relações e redes que constituem a infraestrutura de rede” (Ribeiro, 2016, p.105).

Segundo Monge e os seus colegas (2011), as populações organizacionais interagem umas com as outras, quer de uma forma cooperativa, quer competitiva, e de uma forma evolutiva, ou seja, a teoria evolutiva sociocultural pressupõe a variação, a seleção e a retenção das populações.

 Estudos de Populações Organizacionais

Quer a sociologia das organizações, quer a ecologia organizacional ou a teoria organizacional, consideram a população organizacional  um formato organizacional passível de ser estudado. Por exemplo, a população das universidades, a população dos gabinetes de transferência de conhecimento, a população dos parques tecnológicos” (Ribeiro, 2016, p. 57), entre muitos outros. Portanto, os estudos sobre as populações organizacionais correspondem a um determinado nível de investigação. “As populações são delimitadas por algum tipo de limite-sistema social (escolhido para refletir as barreiras para as operações de processos sociais relevantes, tais como o fluxo de informações, a concorrência e a regulação)” (Carroll & Hannan, 2000, p. 74).

Os estudos organizacionais têm vindo a compreender as dinâmicas das populações organizacionais, sobretudo, no que concerne à evolução das populações organizacionais. A perspetiva de Ecologia das Populações é umas das correntes que tem vindo a compreender a mudança organizacional das populações.

Populações organizacionais e a Ecologia Organizacional

A corrente dos teóricos da Ecologia das organizações consideram existir duas ecologias organizacionais: a população e a comunidade organizacional. Quer a perspetiva da ecologia das populações quer a da comunidade organizacional procuram explicar a evolução organizacional (Astley, 1985).

A perspetiva da ecologia das populações tem sido preterida pela das  comunidades de organizações, pelo facto de lhe serem apontadas algumas limitações.

“A perspetiva da ecologia organizacional ou das populações enfatiza a capacidade adaptativa das organizações, tendo surgido nas pesquisas de Michael T. Hannan e John Freeman (1977, 1993), publicadas em The population ecology of organizations. O argumento principal da ecologia das populações reside na premissa de que o ambiente seleciona os tipos de organizações que, por sua vez, se adaptam às características ambientais (Hatch, 1997; Bilhim, 2006).

Um outro aspeto a ter em conta é o nível de análise desta perspetiva, dado envolver conjuntos de organizações em vez das organizações individuais (Sutcliffe, 2001)

Concretamente, o facto de a investigação estar confinada dentro dos limites das populações estabelecidas (Astley, 1985) e não explicar como acontecem  mudanças evolutivas e proliferação de tipos organizacionais heterogéneos (Astley, 1985), ou como se relacionam com outras populações têm sido considerados os principais constrangimentos.

References:

Astley, W. G. (1985). The two ecologies: Population and community perspectives on organizational evolution. Administrative Science Quarterly, 30(2), 224-241. Doi: 10.2307/2393106.

Baum, J. A. C., & Rao, H. (2004). Evolutionary dynamics of organizational populations and communities. In M. S. Poole & A. H. Van de Ven (Eds.), Handbook of organizational change and innovation (pp. 212-258). New York: Oxford University Press.

Carroll, G. R., & Hannan, M. T. (2000). The demography of corporations and industries: Princeton University Press.

Hannan, M. T., & Freeman, J. (1977). The population ecology of organizations. American Journal of Sociology, 82(5), 929-964.

Ribeiro, P. C. (2016). A Comunicação Interorganizacional em Rede na Transferência de Conhecimento: A abertura das universidades às empresas.  Tese de Doutoramento, Universidade do Minho, Braga. Acedido em http://hdl.handle.net/1822/44976