Efeito janeiro

O Efeito Janeiro no mercado financeiro indica a existência de rendibilidades anormais positivas durante janeiro comparado com a rendibilidade do resto do ano.

Conceito de «efeito janeiro»

O Efeito Janeiro no mercado financeiro indica a existência de rendibilidades anormais positivas durante o mês de janeiro comparado com a rendibilidade do resto do ano. A tendência de crescimento do retorno das ações tem sido observada em determinados mercados financeiros entre o último dia de dezembro até o fim da primeira semana de janeiro.

A eficiência dos mercados financeiros é umas das considerações fulcrais das finanças clássicas, a sua relevância prende-se com a importância dos mercados de capitais enquanto mecanismos de correta alocação de recursos. Todavia vários são os estudos que identificam anomalias ao comportamento dos preços dos ativos financeiros, entre esses comportamentos anómalos destaca-se o Efeito Janeiro.

O Efeito Janeiro é uma anomalia ao comportamento do preço dos ativos definidos pelo modelo Capital Asset Pricing Model (CAPM), este efeito descreve um padrão de rendibilidades anormais positivos nas ações nos primeiros dias de transação do ano, assim como um elevado volume de transações durante os últimos dias de dezembro e as primeiras semanas de janeiro.

Estudos que sugerem a existência do «efeito janeiro»

Os primeiros estudos realizados à sazonalidade dos retornos no mercado das ações identificaram a existência de retornos positivos persistentemente mais elevados no mês de janeiro quando comparados com os restantes meses do ano. O contínuo estudo deste efeito levou à identificação de uma concentração deste nos primeiros dias do ano.

Os economistas Rozeff e Kinney foram os primeiros autores a documentarem empiricamente a existência de sazonalidade nas taxas de rendibilidade mensais. Esta sazonalidade foi observada num índice de ações igualmente ponderadas, com base em ações cotadas no New York Stock Exchange (NYSE), no período entre 1904 e 1974.

Foram deste modo contrariadas as evidências acumuladas dos mercados eficientes, evidências essas que indicavam a evolução do preço das ações como um processo Random Walk, ou seja, a distribuição de retornos de um portfólio teria um comportamento invariável com tempo.

Recorrendo ao uso de funções de autocorrelação não lhe foi possível identificar nenhum padrão de sazonalidade. Contudo usando uma análise de estatística descritiva auxiliada pela realização de teste paramétricos e não paramétricos foram encontradas diferenças estatisticamente significativas entre os retornos dos doze meses do ano, exceto no período 1929-1940.

O mês de janeiro revelou-se o período com maior sazonalidade, apresentando taxas de retorno persistentemente mais elevadas, cerca de 3,48% face a 0,42% nos restantes meses do ano. Apesar de ser possível observar outros períodos com sazonalidade, esses períodos em comparação com o mês de janeiro apresentavam uma dimensão bastante inferior. Por exemplo, julho, novembro e dezembro apresentaram retornos médios relativamente elevados, enquanto os meses de fevereiro e junho exibiam retornos médios relativamente reduzidos.

Também os economistas Kohers e Kohli num estudo que visava um maior esclarecimento do Efeito Janeiro, analisaram este efeito numa nova vertente, através de análise empírica os autores testaram subsistência do Efeito Janeiro quando expurgado do Efeito Dimensão, ou seja, procederam a validação do Efeito Janeiro no universo das empresas de grande dimensão bolsista. Os autores observaram que em janeiro se verificavam elevadas taxas de retorno com uma baixa taxa de dispersão, pelo que concluíram existir uma interligação entre o Efeito Janeiro e o Efeito Dimensão.

Em suma, é possível concluir que, a existência de retornos anormais positivos nas primeiras semanas de janeiro (também conhecido como «efeito viragem de ano») ocorre sobretudo nas empresas de pequena dimensão nos primeiros dias do ano.

Hipóteses explicativas para o «efeito janeiro»

A literatura sobre o tema é vasta, pelo que têm sido avançadas diversas hipóteses explicativas para o fenómeno: enviesamentos estatísticos, assimetria de informação,  efeitos fiscais, e o window dressing, hipótese segundo a qual os gestores de investimento institucionais são avaliados consoante o desempenho de investimento dos seus portfólios. Desta forma os gestores procuram melhor a performance dos seus portfólios introduzindo nestes, títulos com um perfil de risco elevado, nos quais se encontram títulos de empresas de pequena dimensão. Contudo, no final do ano procedem à troca destes títulos por títulos de empresas com baixo perfil de risco e com um bom comportamento de retornos (winners) durante o ano.

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