A Teoria da Cor, tal como qualquer outra grande teoria, dava para estar aqui eternamente divagando sobre todos os seus estudos e análises, mas de uma forma resumida, consiste num número de estudos e experiências realizadas ao longo dos séculos, relacionadas com a associação entre a luz e a natureza das cores, existe um inúmeras teorias realizadas por diferentes teóricos em diferentes épocas da nossa história. Algumas das teorias mais célebres e estudadas até aos dias de hoje são as teorias realizadas por Leonardo Da Vinci, Isaac Newton e Goethe.
Compreender as bases fundamentais da Teoria da cor é um conhecimento, fundamental na prática das artes plásticas e visuais, como a pintura.
Aristóteles foi o primeiro estudioso a formar uma teoria da cor. Desde então, muitos têm se dedicado a pesquisar esse fenómeno. Um dos conceitos mais aceitos actualmente é o da temperatura da cor. Nele, a escala cromática é dividida em cores frias e quentes.
As cores frias (azul, verde, violeta), relacionadas à água, transmitem sensação de frio e são normalmente associadas à limpeza, calma e tranquilidade, usadas principalmente, nas áreas da saúde e estética. Já as cores quentes (vermelho, laranja, amarelo) são relacionadas ao fogo, lembrando calor e movimento, e são comuns nos sectores de alimentação e entretenimento.
A teoria da cor ajuda-nos a compreender a interacção dinâmica da cor e as suas implicações na pintura ou o design. A teoria da cor compreende um conjunto de conceitos e regras básicas que nos permitem utilizar e misturar as cores de maneira a conseguir concretamente a tonalidade que pretendemos.
A Teoria das Cores, afirma por exemplo, que a cor é um fenómeno físico relacionado com a existência da luz, ou seja, se a luz não existisse, não existiriam cores. O preto é percebido quando algo absorve praticamente toda a luz que o atinge. Já o branco é percebido como algo que reflecte praticamente todas as faixas de luz. Porque, segundo a Teoria das cores, o branco e o preto não são cores, e sim a presença ou ausência da luz.
Isaac Newton foi o primeiro a associar que a luz do Sol tinha forte relação com a existência das cores, os primeiros estudos de Isaac Newton, tiveram início em 1666, quando descobriu que a luz branca, ao passar por um prisma, separava-se em diversas cores. Mais tarde descobriu-se que a mistura e suas combinações resultaram em outros tons: o amarelo é a combinação do vermelho e do verde, por exemplo. Surgia assim, o primeiro esboço do que posteriormente viria a ser chamada de Teoria das Cores. Ao longo dos séculos muitos foram os cientistas e teóricos, que se dedicaram a entender o fenómeno das cores.
Porém, para muito, quem criou a verdadeira e oficial Teoria da Cor, foi o alemão Johann Wolfgang Von Goethe que em 1810 publicou o livro “Teoria da Cor” (Zur Farbenlehre), descrevendo as bases do que conhecemos e estudamos hoje, como a teoria da cor. Goethe, foi o primeiro a ousar confrontar as ideias sobre luz e cor de Newton, afirmando e demonstrando, que a cor não depende somente da luz e do ambiente, mas também da percepção que temos do objeto, desmentindo por completo a teoria de Newton.
Goethe, iniciou os seus estudos sobre a cor, depois de ler a teoria sobre óptica de Isaac Newton e discordar totalmente sobre ela. Goethe, repetiu a célebre experiência de decomposição da luz branca através de um prisma, mas sem obter os mesmos resultados descritos por Newton.

Círculo das cores (ilustração de Goethe, 1809)
Newton via as cores como um fenómeno puramente físico, envolvendo a luz que atinge objectos e penetra nossos olhos, enquanto Goethe concebeu a ideia de que as sensações de cores que surgem em nossa mente são também moldadas pela nossa percepção, pelos mecanismos da visão e pela maneira como nosso cérebro processa as informações. Para Newton, apenas as cores do espectro poderiam ser consideradas como fundamentais. Goethe, baseando-se nas suas experiências, concluiu que cores, como o magenta, uma cor não espectral, possuem um importante papel para completar o círculo das cores, o que é sustentado até nos sistemas de cores mais modernos. Artistas que lidavam com cores sentiram-se mais atraídos pela proposta de Goethe do que pela de Newton.

Círculo cromático actual
O amplo trabalho de Goethe fascinou e inspirou, muitos cientistas e artistas, durante muitos anos, influenciando as teorias mais recentes sobre a percepção subjectiva das cores e a relação entre as cores e a Psicologia e Fisiologia.
Actualmente, o estudo da teoria das cores realizada em grande parte das universidades divide-se em três matérias com as mesmas características que Goethe propunha para cores: a cor física (óptica física), a cor fisiológica (óptica fisiológica) e a cor química (óptica físico-química). O conteúdo é basicamente a teoria de Newton acrescida de observações modernas sobre ondas.
Mas, hoje em dia, sabe-se que a cor é um fenómeno subjectivo, pois ela é constituída de ondas electromagnéticas de uma faixa de frequência tal que as colocam dentro do que denomina-se espectro visível, ou seja, a faixa de frequência daquelas ondas que são captadas pela sensibilidade dos olhos humanos.
References:
ALLEN, Keith. A Naïve Realist Theory of Colour. Oxford University Press, 2016
BARROS, Lilian Ried Miller. A Cor No Processo Criativo. Senac São Paulo, 2009
BERNARDO, Luís Miguel. Histórias da Luz e das Cores, volume 1. U.Porto Editorial – Universidade do Porto, 2005
GOETHE, Theory of Colours, trans. Charles Lock Eastlake, Cambridge, Massachusetts: The M.I.T. Press, 1982
PEDROSA, Israel. O universo da cor. Senac Nacional, 2003
PEDROSA, Israel. Da cor à cor inexistente. Senac Nacional, 2009
RILEY, Charles A.; Color Codes: Modern Theories of Color in Philosophy, Painting and Architecture, Literature, Music, and Psychology. UPNE, 1995