Les Nabis, ou simplesmente Nabis, foi um grupo de jovens artistas pós-impressionistas e vanguardistas, com grande influência nas Artes Gráficas e nas Belas Artes, da ultima década do século XIX.
Paul Sérusier, que no Verão de 1888 viajou para Pont-Aven e juntou-se a um grupo de jovens artistas liderados e inspirados pela obra de Paul Gauguin. Momento, em que Sérusier, pinta sob a supervisão de Guaguin, “O Tallismã”, obra que acabaría quase um símbolo dos Nabis.
Já na década de 1890, quando Sérusier volta para Paris, junta-se a um jovem grupo de artistas, que se reuniam na Academie Julian, inspirados pela obra de Gauguin e cansados dos academismos vigentes. Sérusier conhecendo e tendo trabalhado ao lado de Gauguin, encoraja-os a formarem o grupo pós-impressionista, que ficaria conhecido como Les Nabis. Pierre Bonnard, Edouard Vuillard e Maurice Denis, com o tempo, tornaram-se os mais conhecidos do grupo, mas à época, a sua influência no grupo era periférica.
Baptizados com o nome de Nabis ou Les Nabis (de Nevi’im: profetas, em hebraico) pelo poeta Henri Cazalis, um paralelo entre a vontade desses artistas em revitalizar a pintura e os antigos profetas que rejuvenesceram Israel. Possivelmente esse apelido tenha surgido também pelo fato da maioria usar longas barbas, por muitos deles serem judeus, e pelo modo fervoroso como encaravam seu oficio e a sua filosofia.
Este grupo de jovens, rebeldes, dispostos a subverter o mundo das artes, através da sua pintura, actuavam sob inspiração directa de Paul Gauguin e o seu característico excesso de cor e padrões rítmicos. A simplificação das formas em padrões amplos e a pureza cromática empregadas por Gauguin recebeu o nome “sintetismo”, características que tiveram grande influência sobre o grupo.
Influenciados por Gauguin e das artes decorativas da época, fizeram com que as suas pinturas apresentam esboços grossos, cores brilhantes, dimensionalidades achatadas e uma variedade de motivos, incluindo a paisagem e retrato.
Para expressar as suas visões e emoções, os nabis lançam-se a um leque amplio de cores, às vezes suave, outras vezes viva. Todos eles, também nutrem uma admiração especial pelas obras singulares de Odilon Redon, cujas cores sofisticadas dão à pintura uma dimensão sobrenatural e paradisíaca.
Os integrantes do grupo, entre eles, Vuillard, Bonnard, Vallotton, Paul Ranson, Maillot e Paul Sérusier, consideram-se “videntes espirituais e proclamadores do novo Evangelho”. Colocando especial acento na necessidade do homem expressar o seu Eu ou sua verdade profunda. Os Nabis, definem-se a si mesmos, como profetas de uma nova arte, e defendiam uma concepção decorativa da pintura, em que a cor realça o tema.
Entre os membros do grupo destaca-se Maurice Denis, pintor, teórico e também jornalista, defensor de uma essência espiritual da arte e responsável pelo resgate da pintura religiosa. No artigo Definição do Neotradicionalismo, de 1890, Denis diz que a pintura é “essencialmente uma superfície plana coberta de cores organizadas segundo uma certa ordem” o que constitui, paradoxalmente, uma das primeiras defesas “formalistas” da arte moderna.
Com o passar do tempo o grupo acaba dividindo-se em dois grupos, entre os defensores das temáticas religiosas, esotéricas e abstractas, como Paul Sérusier, Ranson, Maurice Denis e Roussel; e os apaixonados pelas questões da vida moderna e pela poesia do quotidiano, representados por Vuillard, Bonnard, Maillol e Vallatton.
O grupo Les Nabis abriu o caminho para o desenvolvimento da arte abstracta e, longe de viver o passado distante, eles eram progressistas, uns visionários para o seu tempo, mas sem perder a noção da realidade. O seu objectivo principal era integrar a arte com a vida quotidiana, um objectivo que todos tinham em comum com a maioria dos mais avançados artistas do momento. Les Nabis, queriam mostrar a natureza não como ela é, mas através de símbolos e metáforas estéticas.
References:
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LA NUOVA ENCICLOPEDIA DELL’ARTE GARZANTI. Garzanti Editore. Milão, 1986
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