O Museu Guggenheim de Bilbao, foi projectado pelo inovador e surpreendente arquitecto norte-americano Frank Gehry, situado na cidade de Bilbao, em Espanha, o museu de arte é um dos cinco museus pertencentes à Fundação Solomon R. Guggenheim no mundo. Construído com o objectivo de revitalizar e modernizar a cidade industrial de Bilbao, é hoje um dos locais mais visitados da Espanha.
Quando surgiu a ideia de construir um museu de arte contemporânea, Bilbao não era Nova Iorque, nem Veneza, era uma cidade cinzenta e marca pelo terrorismo e a crise económica. Mas em 1997, com a inauguração do Museu Guggenheim de Bilbao, aquilo que era uma zona de contentores abandonados na margem do rio Nervión transformou-se por completo.
Actualmente, o edifício não só expõe artes, ele próprio é considerado como uma obra de arte, um cenário magnífico da engenharia em conexão com a arquitectura e tornou-se um grande centro de cultura e arte, de Espanha. E tornou a cidade de Bilbao, uma das cidades mais turísticas e visitadas de Espanha, ao lado de Barcelona e Madrid.
O impacto socioeconómico do museu, ao longo dos anos, tem sido surpreendente. Durante os primeiros três anos de existência, quase 4 milhões de turistas visitaram o museu e a cidade, gerando cerca de 500 milhões de dólares em lucros. Além disso, o gasto dos visitantes em hotéis, restaurantes, lojas e transportes recolheram mais de 100 milhões em impostos, o que mais do que compensou o custo do edifício.
A obra de Frank Gehry não só mudou a maneira que os arquitectos e o público pensam sobre os museus, mas também impulsionou a economia de Bilbao com o seu surpreendente sucesso. De facto, o fenómeno da transformação de uma cidade após a construção da magnífica peça arquitectónica, é agora referida como o “Efeito Bilbao”. Após vinte anos, o Museu continua a desafiar suposições sobre as conexões entre arte e arquitectura.
A própria selecção de Frenk Gehry para ser o arquitecto do projecto não foi ao acaso, Gehry é um dos principais nomes da arquitectura Moderna e foi escolhido porque ia ter uma grande repercussão no mundo da arquitectura, transformando-se ele próprio num cartão de apresentação para o museu.
Iniciada em 1992, a obra durou cerca de cinco anos, sendo um ano e meio dedicado à estrutura do edifício. Foram necessária a coordenação entre duas equipas, uma em Bilbao e outra em LosAngeles, trabalhando em conjunto na elaboração do projecto. O esmero das equipes envolvidas na sua construção mostrou que, ao lado de um grande arquitecto, sempre existe uma equipa de matemáticos e engenheiros, que materializam matematicamente as ousadas formas propostas.
O Museu Guggenheim Bilbao está situado em uma área de 32.500 m2, que se encontra à margem do Rio Nervión, a 16 metros abaixo da altura da Cidade de Bilbao. Uma das suas extremidades é atravessada pela colossal ponte de La Salve, uma das principais entradas da Cidade.
Externamente, o museu é coberto por superfícies de titânio curvadas em vários pontos, que lembram escamas de um peixe, mostrando a influência das formas orgânicas presentes em muitos trabalhos de Gehry. Do átrio central, que tem 50 metros de altura e lembra uma flor cheia de curvas, partem passarelas para os três níveis de galerias. Visto do rio, o edifício parece ter a forma de um barco, homenageando a cidade portuária de Bilbao que teve bons anos de festa marítima.
O edifício dispõe no total de 11.000 m2 de espaço de exposição, distribuído em 19 galerias. Dez destas galerias têm a forma ortogonal quase clássica, identificadas na sua parte externa por seus revestimentos de pedra. Em contraste, as outras nove salas são de uma irregularidade singular e se identificam a partir do seu exterior pelo revestimento de titânio. Jogando com volumes e perspectivas, estas galerias proporcionam espaços interiores descomunais, que mantêm sua particularidade e, de algum modo, não oprimem os visitantes.
As obras de maior porte são abrigadas em uma galeria especial de 30 metros de largura e 130 de comprimento, livre de colunas e com um tipo de piso preparado especialmente para suportar o trânsito frequente e o peso das obras que aloja. Vista pela parte externa, esta galeria desliza por baixo da Ponte de La Salve e funciona acima do encontro da extremidade da torre, que simula abraçar a ponte incluindo-a ao edifício.
Existe uma estreita harmonia entre as formas arquitectónicas e o conteúdo de cada galeria. Indubitavelmente, isto simplifica a circulação dentro do museu, que graças ao átrio central e as passarelas que levam de uma a outra galeria, permitem localizar os espaços expositivos por outra perspectiva, facilitando a localização das salas e serviços a todo momento. Ao entrar no museu, o visitante descobre que por baixo da complexidade externa de formas arquitectónicas, se esconde um mundo ordenado e claro.
References:
GOLDBERGER, Paul. Building Art: The Life and Work of Frank Gehry. Knopf Doubleday Publishing Group, 2015
MONTANER, Josep M. M. Después del Movimiento Moderno- Arquitectura de Ia segunda mitad dei siglo XX. Gustavo Gili. Barcelona, 1995
ZULAIKA, Joseba. Crónica de una seducción: el Museo Guggenheim, Bilbao. Editorial NEREA, 1997
ZULAIKA, Joseba. Guggenheim Bilbao Museoa: Museums, Architecture, and City Renewal. University of Nevada Press, 2003