Manet

Édouard Manet foi uma figura-chave da pintura do século XIX, considerado o autor que fez a transição da Realismo para o Impressionismo, abandonando, por completo, a gradação cromática subtil e o acabamento cuidado e pormenorizado. Trabalhou com cores fortes, ousadas, e com contrastes cromáticos, criados entre os tons claros, branco e pastéis, e os negros. E apesar de ser considerado, pelos impressionistas, como o seu mentor, não quis para si esse papel de vanguarda, pretendendo apenas fazer a sua arte de modo descomprometido.

Sem ele não se pode compreender a história da arte depois de 1850.” – Larry Nichols, conservador do Museu de Arte de Toledo, no Ohio, e co-comissário de Manet: Portraying Life.

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Retrato de Édouard Manet, pelo fotografo Ferdinand Mulnier

Nome Completo: Édouard Manet

Nascimento: 23 de Janeiro de 1832, em Paris (França)

Morte: 30 de Abril de 1883, em Paris (França)

Primeiros Anos

Nascido numa família burguesa, Manet cresceu com todos os privilégios de boa saúde e educação que o dinheiro e estatuto poderiam comprar na cidade de Paris do Século XIX, mas ao contrário das expectativas da família, escolheu tornar-se pintor e seguir o mundo das artes, em vez de seguir os passos do pai e do avô em Direito.

No começo da sua fase adulta decide ir estudar artes plásticas no atelier do pintor Thomas Couture, em vez de estudar numa academia oficial, e apesar da apesar das constantes desavenças com o mentor, permanece no atelier durante 6 anos, trabalhando e aprendendo tudo o que Thomas Couture tinha para lhe ensinar.

Em 1856 Manet rompe com Couture devido a divergências artísticas e decide continuar a sua aprendizagem através do contacto directo com o mundo e os seus grandes mestres, iniciando uma série de viagens pela Europa, Haia e Amesterdão, Dresden e Munique, Florença e Roma.

A sua Obra

Em 1859, pouco depois de voltar da sua viagem, Manet envia a sua primeira obra “O Bebedor de Absinto”, ao Salão de Paris, obra realista influenciada pelas obras do pintor Gustave Courbet e de Diego Velázquez. Mas a obra acaba sendo recusada pelo Salão.

Depois disto, Manet passa por uma fase de fascínio pela arte produzida na Península Ibérica e principalmente, influenciado pelas obras de Diego Velázquez, entra num período hispânico onde pinta obras como: “Lola de Valência” e “O Cantor Espanhol”, entre outros.

O quadro “O Cantor Espanhol” foi o seu primeiro quadro exposto ao Salão de Paris em 1861 juntamente com a obra “Retrato de Sr. e Sra. Auguste Manet”, um retrato familiar dos seus pais.

A partir de 1863 surgiu o Salão dos Recusados, onde quadros que não entravam no salão oficial poderiam ser expostos, Manet expôs no salão de 1863, três quadros: “Mlle Victorine Meurent no traje de toureiro”, “Rapaz com traje de espanhol” e “Almoço na relva”.

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“Almoço na Relva” de 1863

O “Almoço na Relva” ou “Le déjeuner sur l’herbe”, uma pintura a óleo sobre tela de 1863, é uma das principais obras de Manet e um grande escândalo para a época, pela representação de uma mulher nua e outra em roupa interior, entre dois cavalheiros num cenário natural. A demais, se destaca os contrastes luminosos conseguidos com as vestes escuras dos homens e os tons pastel do corpo da modelo em primeiro plano.

A partir de 1873, com a obra “Na Praia”, as suas pinceladas crescem, marcam os quadros com manchas cromáticas de diferentes tonalidades. As sombras ficam mais luminosas e ocupam maior espaço. As superfícies tornam-se mais vibrantes e sugestivas.

Manet é considerado como o último representante da tradição e o primeiro entre os modernos na pintura francesa. Pertence à tradição pelo seu apego aos mestres do passado, cuja lição recria em várias obras, e também pela insistente procura do reconhecimento oficial. E é o primeiro entre os modernos por exprimir uma nova concepção da realidade e pela técnica e representação através da arte.

Em 1881, o júri do Salão Oficial decide conceder a Manet uma medalha de honra. E em 1882 é agraciado com a Legião de Honra.

Em 1882 Manet apresentou o seu último quadro “Bar em Folies-Bergère” no Salão de Paris.

A 19 de Abril de 1883, depois de lutar durante vários anos com diferentes problemas de saúde, Manet é operado a uma perna que acaba sendo amputada por complicações e que passado alguns dias o leva, a uma septicemia.

Édouard Manet morre em Paris, França, no dia 30 de Abril de 1883. No ano seguinte, em sua homenagem, realizou-se uma Exposição Póstuma, na Escola Nacional de Belas Artes, em Paris. O pintor morreu com apenas 51 anos, deixando um extenso corpo de obras (cerca de 400), que continuam até aos dias de hoje a provocar acesas disputas nas casas de leilões.

Apesar da recusa constante do Salão Oficial, Manet gozou de um prestígio e honor nos meios mais avançados e modernista da época. Nos nossos dias, Manet é considerado o principal ascendente da pintura moderna, antecedendo e abrindo caminho aos revolucionários impressionistas.

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References:

BRODSKAYA, Natalia. Manet. Parkstone International. New York, 2014

CHILVERS, Ian. The Oxford Dictionary of Art and Artists. Oxford University Press, 1996

FRIED, Michael. Manet’s Modernism: Or, The Face of Painting in the 1860s. University of Chicago Press, 1996

LEIGHTON, John. Édouard Manet: impressions of the sea.  Art Institute of Chicago. Van Gogh Museum, 2004

MARCH, Eva & NARVÁEZ, Carme. Vidas de artistas y otras narrativas biográficas. Edicions Universitat Barcelona, 2013

TINTEROW, Gary & LACAMBRE, Geneviève. Manet/Velázquez: The French Taste for Spanish Painting. Metropolitan Museum of Art, 2003

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