Graffiti

Graffiti, é uma palavra de origem grega “graphein” (γράφειν) que significa “escrever, expressar através de caracteres escritos” e ou “desenhar, representar por linhas desenhadas”.

Este vocábulo chegou aos dias de hoje através da seguinte evolução: graphein (riscar, escrever, desenhar) — graffiare (rabiscar) — graffio (um risco ou um rabisco) — graffito e o seu plural graffiti, para designar uma arte urbana com forte sentido de intervenção no cenário público.

A palavra graffiti serve para se referir a uma inscrição, frase, palavra ou desenho geralmente de carácter irónico, contestatário, informativo, em muro ou parede de local público. Os graffitis são inscrições gravadas ou ilustrações nas paredes e zonas publica, nos transportes públicos e em monumentos.

O graffiti tem um objectivo contestatário, informativo, é uma manifestação pública visual, por isso é que os graffitis quase sempre estão presentes em locais onde se impõem à totalidade da população urbana e não apenas aos apreciadores, sendo este um dos principais factores de diferenciação dos demais modelos de arte urbana. E por isso, é que esta forma de expressão é algo que podemos visualizar de forma quotidianamente nas áreas urbanas e suburbanas das grandes cidades do Mundo inteiro.

Para uma pintura ser considerada um graffiti tem que estar inserida num muro ou parede de um espaço público. Segundo Ricardo Campos (2007), o graffiti tem que ser aplicado de forma ilegal. Muitos writers e estudiosos deste movimento artístico, concordam com esta afirmação, defendendo que quando o graffiti é produzido de forma legal e autorizado deixa de ser um graffiti para passar a ser arte urbana ou street art. Apesar da técnica e expressão artística utilizada ser exactamente a mesma.

Os grafiteiros remetem a origem de sua arte às pinturas pré-históricas e às inscrições nas cavernas. Nos termos de Keith Haring (1958-1990), um dos principais expoentes do graffiti nova-iorquino: “Decidi voltar ao desenho, que mudou pouco desde a pré-história e ainda guarda a mesma origem”.

No graffiti os artistas expressam estilos próprios e diferenciados, misturando referências às vanguardas, ao universo cultural e contemporâneo, principalmente como forma de critica e respostas aos acontecimentos da actualidade.

O conceito de graffiti surgiu nos bairros mais estigmatizados dos Estados Unidos, mais precisamente em Filadélfia e Nova Iorque, pelas mãos de jovens adolescentes dos mais diversos bairros sociais, durante a década de 60. Nesta altura, começou-se a utilizar a tinta em spray, para desenhar imagens e frases de protesto contra a ordem social, dando início a este grande movimento de arte urbana.

Mas formas mais antigas dos graffitis e possivelmente o que serviu de base para o seu desenvolvimento, foram os chamados “tag’s”. Estes já eram utilizados nos anos 30, por diversos gangs americanos, como forma de delimitação do território. Mais tarde o “tag” acabou tornando-se a assinatura do “artista” criador do graffiti.

Em 1975, a exposição Artist’s Space, em Nova Iorque, confere um carácter artístico e esse género de produção artística. Abrindo lhe as portas à aceitação social e artística, dando-lhe um valor artístico merecido.

Hoje em dia, o graffiti é dos maiores movimentos de expressão artística dos séculos XX e XXI. O graffiti desenvolveu-se e tornou-se num movimento único e global, tornando-se numa força multidisciplinar onde podemos englobar o Street art, Arte Urbana ou Pós-Graffiti e onde podemos englobar inúmeras vertentes e técnicas artísticas, como por exemplo graffiti, stencil, paste up, sticker art, yarn bombing, mosaico e outras.

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Um dos graffitis de Jean-Michel Basquiat e ele ao lado de Andy Warhol.

Jean-Michel Basquiat (1960-1988) é, entre muitos outros, um dos grandes nomes deste género de produção artística. Ele enfatiza as ligações do graffiti e do hip hop e com o mundo underground. De origem haitiana, Basquiat enraíza a sua arte na experiência da exclusão social, no universo dos emigrantes e no repertório cultural dos afro-americanos. Ao longo dos anos 1970, os seus graffitis moldaram os muros do Soho e do East Village em Nova York, fazem dele um artista conhecido. Mas é só na década seguinte, que a sua arte passa a ser artisticamente e socialmente reconhecida, quando inicia uma colaboração com Andy Warhol.

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References:

CAMPOS, Ricardo (2007). “Pintando a cidade: Uma abordagem antropológica ao graffiti urbano“. Tese de Doutoramento em Antropologia. Lisboa: Universidade Aberta: Tese de Doutoramento.

CHALFANT, Henry & PRIGOFF, James. Spraycan Art. London: Thames & Hudson, 1987

DAWSON, Barry. Street Graphics Tokyo. London: Thames & Hudson, 2002

GRAHAM, Sarah. “Graffiti in Urban Space: Incorporating Artists into the Policy Realm“. Austin, University of Texas, 2004

HARING, Keith. Keith Haring. Tradução Izabel Murat Burbridge; texto Joshua Decter. São Paulo: Centro Cultural Banco do Brasil, 2003

PEREIRA, André. “Graffiti: práticas, estilos e estéticas de uma identidade cultural“. Lisboa:

Instituto Universitário de Lisboa, 2013

RAMOS, Célia Maria Antonacci. Grafite, pichação & Cia. São Paulo: Annablume, 1994

GLOBAL STREET ART <www.globalstreetart.com>

GRAFFITI LISBOA: Lisboa graffiti scene <www.graffitilisboa.wordpress.com>

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