O termo Arte Islâmica, não significa, uma manifestação artística que tenha por finalidade render o culto à fé. Mas sim uma unidade criativa de arte e arquitectura características de uma civilização que dominou grande parte do mundo durante muito tempo.
A Arte Islâmica é um conceito moderno, criado por historiadores da arte no século XIX para categorizar e estudar o material produzido pela primeira vez, pelos povos islâmicos que emergiram da Arábia no inicio do século VII, com a deslocação do centro do poder Islâmico de Medina para Damasco e para Jerusalém, surgiram os primeiros testemunhos artísticos da nova fé.
Hoje a Arte Islâmica descreve todas as artes que foram produzidas nas terras onde o islã era a religião dominante ou a religião daqueles que governou. Ao contrário dos termos cristãos, judeus, budistas e arte, que se referem apenas à arte religiosa dessas crenças, a Arte Islâmica não é usado apenas para descrever a arte ou arquitectura religiosa, mas aplica-se a todas as formas de arte produzida no mundo islâmico.
A primeira obra, a “Cúpula do Rochedo” em Jerusalém, foi erguida sobre a rocha onde se encontrava o Templo de Salomão e, segundo a tradição, Maomé teria ascendido ao céu. Este era um gesto símbolo de afirmação do poder do Islão sobre o mundo ocidental.
Outra obra, foi a “Mesquita de Damasco”, o primeiro tipo de edifício religioso islâmico e construída sobre um templo romano.
A arte cristã que existia na região da Síria e que apresentava traços bizantinos, foi a base da cultura artística islâmica.
A principal característica da arte islâmica é a total exclusão da representação figurativa, o aniconismo. O aniconismo, consiste na rejeição total de imagens figurativas pelo perigo de idolatría, distinguindo-se do iconoclasmo, porque recusa a própria ideia de se poderem representar valores espirituais da doutrina religiosa através de formas visuais.
A arte islâmica é fundamentalmente anicónica. A representação figurativa era considerada uma má imitação de uma realidade fugaz e fictícia. Daí o emprego de formas como os arabescos, resultado da combinação de traços ornamentais com caligrafia, que desempenham duas funções: lembrar o verbo divino e alegrar a vista. As letras lavradas na parede lembram o neófito, que contempla uma obra feita para Deus.
Outra das características da arte islâmica, é a dissolução de fronteiras entre as artes. Enquanto a cultura ocidental fez corresponder a cada expressão artística um repertório específico de formas e funções, a arte islâmica criou um universo de motivos e valores plásticos que são utilizados indistintamente tanto num vaso de cobre, num tapete ou parede, privilegiando uma continuidade estética entre objectos e manifestações artísticas distintas.
Por outro lado, a integração das culturas artísticas das diversas regiões do Império, como a bizantina, a persa ou a chinesa, enriqueceu a arte islâmica com um vasto programa de técnicas, materiais e formas artísticas. A arte islâmica distinguiu-se pelo rico cromatismo, pelos efeitos ilusórios e por uma plástica subordinada à doutrina religiosa que excluía toda e qualquer representação do mundo.
O recurso à figura geométrica, à forma abstracta, à caligrafia e ao arabesco, caracterizou esta arte conceptual cuja única “imagem” era a da essência do Universo.
A arte islâmica abrangeu vastos territórios e durante um longo período de tempo, influenciando as expressões artísticas de outras culturas, por vezes mesmo, modificando-as. Um exemplo perfeito dessa influencia foi a cerâmica islâmica utilizada para a decoração das igrejas cristãs da Alta Idade Média e para o desenvolvimento da cerâmica ocidental.
Um dos mais bonitos exemplos arquitectónicos da arte Islâmica na Europa, a Alhambra ou, preferencialmente, Alambra (em árabe: الحمراء; “a Vermelha”), localizada na cidade de Granada em Espanha. Trata-se de complexo palaciano e fortaleza (alcazar ou al-Ksar), uma autentica cidade amuralhada (medina) que ocupa a maior parte da colina de La Sabika. Construído, principalmente, entre 1248 e 1354, nos reinados de Maomé I e dos seus sucessores; a Alhambra é um reflexo da cultura dos últimos anos do reino nasrida, sendo um local onde os artistas e intelectuais procuravam refúgio no decurso das vitórias cristãs por todo o al-Andalus.
A importância da arte islâmica na história da arte é imensa, principalmente, na Península Ibérica, região que durante séculos, em sucessivas conquistas e reconquistas, ocuparam povos que a criaram.
Portugal e Espanha, sofreram uma forte influência da Arte Islâmica, principalmente nas Zonas mais a sul, como o Algarve e a Andaluzia. Na arquitectura é incontestável a intervenção árabe, um legado que se propagou e influenciou nos vários estilos arquitectónicos presentes na Península Ibérica.
References:
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KAZMI, Nuzhat. Islamic Art: The Past and Modern. Lustre Press, 2009
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