Arte do New Deal, foi como ficou conhecida a produção artística financiada oficialmente pelo governo, durante a presidência de Franklin D. Roosevelt, durante o programa de reformas económicas como o mesmo nome, New Deal, empreendido para conter a depressão económica e recuperar a confiança na economia dos Estados Unidos entre 1933 e 1937.
O nome New Deal, foi inspirado no Square Deal, nome dado pelo anterior Presidente Theodore Roosevelt à sua política económica.
Com a quebra da bolsa de Nova Iorque em 1929 e a consequente crise económica, levam muitos artistas a questionar o papel da arte na sociedade. Para favorecer os artistas e a criação artística nacional, passam a rejeitar a vanguarda europeia, começando assim, a crescer a simpatia por uma arte realista, capaz de expressar a vida tipicamente americana.
O programa New Deal criou como parte das diversas medidas tomadas para conter as taxas de desemprego, o Public Works of Art Project, com a função de recrutar artistas para decorar os prédios públicos com “arte de qualidade” e cem-por-cento americana.
Este programa, além de combater o desemprego, também procurou promover e expressar os valores nacionais da cultura norte-americana, favorecendo o espírito nacionalista e empreendedor.
No final de 1933, começava o programa de obras de arte públicas que cresceu de uma forma sem precedente: terão sido mais de 200 mil as obras financiadas pelo governo, ao longo de oito anos. Entre os artistas contratados contavam-se nomes então desconhecidos mas que viriam a ficar para a História da arte, como Mark Rothko ou Jackson Pollock.
Na produção da arte New Deal, reconhece-se o incentivo pelos estilos “naturalistas” e “realistas” de tópicos nacionais.
Durante este período, destacam-se os pintores da chamada Cena Americana, com paisagens urbanas e rurais, e seus pares regionalistas. Entre eles, destaca-se o pintor e professor Thomas Hart Benton, uma espécie de porta-voz do movimento.
Os pintores da Arte do New Deal, seguindo o ideal do programa, reflectem uma nova ênfase na criação de uma arte americana diferente do que era feito até ao momento. Muitas das obras celebram o patriotismo, a mobilidade ascendente, o progresso tecnológico, a ética do trabalho e a cooperação. Durante a década de 1930, a “Cena Americana” alcançou proeminência, reflectindo um interesse pelo regionalismo. Pinturas que sugeriam um forte senso de lugar, como uma praça específica de uma cidade, um arranha-céu, paisagem urbana ou do campo, enfatizavam a importância da geografia na vida americana.
Outros artistas escolheram assuntos que transmitiam um senso de “Realismo social”, concentrando-se nos conflitos da vida americana. Este artistas preferiam expor e explorar nas suas obras as desigualdades sociais, políticas e / ou económicas na esperança de inspirar as pessoas a trabalhar para a reforma. Alguns também se concentraram na discriminação racial, outros nas desigualdades económicas, e ainda outros sobre a relação contenciosa entre homem e máquina.
Em oito anos de duração, o programa emprega cerca de 5 mil artistas, com obras de pinturas, esculturas, gravuras e murais espalhadas por escritórios, escolas, bibliotecas, aeroportos, estações de comboios e outros edifícios públicos em mais de mil cidades americanas. Também existem registos de que algumas obras foram encomendadas pelo governo mas como o objectivo de serem vendidas ao sector privado.
Alguns dos artistas que participam do programa, foram: Stuart Davis, George Biddle, William Gropper, Morris Graves, Willem de Kooning, Arshile Gorky, Jackson Pollock, Philip Gusto, entre muitos outros.
Actualmente, o Departamento de Investigação da Administração dos Serviços Gerais (GSA) dos Estados Unidos, anda em busca de muitas dessas obras, a que o Estado perdeu o rasto ao longo das décadas. Estando os cidadãos americanos ou estrangeiros obrigados por lei, a devolver de forma gratuita, cada uma dessas obras.
References:
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