Action Painting, pode designar-se como um procedimento, uma técnica artística, dinâmica e impulsiva, praticada por pintores expressionistas abstractos, desenvolvido desde os inícios da década de 1940 nos Estados Unidos da América e na Europa, onde se tornou conhecido por Informalismo. Foi o primeiro estilo pictórico norte-americano a obter reconhecimento internacional.
O action Painting reconhece-se como primeiro fenómeno de amadurecimento artístico americano.
Consiste na aplicação de tinta através de movimentos gestuais vigorosos (como salpicos tinta), sem ter uma ideia preconcebida do resultado final da obra. Também se reconhece esta técnica pelo nome de pintura gestualista.
Em algumas ocasiões, o termo action painting utilizou-se num sentido amplio, como um sinónimo do Expressionismo abstracto, mas este uso é incorrecto, porque esta técnica representa apenas uma das tendências formais e estéticas deste movimento.
O seu nome resulta do título de um artigo publicado pela revista Art News em Dezembro de 1952, “The American Action Painters”, escrito pelo poeta e crítico de arte americano Harold Rosenberg. Mas a grande divulgadora desta corrente foi a galerista americana Peggy Guggenheim que, desde 1942, realiza uma série de exposições dos trabalhos destes artistas.
O termo Action Painting aplica-se ao trabalho de poucos pintores, todos saídos do período da pós-depressão nos Estados Unidos, como Jackson Pollock e o seu discípulo Hans Hoffmann cujos trabalhos revelam, desde os anos 40, a preferência pela pintura através do dripping, técnica que consistia em deixar pingar a tinta sobre uma tela, geralmente de grande dimensão, colocada na horizontal sobre o chão. Pode também ser incluída nesta tendência parte da obra dos americanos Arshille Gorky e de Robert Motherwell.
No action painting o pintor faz parte da obra de arte, que é concebida como fruto de uma relação corporal do artista com a pintura, o resultado do encontro entre o gesto do autor e o material. Descartando qualquer noção de composição e abandonando os ideais tradicionais de composição – levam à pintura denominada por all-over pelo crítico norte-americano Clement Greenberg.
As pinturas executadas com action painting, sempre são abstractas e realizam-se através de amplos gestos (que adquirem um carácter quase coreógrafo), procurando salientar a intensidade e intencionalidade estética contida no acto do movimento e de pintar.
É precisamente esta acção livre e sem obstáculos intelectuais e não tanto o seu produto final (uma imagem constituída por linhas, manchas, cor e forma), aquilo que deve ser comunicado ao público. Raramente são realizados estudos prévios, considerados aniquiladores do processo de desenho automático de cariz espontâneo.
O corpo e a expressão corporal fazem parte da execução da obra de arte, quer seja ela pictórica quer seja de movimento. Jackson Pollock conseguiu unir o momento plástico à dimensão da acção do próprio corpo, estabelecendo as bases duma expressão que faz da tela o seu palco.
As obras de Pollock, executadas em condições psicológicas de uma vitalidade desenfreada, graças às quais a mão, o braço, todo o corpo do artista “se esquecem” de depender da vontade e da mente e se libertam, numa espécie de furor sagrado indiferente a qualquer decoro, a qualquer expressão de composição ou subtileza estética. A qualidade dos resultados obtidos nada retira a esta singular revelação do caos de Pollock.
Na sua fase mais audaciosa (entre 1947- 1952), Pollock vive a pintura como uma espécie de corpo a corpo entre si próprio e a superfície que pinta. A característica principal do trabalho de Pollock é a liberdade de improvisação, o gesto espontâneo e a expressão de uma personalidade individual.
Pollock afirmou que não queria ilustrar sentimentos, mas sim, expressá-los, de um modo espontâneo e imediato. A sua pintura é uma arte de expressão dramática como o é, a dança contemporânea.
O facto de Pollock trabalhar no chão em telas de grandes dimensões, dava-lhe a impressão de estar mais próximo da pintura e assim fazer parte dela, já que podia andar à sua volta, trabalhar nela a partir de todos os lados e, literalmente “estar dentro”. Executando uma espécie de bailado que se expressava através do movimento mais ou menos espontâneo, tornando a sua pintura numa extensão dele próprio.
Segundo Pollock, o artista moderno fazia duas coisas: primeiro reflectia as condições do seu tempo usando técnicas novas e pouco vulgares e, segundo, dava uma expressão imediata às suas emoções mais do que apenas ilustrá-las.
A obra de Pollock, mais do que qualquer outro artista, moldou a definição e compreensão da arte na segunda metade do século XX, marcando um elevado grau de subjectividade e desafiando os pontos de vista convencionais sobre o que deve e pode ser uma pintura.
References:
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GREENBERG, Clement. Arte e cultura: ensaios críticos. São Paulo: Ática, 1996
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