Conceito
A oratória é uma composição musical sobre um libreto religioso para cantores solistas, coro e orquestra. Semelhante à cantata, difere desta pelo carácter mais dramático, tornando-se numa espécie de ópera sacra sem encenação ou guarda-roupa, normalmente apresentada em salas de concerto ou igrejas.
Embora a temática das oratórias seja regularmente religiosa, podem também tratar assuntos não religiosos, possibilidade inaugurada por Haydn com «Die Jahreszeiten» (As Estações).
Evolução da oratória
A oratória evoluiu a partir das peças representadas no Oratório de Santa Maria in Vallicella, em Roma, no século XVI (a origem do nome parte do local onde aconteciam as encenações). Já desde a Idade Média aconteciam representações de cenas bíblicas, os chamados dramas litúrgicos, a partir dos quais resultaram, no século XV, as paixões e os mistérios. São Filipe de Neri, responsável pelas representações no século XVI acima mencionadas, nada mais fez do que recuperar um costume antigo.
A oratória tornou-se efectivamente uma forma musical, cerca de 1600, com «La rappresentazione di anima e di corpo» (A representação da alma e do corpo) de Cavalieri, uma obra de carácter moralizante, executada com encenação. Carassimi, ainda no século XVII, contribuiu para a oratória com uma dimensão ainda mais dramática, com a introdução de uma parte recitada em «Jephte», mas sem encenação, fórmula esta que se manteria nos séculos seguintes.
Entre os compositores de oratórias posteriores, escritas em forma de concerto, destacam-se Alessandro Scarlatti, Schültz, Haendel (especialmente o «Messias», que reproduz dramaticamente os grandes episódios da vida de Cristo), Haydn, Spohr, Beethoven, Mendelssohn e Elgar. As Paixões de J.S.Bach podem, também, ser consideradas oratórias, se bem que a introdução do coral lhes dê um carácter litúrgico.
References:
Kennedy, M. (1994). Dicionário Oxford de Música. Publicações Dom Quixote.
Massin, J. & Massin, B. (1983). História da Música Ocidental. Editora Nova Fronteira, S.A: Rio de Janeiro.