“Uma Canção Para A Europa” – “As Sete Canções” – “Uma Canção Portuguesa” – “Festival RTP da Canção”
1970
A edição do festival que marca a entrada nos anos 70 teve lugar no Cinema Monumental e contou com apresentação de Maria Fernanda e de Carlos Cruz. Esta edição para além de ser transmitida pela RTP foi também transmitida em direto pela TVE. O vencedor do ano foi o tema “Onde Vais Rio Que Eu Canto” de Sérgio Borges da autoria de Carlos Nóbrega e Sousa e Joaquim Pedro Gonçalves.
Hugo Maia Loureiro ficou em segundo lugar com o tema “Canção de Madrugar” de Nuno Nazareth Fernandes e José Carlos Ary dos Santos, em terceiro ficou Intróito com o tema “Verdes Trigais” de Fernando Poitier e Fernando Vieira. Nas restantes posições temos Paulo de Carvalho com “Corre Nina”, Artur Rodrigues com “Velho Sonho”, Maria da Glória com “Folhas verdes”, Rute com “A voz do chão”, Duo Orpheu com “Adeus velha amada”, Duarte Mendes com “Então dizia-te” e por fim Fernando Tordo com o tema “Escrevo às cidades”.
1971
No dia 11 de Fevereiro de 1971 decorreu no Cinema Tivoli, em Lisboa mais uma edição do Festival RTP da Canção apresentado por Ana Maria Lucas e Henrique Mendes. O tema vencedor foi “Menina do Alto da Serra” da interprete Tonicha que a nível internacional arrecadou o 9º lugar com o tema dos compositores Nuno Nazareth Fernandes e José Carlos Ary dos Santos.
Em segundo lugar ficou Paulo de Carvalho com o tema “Flor sem tempo” de José Calvário e José A. Sottomayor e em terceiro lugar Fernando Tordo com “Cavalo à solta” da autoria do próprio interprete em conjunto com José Carlos Ary dos Santos. Nalista dos concorrentes temos ainda Hugo Maia de Loureiro com “Crónica de um dia”, Intróito com “Palavras abertas”, Efe 5 com “Rosa, roseira”, Daphne com “Verde pino”, Duarte Mendes com o tema”Adolescente” e em último lugar Lenita Gentil com o tema “Anda ver o sol”.
1972
Em 1972, Portugal consegue o melhor resultado da década no festival internacional, conquistando o 7º lugar, com o tema “Festa da vida” interpretado por Carlos Mendes e da autoria de José Calvário e José Niza
Paco Bandeira com o tema “Vamos cantar de pé” de Pedro Osório e Fernando Grave conquista o segundo lugar e ainda nos três primeiros Manuel Vargas com o tema “Vem o caminheiro” de Rui Serôdio e Joaquim Pedro Gonçalves. Os restantes participantes foram João Braga com “Amor de raiz”, Tó Zé Brito com “Se quiseres ouvir cantar”, Duarte Mendes com “Cidade alheia”, João Henrique com “Esta festa das cidades” e Fernando Tordo com “Dentro da manhã”.
1973
O tema “Tourada”, interpretado por Fernando Tordo e da autoria do mesmo com José Carlos Ary dos Santos, foi o vencedor e mais do que uma música vencedora foi também um marco na história devido a ser uma música de cariz satírico ao regime vigente em Portugal. No festival internacional conquistou o 10º lugar.
Em segundo lugar ficou Paco Bandeira com o tema “É por isso que eu vivo” da sua autoria em parceria com José Carlos Ary dos Santos e em terceiro Duarte Mendes com o tema “Gente” de José Calvário e José Nisa. Nas restantes posições ficaram Paulo de Carvalho com “Semente”, Fernando Tordo com “Carta de longe”, Improviso com “Cantiga”, Mini-pop com “Menina de luto”, Simone de Oliveira com “Apenas o meu povo”, Tonicha com “A rapariga e o poeta” e Luís Duarte com “Minha senhora das dores”.
1974
A 7 de Março “E Depois do Adeus” interpretado por Paulo de Carvalho e da autoria de José Calvário e José Niza vence o festival e conquista o 14º lugar na competição internacional. O festival continua a marcar a história da revolução portuguesa visto que a canção vencedora viria a ser o sinal que marcaria o inicio da revolução dos cravos em Abril do mesmo ano.
Em segundo e terceiro lugar ficaram os Green Windows com o tema “No dia em que o rei fez anos” e“Imagens” ambas da autoria de José Cid. Os restantes concorrentes foram o Duo Ouro Negro com “Bailia dos Trovadores”, José Cid com “A rosa que te dei”, Helena Isabel com “Canção solidão”, Xico Jorge com “Temos de cantar”, Verónica com “Canção por todos vós”, Artur Garcia com “Dona e senhora da boina” e em último a artista Fernanda Farri com “Cantiga ao vento”.
1975
A primeira edição do festival da canção após a revolução de abril, logo, sem censura foi no ano de 75. Nesta edição a RTP não abriu concurso e convidou os compositores. A canção vencedora foi “Madrugada” interpretada por Duarte Mendes do compositor José Luís Tinoco.
Em segundo lugar ficou Carlos Cavalheiro com “A boca do lobo” de Sérgio Godinho e em terceiro ficou Paulo de Carvalho com o tema “Com uma arma, com uma flor” de José Niza. A RTP convidou ainda a concorrer Paulo de Carvalho com o tema “Memória”, José Mário Branco com “Alerta”, Paco Bandeira com “Batalha-povo”, a dupla Fernando Girão e Jorge Palma com “Pecado (do) capital”, a solo Jorge Palma com o tema “Viagem”, Victor Leitão com “Canção acesa” e Fernando Gaspar com “Leilão de lata”.
1976
O tema “Flor de Verde Pinho” interpretado por Carlos do Carmo, do compositor Manuel Alegre, após a vitória nacional conquista o 12º na Eurovisão.
O festival do ano de 76 deixou de ser apelidado de “Grande Prémio TV da Canção Portuguesa” para se passar a chamar de “Uma Canção Para A Europa” e decorreu de forma inédita sendo Carlos do Carmo o único concorrente numa edição especial. Para além do tema vencedor concorreu ainda com os temas “Novo fado alegre” de Fernando Tordo e José Carlos Ary dos Santos, com “No teu poema” de José Luís Tinoco conquistando o segundo e terceiro lugar, “Cantiga de Maio” de Carlos Mendes e Joaquim Pessoa, “Os lobos e ninguém” de José Luís Tinoco, “Estrela da tarde” de Fernando Tordo e José Carlos Ary dos Santos, “Onde é que tu moras” de Paulo de Carvalho e Joaquim Pessoa e ainda “Maria-criada, Maria-senhora” de Tozé Brito.
1977
Numa busca pelo nome perfeito para o festival a RTP muda novamente o nome para “As Sete Canções”. Neste a forma de seleção foi distinta. Do concurso público onde foram escolhidas as sete vencedoras, todas tinham de apresentar duas versões diferentes, versões essas que foram apresentadas, uma por dia, após o jornal da noite durante o mês de Fevereiro.
“Portugal No Coração” na sua versão A interpretada pelo grupo Os Amigos e de composição de Fernando Tordo e José Carlos Ary dos Santos, foi a canção vencedora e internacionalmente arrecadou o 14º lugar. A versão B da mesma música foi interpretada pelos Gemini.
Em segundo lugar ficou o tema “Férias” dos compositores Luís Pedro Fonseca e Isabel Mota que na sua versão B foi interpretada por Paco Bandeira e na versão A (menos votada) pelo Grupo Férias. Em terceiro o tema “A flor e o fruto” de Nuno Rodrigues e António Pinho que na versão B foi interpretada pelo Conjunto Maria Albertina e na versão menos votada pelo grupo A Fantástica Aventura. O tema “O que custar” de Fernando Guerra foi interpretado pelos Green Windows e numa segunda versão pelos Quarteto 1111, “Canção sem grades” de Manuel José Soares e Rita interpretado por Teresa Silva Carvalho e na segunda versão por José Freire, “Rita, Rita limão” de António Moniz Pereira e Margarida Moniz Pereira na primeira versão pelos Green Windows e na segunda pelos Cara ou Coroa e a última canção a concurso foi a “Fim de estação”de Manuel José Soares interpretada pelos Bric-à-Brac e a segunda versão pela dupla Vera e Carlos.
1978
“Uma Canção Portuguesa” é o novo nome do festival e esta edição conta apenas com a presena de três interpretes e cada um tem a seu cargo quatro temas.
O tema vencedor foi “Dai-li, Dai-li Dou” interpretado pelos Gemini e dos compositores Victor Mamede e Carlos Quintas.
Em segundo lugar ficou José Cid com o seu original “O meu piano” e em terceiro os Gemini com o tema “O circo e a cidade” de João Henrique e Fernando Guerra.
Ainda a concurso esteve a Tonicha com “Canção da amizade”,”Quem te quer bem, meu bem”, “Pela vida fora” e “Um dia, uma flor”, José Cid com “Aqui fica uma canção”, “Porquê, meu amor porquê?” e “O largo do coreto”e os Gemini com “Ano novo vida nova” e ainda “Tudo vale a pena”.
1979
Para finalizar os anos 70 o festival volta a mudar de nome mas desta vez para o nome que ainda hoje conhecemos, “Festival RTP da Canção”.
O tema vencedor do ano foi “Sobe, Sobe, Balão Sobe” interpretada por Manuela Bravo e do compositor Carlos Nóbrega e Sousa que conquistou internacionalmente o 9º lugar.
Em segundo lugar ficou a artista Gabriela Schaaf com “Eu só quero” de Nuno Rodrigues e António Pinho e em terceiro SARL com “Uma canção comercial” de Pedro Osório. Ainda a concurso foi Tozé Brito com “Novo canto português”, Gonzaga Coutinho com “Tema para um homem só”, Concha com “Qualquer dia, quem diria”, Manuel José Soares com “Quando chego a casa”, Florência com “O comboio do tua” e ainda Teresa Silva Carvalho com”Cantemos até ser dia”.
Uma das grandes personalidades do mundo do Festival RTP da Canção desta década foi sem dúvida o poeta Ary dos Santos que escreveu quatro das canções vencedoras no festival. A primeira foi a “Desfolhada Portuguesa” (1969), a segunda foi “Menina do Alto da Serra” (1971), a terceira “Tourada” (1973) e por fim “Portugal no Coração” (1977). Para além destas o poeta escreveu muitos outros poemas que chegaram às finais do concurso mas que não foram vencedores. A dupla que o poeta fazia com Fernando Tordo é ainda recordada e reconhecida pelo excelente trabalho que realizaram e que marcaram o mundo da música portuguesa.