Bauhaus, (nome que deriva de uma junção entre “bauen” ( “para construir”, em alemão) e “haus” ( “casa”)) foi uma escola de arquitectura, artesanato e design, pioneira das Artes Modernas e uma das Escolas de Arte, mais influente da arte do século XX.
A Bauhaus, também pode ser reconhecida como um movimento artístico próprio, um movimento que se caracterizava pela combinação lógica entre funcionalidade e estilo. Um movimento que teve inicio em 1919, ainda sob as sombras da Segunda Grande Guerra e desenvolveu os principais conceitos e as teorias, aplicados ao design de produto, à arquitectura, à comunicação até aos dias de hoje.
A Bauhaus foi uma das maiores e mais importantes expressões do Modernismo no Design e na Arquitectura. Com apenas cartone anos de história e pouco mais de 1250 alunos, a sua contribuição para a história do Design, continua até aos dias de hoje, exercendo uma grande influencia e fascínio sobre as novas gerações.
Foi fundada na Alemanha em 1919 em Weimar, Alemanha. Denominada inicialmente de Staatliches Bauhaus Weimar, por fusionar a Academia de Belas Artes de Weimar e a Escola de Artes Aplicadas de Weimar. A Bauhaus tinha o objectivo de mudar a maneira como pensávamos no design dos objectos, na arquitectura, ou no visual das coisas, queria mudar o ambiente e com ele as pessoas, os gostos, a percepção do mundo. Para isso, pretendia produzir produtos funcionais e práticos, mas sem descartar a beleza, a concepção estética, e sobretudo, a um preço baixo, para levar as pessoas a comprar por preço e assim, habituar a sociedade à beleza e funcionalidade do design.
A Bauhaus pretendia ser a precursora de uma transformação funcional e estética na estrutura produtiva e assim, por consequência, forçar as mudanças a um nível educativo, cultural e principalmente, social. Era a utopia de uma revolução estética, na concepção da gesamtkunstwerk, da arte total.
A Bauhaus pretendia ser muita coisa, mas acima de tudo, foi e será sempre, a maior e mais importantes expressões do Modernismo no design e na arquitectura, e fica para para a história como a primeira escola de design do mundo.
A escola foi fundada por Walter Gropius em 25 de Abril de 1919, Gropius acreditava que começava um novo período da história com o fim da Primeira Guerra Mundial e havia a necessidade de criar um novo estilo de arquitectura que reflectisse a essência desse novo Período. O seu estilo tanto na arquitectura quanto no design de bens de consumo, primava pela funcionalidade, pelos custos reduzidos e pela orientação para a produção em massa, sem jamais limitar-se apenas a uma função ou objectivo.
Na Bauhaus, une-se o ideal do artista artesão defendido por Gropius com a defesa da complementaridade das diferentes artes sob a forma do design e da arquitectura.
Gropius pretendia com a Bauhaus, redefinir toda uma nova geração a um nível não só estético, como também, social e político. Trata-se de formar as novas gerações de artistas de acordo com um ideal de sociedade civilizada e democrática, em que não há hierarquias, apenas funções complementares. Aprender a trabalhar em conjunto, tanto na escola como na vida, possibilitaria não apenas o desenvolvimento das consciências criadoras e das habilidades manuais como também, um contacto efectivo com a sociedade urbano-industrial moderna e os seus novos meios de produção.
O quadro de professores da Bauhaus contava com arquitectos, artesãos, pintores, escultores, dramaturgos, músicos e artistas de praticamente todas as áreas da produção artística. Wassily Kandinsky, pioneiro da arte abstracta, por exemplo, dava aulas sobre possibilidades cromáticas e geometria aplicada; Paul Klee sobre texturas e diagramação; Oskar Schlemmer dava aulas de teatro, levando para os palcos as experimentações estéticas da Bauhaus. Toda a concepção de ensino era moderna e inovadora, incentivando a fusão das artes, do artesanato e da funcionalidade prática das coisas.
Os alunos, primeiro passavam pelas oficinas práticas de serralharia, cerâmica, desenho, costura, tapeçaria etc, depois eram iniciados nas aulas teóricas, com história da arte e da arquitectura e, por fim, passavam para a experimentação e exploração artística, na criação e remodelação do mundo através de novas propostas estéticas. Aos alunos, uma das forma de ensino era deixa-lo explorar livremente e errar muito, produziam muita coisa que era descartada, mas aprendiam com isso. Na Bauhaus os alunos tinham total liberdade criativa desde que lhes ensina-se algo e os ajudasse a encontrar o caminho certo, e assim, mudar um pouco do mundo, redefinindo a arquitectura e o design e dando novo impulso à arte moderna.
O regime nazi opôs-se à Bauhaus durante a década de 1920, bem como a qualquer outro grupo que não seguisse a sua orientação política. Levando a que, em 1933, após uma série de perseguições por parte do governo nazi, a Bauhaus acaba por ser encerrada.
Apesar disso, a influencia da Bauhaus e das suas filosofias, conseguiu tendo um impacto fundamental no desenvolvimento das artes e da arquitectura do ocidente europeu, Estados Unidos, Israel e Brasil, principais regiões para onde se encaminharam muitos dos artistas exilados pelo regime nazista.
Quase 70 anos depois de ter sido inaugurado o prédio de Gropius, em Dessau, os monumentos arquitectónicos da cidade e do Weimar foram incluídos na lista do património mundial da UNESCO em Dezembro de 1996.
Actualmente a Bauhaus de Weimar mantém a sua liderança como uma das melhores universidades na Alemanha, leccionando sobretudo arquitectura, mas estando também integrada num núcleo de vários pólos de ensino ligados às artes e de onde se destaca o design e a música.
O ensino da Bauhaus encontra-se intrínseco na própria forma de leccionar da escola, baseando-se muito na experimentação prática de ideias e na realização de seminários e workshops para o confronto de conhecimentos.
O edifício inicial projectado por Walter Gropius, sofreu inúmeras modificações após a Segunda Guerra. Em 1994 inicia-se um processo de reforma, com o objectivo de restabelecer ao edifício o seu desenho original. O empreendimento foi promovido pela Fundação Bauhaus e coordenado pela arquitecta Monika Markgraf. Devido a inexistência do projecto original o trabalho dificultou-se bastante, só sendo concluído em 2007. Actualmente, mantém a função de edifício principal do pólo da universidade, com grande destaque para o escritório de Walter Gropius, mantido inalterado.
References:
ARGAN, Giulio Carlo. Arte moderna: do iluminismo aos movimentos contemporâneos. Tradução Denise Bottmann, Frederico Carotti. Companhia das Letras. São Paulo, 1992
BENEVOLO, Leonardo. História da arquitetura moderna. Editora Perspectiva. São Paulo, 1976
CARDOSO, R. Uma Introdução à História do Design. Edgar Blücher. São Paulo, 2004
CARMEL-ARTHUR, Judith. Bauhaus. Tradução Luciano Machado. Cosac & Naif. São Paulo, 2001
CHILVERS, Ian (org.). Dicionário Oxford de arte. Tradução Marcelo Brandão Cipolla. 2.ed. Martins Fontes. São Paulo, 2001
DICIONÁRIO da Pintura Moderna. Tradução Jacy Monteiro. Hemus. São Paulo, 1981
FRAMPTON, Kenneth. História crítica da arquitetura moderna. Martins Fontes. São Paulo, 2000
GROPIUS, Walther. Bauhaus: novarquitetura. 6.ed. Perspectiva. São Paulo, 2001
La Nuova enciclopedia dell’arte Garzanti. Garzanti. Milano, 1986
LIMA, Evelyn Furquim Werneck. Das vanguardas à tradição: arquitetura, teatro e espaço urbano. 7Letras. Rio de Janeiro, 2006
LUPTON, Ellen & MILLER J. Abbott. ABC da Bauhaus: a Bauhaus e a teoria do design. Tradução André Stolarski. Cosac Naify, 2008