Vorticismo, (do latín vortex) designa uma corrente, um movimento artístico de vanguarda inglês nascido em Londres no início do século XX, com expressão na literatura e nas artes plásticas, que explora a vertigem do movimento. A representação da realidade a partir de um ponto, ou melhor, de um vortex, do qual emanavam todas as formas plásticas.
“É na expressão de uma superioridade civilizacional inglesa, mais do que na formulação de teorías estéticas supostamente originais, que poderemos encontrar,(…) a raiz da originalidade do Vorticismo em relação aos movimentos de vanguarda”. (Pereira 1998, pg.88)
Constituindo de certo modo o equivalente inglês ao Cubismo francês e ao Futurismo italiano, o Vorticismo pretende reagir contra o Impressionismo, procurando ser o espelho pictórico do mundo industrializado.Neste último campo assumiu-se como uma alternativa ao Expressionismo, ao cubismo e ao futurismo, embora receba destes movimentos as suas principais influências.
Teve como fundadores o pintor e escritor canadiano Percy Wyndham Lewis (1882-1957) e o escritor e poeta americano a viver na Europa Ezra Pound (1885-1972).
Ezra Weston Loomis Pound, foi um poeta, músico e crítico literário, uma das maiores figuras do movimento modernista da poesia do início do século XX, nos norte-americano e Europa. Para além de ter sido um dos fundadores do Vorticismo, também foi o motor de outros movimentos modernistas, como do Imagismo.
A Percy e Ezra associaram-se a mais nove artistas ingleses e juntos formaram o grupo de onze que assinou o Manifesto do movimento redactado por Percy e publicado a 2 de Julho de 1914, no primeiro número da revista Blast, também fundada por ele.
Tal como o Futurismo, o Vorticismo exaltou a modernidade – as máquinas, a indústria, as grandes
cidades, o cinema –, mas explorou-no de um modo diferente. Ezra Pound escreveu um artigo citando as diferenças entre Vorticismo e Futurismo:
«O Futurismo descende do impressionismo. Na medida em que constitui um movimento artístico, é uma espécie de impressionismo acelerado. É uma arte de superfície, ou extensiva, em contraste com o Vorticismo, que é intensivo. […] O Futurismo é essencialmente uma aceleração de imagens sucessivas – como o Nu descendo As Escadas, de Marcel Duchamp; o Vorticismo amplia essa aceleração em profundidade, criando um turbilhão de perspetivas, ou seja, um vórtice.»
Na pintura vorticista, a vida moderna é representada como um feixe de linhas de cores “duras” que canalizam o olho do observador para o centro da tela.
O eclodir da Primeira Guerra Mundial em 1914, cujo impacto rapidamente seria sentido em Inglaterra, provocou a dispersão dos artistas que constituíam o grupo vorticista, impedindo a consolidação das suas propostas estéticas e a constituição de um verdadeiro programa filosófico. Apesar de ter tido um limitado eco ao nível da produção cultural dessa época, para o que contribuiu a reduzida longevidade do grupo assim como o facto de ter sido realizada uma única exposição coletiva (organizada em junho de 1915 pela Galeria Doré, em Londres), o movimento assumiu um papel fundamental no desenvolvimento de várias linguagens estéticas na Inglaterra do pós-guerra.
Em tempo de guerra, o movimento, que ambicionava internacionalizar-se, teve, contudo, curta duração, extinguindo-se por volta de 1919. Deixou, todavia, uma forte influência no modernismo britânico, em obras de artistas como Henri Moore (1898-1986), Francis Bacon (1909-1992) e Ben Nicholson (1894-1982).
References:
CARRASSAT, Patricia Fride R. e Marcadé, Isabelle. Movimientos de la pintura. Spes Editorial, S.L., 2004
PERLOFF, Marjorie. O momento futurista: avant-garde, avant-guerre, e a linguagem da ruptura. EDUSP – Editora da Universidade de São Paulo, 1986
PEREIRA, Margarida Isabel Esteves da Silva. A vanguarda histórica na Inglaterra e em Portugal: vorticismo e futurismo. Universidade do Minho, Centro de Estudos Humanísticos, 1998
