Os “Vencidos da Vida” foi a designação humoristicamente atribuída por Oliveira Martins a um grupo de figuras da vida literária, intelectual e política portuguesa das últimas décadas do século XIX.
Também designado por Eça de Queirós como um “grupo jantante”, o mesmo ficou célebre por integrar nomes[1] oriundos da “Geração de 70” como, por exemplo, Ramalho Ortigão, Oliveira Martins, Eça de Queirós (que só ingressou em 1889), Guerra Junqueiro, António Cândido da Costa, o conde de Ficalho, ou o Marquês de Soveral, os quais participavam em variados jantares, ou convívios amenos ora no Café Tavares, ora no Hotel Bragança.
Desiludidos com o panorama político oitocentista de fim de século, entre 1888 e 1894, os membros deste grupo encontravam-se sobretudo para discutir as atualidades mundanas, políticas e literárias, manifestar o agrado pela cultura francesa, expressar as suas ideias quanto a uma renovação sociocultural em Portugal (que se fazia sentir urgente) e criticar a monarquia constitucional para que se resolvesse de vez o fracasso da Regeneração, já que este movimento não conseguira fazer vingar os seus objetivos de vitalizar o país, nem tivera êxito em alcançar uma dinâmica que o colocasse a par de outras civilizações mais industrializadas, nomeadamente a França e a Inglaterra.
Apesar das suas vozes fecundas nacionalistas e decadentistas, e até mesmo da influência que conseguiram ter junto do futuro rei D. Carlos, com quem se encontravam no Paço de Belém, todo este ideal de mudança, nas palavras de Eça de Queirós, parecia ter “falhado”. Na verdade, nada mudara no panorama político-social português fin de siècle, exceto no panorama literário do Realismo / Naturalismo, pois o país teimava em continuar adormecido e fechado à introdução de novas ideias.
[1] No total o grupo era constituído por onze elementos, dos quais, para além dos acima mencionados, faziam parte Carlos Félix Meyer, o ministro Carlos Lobo de Ávila, Bernardo Correia de Melo e o conde de Sabugosa.