“The Room” é um filme de 2003, realizado e interpretado por Tommy Wiseau, cuja incongruência do argumento fazem dele o pior filme de sempre, mas ainda assim de culto.
História de “The Room”
A história à volta de The Room é recheada de suspense e mistério, uma vez que várias são as incoerências inexplicáveis à volta da sua produção.
Essencialmente, retrata um triângulo amoroso entre um banqueiro chamado Johnny (Wiseau), a sua futura esposa Lisa (Juliette Danielle) e seu melhor amigo Mark (Greg Sestero). Porém, grande parte do argumento centra-se em sub-dramas que, pouco ou nada, servem para o desenrolar da história final.
Supostamente aborrecida, sem razão aparente, Lisa decide seduzir Mark, sendo esse o foco principal do drama, que Tommy Wiseau, posteriormente, apelidou de “Humor Negro”
Produção
Na altura, auto-intitulado americano e afirmando ter 30 e poucos anos de idade, embora a sua aparência e sotaque indiquem que teria quase 50 e origem nos países do leste da Europa, Tommy Wiseau é um homem de origem polaca e naturalizado americano, segundo o Livro “A Disaster Artist: My Life in The Room, The Greatest Bad Film ever Made” (“Um desastre de Artista: A Minha Vida em «O Quarto», o melhor mau filme alguma vez feito”, em português), do seu melhor amigo Greg Sestero e que depois deu origem ao filme homónimo, realizado e interpretado por James Franco em 2017.
O filme “The Room” é uma adaptação de um livro de 500 páginas escrito por Tommy Wiseau, finalizado em 2001, mas que nunca chegou a ser publicado e que, devido à frustração, terá levado o autor a realizar, produzir e estrelar o filme.
Consta-se que terão sido gastos 6 milhões de dólares na produção e marketing do filme, dinheiro que Wiseau terá ganho como empresário e com negócios imobiliários na região de Los Angeles e São Francisco, embora não haja certeza absoluta acerca dos seus ganhos.
Tommy Wiseau argumenta que o excessivo orçamento terá sido utilizado devido às constantes trocas de elenco e membros da produção. Porém, Greg Sestero argumenta que vários erros na realização, como a construção em estúdio de locais que podiam ser alugados, vários erros e demoras em takes (cenas) por parte do polaco-americano que, constantemente, esquecia-se das falas, assim como gravações de cenas idênticas em sets diferentes, terão auxiliado ao dispêndio.
A relação entre Wiseau e os atores e membros de produção foram muito atabalhoadas, com várias críticas ao trabalho do realizador, argumentista e produtor que, supostamente, não os sabia guiar e recusava-se a ouvir os conselhos dos outros.
Erros de coerência
Um argumento, segundo as regras básicas, deve ter três atos: o primeiro serve para conhecer as personagens, o segundo para o desenrolar da ação e da história e o terceiro para dar um término à história.
Porém, são vários os erros de coerência ao longo de todo o filme, desde a própria história, os repetidos sub-dramas inconsequentes, como por exemplo o gangster que, no início do filme, exige dinheiro referente ao pagamento de droga a Denny, um dos amigos de Johnny e Mark, e que não mais aparece no filme; quando a mãe de Lisa admite de forma completamente banal que sofre cancro; ou mesmo quando Denny revela a Johnny o caso entre Lisa e Mark, levando a um confronto físico quase mortal entre os dois que, rapidamente, é serenado e esquecido.
Porém, os momentos mais famosos são, ainda assim, quando Johnny sobe as escadas, furioso com Lisa, e rapidamente encontra Mark, começando uma linha de diálogo completamente diferente e com a expressão corporal do ator a não conseguir explicar a mudança de tom ou de humor; quando o mesmo Mark conta uma história deprimente sobre uma rapariga espancada e a personagem de Wiseau começa a rir-se, ainda que o ator Greg Sestero e o realizador assistente, Sandy Schklair, tenham pedido ao polaco-americano que não o fizesse; e uma brincadeira de passes de futebol americano, sem nexo ou qualquer contexto com o argumento, entre Johnny e os seus amigos, vestidos com fatos de cerimónia.
Culto de “The Room”
Inicialmente estrelado em poucas salas de cinema em Los Angeles, a fraca qualidade do filme tornou-se viral e, após um fraco sucesso de bilheteiras, o filme começou a ganhar fama, pela sua incoerências e maus desempenhos, essencialmente de Tommy Wiseau. Hoje em dia, são vários os memes, paródias ou mesmo referências cómicas a “The Room”, naquilo que foi considerado por vários críticos como o pior filme de sempre, mas que é visto como um filme de “cult” (culto), devido à exuberante falta de qualidade, à semelhança daquilo que sucede com Westerns de Série B antigos.
References:
The Room, IMDB. Disponível em: https://www.imdb.com/title/tt0368226/. Consultado a 04/06/2018