Realismo

O Realismo, nas artes, designa um movimento artístico e literário que procura ser fiel à vida quotidiana.

O movimento realismo, desenvolveu-se na segunda metade do século XIX, buscava essencialmente abordar temas sociais e a objectivação da realidade do ser humano e envolveu diversas formas de arte.

O realismo, surgiu depois da Revolução Francesa, manifestando uma reacção contra o idealismo romântico, com a convicção de que as cenas idealizadas pelos pintores clássicos e neoclássicos não representam a realidade da relação à vida.

A sociedade vivia o progresso tecnológico com o avanço da energia eléctrica, novas tecnologias, entre outras coisas. Além disso, destacavam-se correntes filosóficas como o Positivismo, o Determinismo, o Evolucionismo e o Marxismo. Dentre esses, no entanto, o que mais influenciou o surgimento do Realismo foi o Positivismo, que analisa a realidade por meio de observações e constatações racionais.

Das influências intelectuais que mais ajudaram a expansão do Realismo destaca-se a reacção contra as excentricidades românticas e contra as suas falsas idealizações da paixão amorosa, bem como um crescente respeito pelo fato empiricamente averiguado, pelas ciências exactas e experimentais e pelo progresso tecnológico. A passagem do Romantismo para o Realismo, corresponde a uma mudança do belo e ideal para o real e objectivo.

A pintura busca retratar a objectividade com que os cientistas retratavam os fenómenos, esquecendo, assim, os temas antigos, históricos e a imaginação. Sendo parte da criação, apenas, abe quilo que é real. É nesse período que surge a “pintura social” que retrata os problemas dos trabalhadores da sociedade contemporânea.

Os artistas realistas começaram a criar a partir de sua experiência e baseando-se na observação do mundo que os rodeava. Caracteriza-se por abordar a realidade e temas sociais, representando algumas vezes cenas exageradas, para enfatizar problemas sociais da época. O realismo, não produziu um estilo arquitectónico próprio, na escultura, teve pouca expressão, era crítica e social, mas destacou-se verdadeiramente na pintura, com temas da vida quotidiana e de grupos sociais menos favorecidos.

As pinturas realistas chocaram a sociedade burguesa da época que estava obsecrada pelas aparências e o status.

Pelos temas banais, por vezes ofensivos, pelas cores excessivamente mortas, ou pela falta de elaboração e conceptualização das composições.

O Realismo tentou afastar-se dos academismos, no que diz respeito à exactidão do desenho e ao perfeito acabamento do quadro. Os pintores realistas executavam, no exterior, breves esboços e apontamentos que trabalhavam, depois, de forma cuidada, nos ateliês. Os seus quadros resultavam num instantâneo da realidade, com uma fotografia nítida, concreta e sólida.

O Realismo fundou uma Escola artística que se desenvolve baseada na observação da realidade, na razão e na ciência. A Escola de Barbizon se propunha a observar a natureza “com novos olhos”, seguindo a inspiração do paisagista inglês John Constable, que exibiu as suas obras em Paris na década de 20. O nome da Escola deriva da reunião de um grupo de pintores na aldeia francesa de Barbizon, floresta de Fontainebleau. Buscava distanciar-se da pintura tradicional, concentrando-se em aspectos da vida quotidiana de homens simples, como os camponeses do local. Jean-François Millet era um de seus principais líderes.

Os principais Pintores do Realismo foram:

  • Gustavo Coubert, figura principal do movimento realista na arte do século XIX, criador da pintura social, onde mostrava temas que retratavam o quotidiano, as classes sociais mais pobres e os trabalhadores do século XIX.
  • Édouard Manet, era um artista pivô durante o século XIX. O seu trabalho crítico foi de princípios realistas, mas sua arte também desempenhou um papel importante no desenvolvimento do Impressionismo, as suas obras retratavam a classe alta da época, as suas obras foram criticadas.
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Olympia 1863, Edouard Manet

Uma das obras mais polémicas e representativas de Édouard Manet, foi “Olympia”, o retrato de uma jovem prostituta nua e uma referência audaciosa à obra de Ticiano (Vênus de Urbino).

  • Honoré Daumier, trabalhou como balconista de uma livraria, no Palais Royal, as pessoas que lá ele observava inspiraram sua carreira posterior de caricatura e seu interesse em retratar a classe trabalhadora. Ele escolheu retratar a vida urbana. Era litógrafo assim como pintor e fez muitas litografias para revistas francesas liberais.
  • Jean-Baptiste Camille Corot, considerado como o último pintor neoclássico, ele admirava o estilo mais realista, natural da pintura de paisagem no início do século dezanove pelo artista, como os pintores ingleses Richard Bonington e John Constable, que estavam determinados a pintar o que viam, e que muitas vezes eram pintadas no local, em vez de artisticamente organizadas paisagens em estúdio.
  • Jean-François Millet, foi notável por sua interpretação “rigorosamente sincera” da vida rural. Os camponeses mostrados em sua pintura parecem ser “homens subjugados pelas forças da Natureza, mas também soberanos em relação a isso.” Millet infundiu a sua pintura com uma aura solene, oferecendo ao realismo um significado diferente, menos provocante, mais calmo do que o de Coubert.

Na literatura o realismo foi influenciado pelo Positivismo e explorou temas que seguiam os princípios dessa corrente filosófica como a reprodução da realidade observada, a objectividade no compromisso com a verdade, ou seja, imparcialidade, personagens baseados em pessoas comuns, sem idealização dos humanos, condições sociais e culturais.

A literatura expressava-se com uma linguagem clara que ia directamente ao foco da questão a ser explorada. A literatura realista, carregava um carácter social e psicológico, além da abordagem de temas considerados polémicos para a sociedade da época. Criticavam nas suas obras a intolerância, a exploração social e o preconceito, sempre fazendo uso de linguagem clara e objectiva. A obra que marca o início do realismo na literatura é Madame Bovary, de Gustave Flaubert. Entre outros autores, podemos citar Machado de Assis, Raul Pompeia, Charles Dickens, Eça de Queiroz e Leon Tolstói.

Os princípios do realismo dominaram a literatura europeia durante as décadas de 1860 e 1870. Charles Dickens e George Eliot na Inglaterra, Lev Tolstoi e Fiodor Dostoievski na Rússia, e, mais tarde, o jovem Thomas Mann, na Alemanha, todos incorporaram elementos realistas a seus romances.

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References:

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RIBEIRO, Maria Aparecida. História crítica da literatura portuguesa. Lisboa: Editorial Verbo, 2000.

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