Os Maias de Eça de Queirós

Resumo da obra emblemática de Eça de Queirós, Os Maias, com breve explicação do enredo, das personagens principais e da crítica social.

Os Maias é uma das mais conhecidas obras portuguesas, estando incluída na listagem de obras de leitura obrigatória da disciplina de Língua Portuguesa, no Ensino Secundário. Da autoria de Eça de Queirós, o livro foi publicado pela primeira vez em 1888.

A acção passa-se na Lisboa do séc. XIX e conta-nos a história da família Maia ao longo de três gerações. A história inicia-se no Outono de 1875, quando Afonso da Maia e o seu neto, recém formado em Medicina, se instalam no Ramalhete, uma casa cujo nome tem origem num painel de azulejos com um ramo de girassóis.

Afonso da Maia é o personagem mais valorizado por Eça de Queirós, pois não lhe são atribuídos defeitos: é culto e requintado, um homem de carácter que aderiu aos ideais do Liberalismo.

Afonso da Maia, enquanto jovem, casou-se com Maria Eduarda Runa e, desta relação, resultou um filho, Pedro da Maia. Este, contra a vontade do pai, casa com Maria Monforte e com ela tem dois filhos: Carlos Eduardo e Maria Eduarda. Quando Maria Monforte se apaixona por um italiano que Pedro fere num acidente de caça e acolhe temporariamente em casa, foge para Itália, levando consigo a filha, Maria Eduarda. Pedro leva Carlos para a casa de Afonso e comete suicídio, passando a ser o avô o tutor de Carlos.

Carlos e Maria Eduarda não sabem da existência um do outro. Carlos crê que a sua irmã morreu e Maria Eduarda acredita que apenas teve uma irmã que morreu ainda bebé. Carlos e Maria Eduarda conhecem-se num jantar organizado por Ega (amigo de Carlos) e apaixonam-se. Carlos julga que Maria Eduarda é casada com o brasileiro Castro Gomes. Apesar disso, tenta aproximar-se e consegue-o quando é chamado para assistir, como médico, a governanta. Aí começam os seus encontros com Maria Eduarda, chegando mesmo a comprar uma casa onde a instala. Quando Castro Gomes descobre o sucedido, contacta Carlos para lhe dizer que Maria Eduarda não é sua esposa, mas sim sua amante e que, portanto, poderia manter a sua relação com ela.

Entretanto, chega de Paris um emigrante que conheceu a mãe de Maria Eduarda e que traz um cofre que continham documentos que a identificariam e que lhe garantiriam uma boa herança. Descobre-se, então, que a mãe de Maria Eduarda é Maria Monforte, também mãe de Carlos. Os amantes seriam, portanto, irmãos. Apesar disto, mantêm a relação, o que faz com que, ao receber a notícia, Afonso da Maia, o velho avô, morra de desgosto. Ao saber disto, Maria Eduarda parte para o estrangeiro e Carlos, para curar o desgosto amoroso, parte numa viagem pelo mundo, com o amigo Ega. Acaba por estabelecer vida também em Paris e, ao regressar a Portugal, dez anos mais tarde, tem uma conversa com o amigo Ega sobre a vida e o seu propósito, o que reflecte a visão desencantada da realidade que caracteriza as obras artísticas do séc. XIX.

Os Maias é essencialmente uma obra de crítica social, veiculada tanto pelas personagens como pelo local onde decorre a acção. Lisboa, palco de maioritariamente toda a obra, é a cidade concretiza e dirige toda a vida do país. É, mais do que um espaço físico, um espaço social onde é feita a crítica aos costumes, mentalidades, políticas, etc. O autor usa vários episódios para descrever a vida da alta sociedade lisboeta, tais como o Jantar do Hotel Central, a Corrida de Cavalos, o Jantar dos Gouvarinho, o Sarau do Teatro da Trindade e o Episódio Final: Passeio de Carlos e João da Ega.

É também através das personagens que Eça de Queirós faz a sua crítica e expressa o descontentamento com a vida que é tão típico das obras do séc. XIX. Pedro e Carlos da Maia, pai e filho, embora tendo educações diferentes, falham ambos na vida: Pedro falha no seu casamento, o que o leva ao suicídio, e Carlos envolve-se numa ligação de incesto que o projecta, no final , para uma vida estéril e sem projectos. Carlos simboliza a Geração de 70 e das Conferências do Casino, em contraste com o pai, Pedro, que simboliza a época do Romantismo. Apesar de potencialmente destinado ao sucesso, Carlos simboliza o fracasso dos Vencidos da Vida. Desta forma, estas duas personagens simbolizam os males de Portugal e e as características que o autor acha inerentes ao povo português: a predilecção pela forma em detrimento do conteúdo, a dificuldade de concentração num trabalho sério e interessante  e a constante desculpabilizaçao das próprias falhas como sendo culpa da sociedade.

No último capítulo de Os Maias, Eça de Queirós descreve o Ramalhete como abandonado e triste, repleto de recordações de um passado de tragédia, o que pode ser considerado um simbolismo da forma como Eça vê o país, em plena crise do regime.

Os Maias

Os Maias, Editora Livros do Brasil

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