Quem é George Orwell?
George Orwell foi um escritor e jornalista inglês, particularmente conhecido por ter escrito duas das mais influentes obras do século XX: 1984 (1949) e Animal Farm (1945). A sua obra é uma crítica mordaz a qualquer sistema político totalitário – imperialismo, fascismo ou comunismo.
Conhecemo-lo como George Orwell, mas poucos sabem o seu verdadeiro nome: Eric Arthur Blair. Nascido, na Índia britânica, a 25 de junho de 1903, cedo mostrou apetência para a escrita – o seu primeiro poema foi composto aos 4 anos e, aos 11, publicou num jornal local. Segundo o próprio, a sua solidão motivou o génio literário.
Já adulto, e depois de concluir os estudos, Orwell ingressou na Polícia Imperial Indiana em Burma, experiência que inspira o romance Burmese Days (1934). Nesta obra, descreve a realidade do imperialismo britânico e é então que vê o interesse por questões políticas crescer. Reavaliando a sua vida enquanto polícia imperial, decide afastar-se e enveredar pela carreira literária.
O início do percurso literário de Orwell
A carreira literária de George Orwell tem início com a publicação de Down and Out in Paris and London (1933), obra baseada em experiências pessoais. Tanto em Paris como em Londres, George viveu períodos em que a falta de sucesso literário o obrigou a executar trabalhos mais físicos. A sua experiência pessoal é uma espécie de “trampolim” para fazer uma descrição mais alargada sobre as vivências daqueles que trabalham arduamente para garantir a sua subsistência, mantendo-se pobres e numa existência (quase) marginal. Foi com a publicação de Down and Out in Paris and London que, com o objetivo de não embaraçar a família, o autor optou por assinar com o pseudónimo de George Orwell.
O socialismo de George Orwell
Se, na década de 20, Orwell se considerava anarquista, nos anos 30 não tinha dúvidas quanto ao seu socialismo. Em 1936, começa a escrever sobre as condições de pobreza dos mineiros desempregados do norte de Inglaterra, resultando daí The Road to Wigan Pier (1937).
No mesmo ano, George Orwell viaja para Espanha e alia-se aos republicanos para, durante a Guerra Civil espanhola, lutar contra Franco e os nacionalistas. Foi atingido por uma bala no pescoço, o que danificou as suas cordas vocais, e teve de fugir devido à perseguição de socialistas dissidentes por partes dos comunistas. O livro Homenage to Catalonia, publicado em 1938, relata a sua experiência na guerra.
George Well, jornalista
De regresso a Inglaterra, Orwell escreve sistematicamente ensaios e críticas literárias – a sua carreira de jornalista estava bem lançada. Em 1941, passa a ser produtor na BBC, altura em que consegue a presença de nomes como T.S. Ellitot e E. M. Forster nos seus programas. Foi também na BBC que fez propaganda – estávamos na II Guera Mundial. Mais tarde, foi editor literário num jornal socialista, The Tribune.
1984 e The Animal Farm
Foi nos seus últimos anos que escreveu aquelas que, consensualmente, são as suas obras-primas: The Animal Farm, em 1945, e 1984, em 1949.
The Animal Farm é uma fábula que representa a ascensão ao poder e a ganância que se lhe segue. Referência ao socialismo soviético, os dois porcos que chegam ao poder, diz-se, representam Estaline e Trótski. É com Animal Farm que George Orwell consegue, por fim, algum conforto financeiro.
1984, romance distópico onde consta a famosa expressão “Big Brother is watching you ” é o desenho de uma sociedade futurista opressiva, assente num regime totalitário em que o chefe máximo, o “Big Brother”, controla todos, mesmo na sua esfera mais pessoal. Aldous Huxley, que fora professor de francês de George Orwell, escreveu uma carta ao seu ex-aluno cumprimentando-o pelo seu excelente livro e de grande significado.
Orwell morre, em 1950, aos 46 anos de idade, em Londres, vítima de tuberculose.
Em 2008, o jornal The Times classificou-o no segundo lugar de uma lista que elegia os 50 melhores escritores ingleses desde 1945.
O termo “orwelliano” é utilizado, desde então, para referir sistemas totalitários, assentes no controlo e injustiça social. George Orwell é um símbolo da consciência social e política da sua geração.
“Gosto de cozinha inglesa, cerveja inglesa, vinho tinto francês, vinho branco espanhol, chá indiano, tabaco intenso e cadeiras confortáveis. Não gosto de barulho, do rádio e de mobiliário moderno” diz, quando lhe perguntam quem é, afinal, George Orwell.