Martim-Cererê é uma obra poética, escrita em 1928 pelo poeta e ensaísta brasileiro Cassiano Ricardo, marcando o ponto alto do nacionalismo e ‘ujanismo verdeamarelista’. Consta de um argumento-síntese em prosa, desdobrado a seguir numa série de poesias de ritmo e forma variada mas que guardam unidade de conceção. De linha indianista e nacionalista, abrange o período que vai das origens indígenas brasileiras até à civilização do café. Em Martim-Cererê índios, negros e brancos tomam posse do Brasil e criam um novo país.
O enredo faz o aproveitamento de uma lenda dos índios tupi relativa ao surgimento da noite e do desenvolvimento do Brasil. Na história contada, o índio Aimberê e o marinheiro branco Martim apaixonam- se por Uiara, que se oferece para casar com aquele que lhe trouxesse a noite. Martim vai a Àfrica e traz a noite que são os negros escravos. Da união entre Martin e Uiara, surgem os bandeirantes, que desbravam, e os os sertões que plantam os cafezais e constroem as fábricas e arranha-céus da metrópole paulista.