O Expressionismo foi um movimento artístico vanguardista que surgiu na Alemanha no início do século XX, transversal aos campos artísticos da arquitectura, artes plásticas, literatura, música, cinema, teatro, dança e fotografia e que influenciou várias gerações de artistas na Europa e no Mundo.
O movimento surge como uma reacção ao positivismo associado aos movimentos impressionista e naturalista, propondo uma arte pessoal e intuitiva, onde predominasse a visão interior do artista – a “expressão” – em oposição à mera observação da realidade – a “impressão”. É a arte do instinto, uma pintura dramática, subjectiva, que “expressava” e ressaltar os sentimentos humanos. Através das suas expressões e das suas cores irreais, dá forma plástica ao amor, ao ciúme, ao medo, à solidão, à miséria humana e até mesmo à prostituição.
Entre as vanguardas artísticas europeias do início do século XX, o expressionismo foi uma das mais notórias. A arte expressionista teve seu desenvolvimento principal na Alemanha entre 1905 e 1930, não restringindo-se apenas às artes plásticas, abrangendo também, principalmente o cinema.
A expressão e conceito expressionismo tornou-se frequente na crítica jornalística depois que Herwath Walden popularizou-o em sua revista “Der Sturm” (A Tempestade), em 1912.
No Expressionismo predominavam os valores emocionais sobre os intelectuais. Nasceu como corrente de vanguarda com o objectivo de combater a arte do passado, condicionada pela tradução da realidade objectiva, renovando os seus fundamentos, rebelando-se contra a arte académica e contra o Impressionismo, assim como, as consequências nefastas da era industrial.
Entre as principais características da arte expressionista, destaca-se a distorção linear, isto é, os traçados espessos e angulosos das formas retratadas e pinceladas vigorosas que rejeitam todo tipo de comedimento, seja de seres humanos, seja de objectos, o que produz uma simplificação radical das formas. Destaca-se também o emprego de cores intensas, com pinceladas bem marcadas, deixando evidente o efeito do traçado sobre a tela. Essa poética encontra a sua tradução em motivos retirados do quotidiano, nos quais se observam o acento dramático e algumas obsessões temáticas, por exemplo, o sexo e a morte.
Características e expressões que já se podiam apreciar, em artistas das últimas décadas do século XIX, como os pós-impressionistas Gauguin, Edvard Munch e Vincent Van Gogh, que serviram de modelo e inspiração aos expressionistas.
Os artistas ligados ao expressionismo organizaram-se em dois grupos, Die Brücke “A Ponte” (Fundado em 1905) e Der Blaue Reiter “O Cavaleiro Azul” (Fundado em 1911). Eles desenvolveram as bases e constituíram as principais manifestações do Expressionismo na Alemanha.
“O movimento expressionista estava associado a dois grupos de artistas, um baseado em Dresden e outro em Munique, sendo que ambos possuíam muitos objectivos e influências em comum. Os artistas expressionistas queriam distinguir-se da sociedade urbana, da qual a maioria deles se originou. Alguns levaram uma vida comunitária em áreas rurais, onde desenvolveram uma fascinação pelas sociedades ‘primitivas’, tornando-se coleccionadores e imitadores da arte folclórica alemã, em um esforço para reacender a força vital da arte, que acreditavam ter sido suprimida.” (McGinity, 2011 – p. 378-79)
Com a pretensão de estabelecer uma ponte com as bases para uma arte de futuro, o grupo Die Brücke, recebeu este nome por um dos seus integrantes, que eram compostos por: Ernst Ludwig Kirchner, Fritz Bleyl, Erich Heckel e Karl Schmidt-Rottluff. Ao longo dos anos foi recebendo outros artistas alemães e de outras nacionalidades. O grupo A Ponte foi influenciado por artistas como Van Gogh, Gauguin e Munch, além de se inspirarem no gótico alemão e nas artes africanas. Também sofreram uma forte influência do Fauvismo, após visitarem uma exposição de Matisse em Berlim em 1908.
O segundo grupo denominado Der Blaue Reiter – O Cavaleiro Azul, voltou a temática das suas pinturas para uma área mais subjectiva e mística, buscando revelações espirituais. Tiveram influência de Kandinsky e Jawlensky e usavam uma paleta de cores mais diversa e marcante, em comparação com o grupo Die Brücke.
Com o passar do tempo foram surgindo novas formações e grupos Artísticos e apesar do Expressionismo, ter a sua origem na Alemanha, também teve expressão em outros países, como em França como a Escola de Paris, na Áustria com o grupo de Viena, nos Estados Unidos com a Escola Ashcan, entre muitos outros por todo o Mundo.
References:
BARRON, Stephanie & DUBE, Wolf-Dieter. German Expressionism: Art and Society – Art of the 20th century. Thames and Hudson, 1997
BEHR, Shulamith. Expressionismo. São Paulo: Cosac & Naif, 2000
ELGER, Dietmar. Expressionism: A Revolution in German Art. Taschen, 2002
FIGURA, Starr & JELAVICH, Peter. German Expressionism: The Graphic Impulse. The Museum of Modern Art, 2011
MCGINITY, Larry. “Expressionismo alemão”. In: Farthing, Stephen. Tudo sobre arte. Sextante. Rio de Janeiro, 2011
PRELINGER, E. After the scream, the late paintings of E. Munch. Atlanta: High Museum of Art, New Haven. Yale University Press. London, 2002