O eufemismo é um recurso expressivo que consiste em atenuar o modo como se expressam factos e ideias que, por norma, provocam um impacto desagradável.
Neste sentido, e atuando ao nível da semântica, a sua utilização requer uma escolha de palavras muito peculiar que vise, portanto, suavizar a realidade. Na grande maioria dos casos, o eufemismo surge em contextos que façam referência a assuntos tabu, como a religião, o sexo ou até mesmo o racismo ou a xenofobia. Os eufemismos para a morte são, no entanto, os que mais abundam no vocabulário de um considerável número de línguas e, muitas vezes, traduzem-se em expressões idiomáticas. No português, “bater as botas” ou “ir desta para melhor” são alguns dos exemplos.
Alguns eufemismos também podem originar uma certa comicidade, como se pode verificar nas peças de Gil Vicente, mais especificamente no «Auto da Barca do Inferno», quando, a título de exemplo, o dramaturgo refere o Inferno enquanto uma “ilha perdida” ou o “porto de Lucifer”. Outros autores, como é o caso de Luís de Camões, optam por um certo lirismo. O poeta, ao referir-se à decisão de D. Afonso matar Inês de Castro, opta por escrever que o monarca vai “tirá-la ao mundo”.
Outros exemplos de eufemismos:
- “faltar com a verdade” – mentir
- “desviar dinheiro” – roubar
Nota: não confundir o eufemismo com a perífrase, no sentido em que este último utiliza um número de palavras maior do que o necessário para exprimir uma determinada ideia.
References:
Vicente, Gil. Auto da Barca do Inferno. Disponível in http://www.cm-sjm.pt/files/19/19501.pdf
Camões, Luís de. Os Lusíadas. Porto: Porto Editora, 1996