Dândi, aportuguesamento da palavra inglesa dandy, significa um homem sofisticado e aprumado, que se veste com extremo bom gosto.
Foi um termo muito em voga nos finais do século XVIII e inícios do século XIX, sobretudo em Inglaterra e em França, para caracterizar os indivíduos pitorescos e elegantes que conjugavam um apurado sentido estético com o uso requintado da linguagem. Por outras palavras, tinham a postura de verdadeiros gentlemen.
Embora alguns destes indivíduos pertencessem à elite, a maior parte provinha da classe média. Frequentavam círculos intelectuais específicos, nos quais reinavam conversas carregadas de angústia metafisica e espiritual, alguma ironia e frequentes críticas ao que era vulgar ou mundano, já que manifestavam uma atitude de superioridade quanto a ideias ou comportamentos. Na verdade, o dândi surgia como um ser reacionário, consciente da sua singularidade numa sociedade de massas e, como tal, não se sentia integrado numa época dominada pelo materialismo. Aspiravam mesmo a fundar uma nova aristocracia com valores assentes no talento, ou no mérito pessoal e não nos privilégios que se adquirem à nascença.
Beau Brummell (1778-1840) foi o ícone do dandismo, pois revolucionou a moda masculina em Inglaterra e fez nascer o culto da elegância. Ainda hoje em dia, o seu nome é uma referência por todo o Reino Unido e muitos estilistas são inspirados pelas suas ideias e criações.
O dândi tornou-se, também, uma das figuras incontornáveis das literaturas inglesa e francesa do século XIX. Charles Baudelaire (1821-1867) foi um dos primeiros a intelectualizar o conceito de dândi e a adotar o dandismo como estilo de vida e Lord Byron (1788-1824), com o seu espírito excêntrico, escreveu sobre elegância e criou personagens que desafiavam as convenções morais da sociedade burguesa da época. Oscar Wilde (1854-1900), por sua vez, também nos oferece um retrato extraordinário da figura do dândi através da sua personagem emblemática Dorian Gray.
References:
Dufaud, Marc. Dictionnaire Fin de Siècle – Zutistes, Jemenfoutistes, tout l’univers des dandys décadents. Paris : Scali, 2008