Cubo-Futurismo

Cubo-Futurismo, ou cubofuturismo, foi a principal escola do futurismo russo, que misturou elementos cubistas e futuristas à pintura e poesia de tendência neo-primitivista desenvolvidas na Rússia de 1912, por artistas ligados ao grupo “Hylaea”, articulado pelos irmãos Burliuk, bem como ao grupo vanguardista, “Valete de Diamantes”.

O estilo prosperou como um Movimento Artístico, principalmente na pintura, até 1915 e na poesia até meados dos anos de 1920.

O termo Cubo-Futurismo foi utilizado pela primeira vez em 1913 pelo crítico Korney Chukovsky, para fazer referência, a um grupo de poetas de avant-garde progressistas, de que faziam parte Vladimir Maiakóvski e o pintor David Burliuk, subsequentemente o termo Cubo-Futurismo foi adoptado pelos mesmos e refere-se actualmente, à pintura russa do período de 1912 a 1915 que combina ambos os estilos.

O Cubo-Futurismo, veio assim, a ser um movimento principalmente pictórico, fundado pelo grupo constituído por Mikhail Larionov (de influências pós-impressionistas e o primeiro artista russo a incluir letras e palavras na sua pintura) Natalia Goncharova e com a participação de Kasimir Malevich e Vladimir Tatlin, artistas de fortes influências ocidentais.

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“Peasant woman” – Kazimir Malevich · 1912 · Cubo-Futurismo

A origem deste grupo, esteve no grupo de pintores que participou na exposição “Valete de Ouros”, em Moscovo e que expôs pela primeira vez em 1910 participando, Larionov, Goncharova e Malevich onde se incluíam obras de Delaunay e Léger.

O Cubo-Futurismo foi essencialmente um movimento eclético, com ligações aos artistas russos que formariam o Blau Reiter de Munique, Kandinsky e Yavlinsky, uma reinterpretação do Cubismo e do Orfismo franceses e do Futurismo italiano, combinados com a influência da arte popular russa, o Neo-primitivismo.

Contaminados pelo pensamento ideológico socialista desenvolvido por Karl Marx no final do séc. XIV, o proletariado russo do início do séc. XX nutriu-se de força e esperança para realizar um movimento revolucionário no seu país, o qual influenciou um desenvolvimento estético diferenciado de todas as outras manifestações vanguardistas Europeias.

O Cubo-futurismo, foi principalmente, influenciado pelo futurismo italiano, porém com uma proposta ideológica totalmente contrária a este, foi o caminho artístico percorrido e conquistado pela revolução russa.

O cubo-futurismo, tanto plástico como literário, combina o uso cubista das formas com o interesse futurista pelo dinamismo, velocidade e inquietação da vida moderna, porém, em alguns aspectos superficiais. Inclui temas neo-primitivistas derivados da arte folclórica-popular e arte infantil. Na pintura, Larionov, Goncharova, Vladimir Burliuk (irmão de David Burliuk), Malevich e Tatlin propõem o retorno às formas de pintura tradicional Russa, os Ícones e a arte popular, uma releitura destas.

A arte cubo-futurista é caracterizado, principalmente, pela interacção das formas e dos ambientes, pela acção e pelo uso de letras e palavras na pintura, além do uso de cores fortes e ideias de velocidade e dinamismo herdadas do Futurismo, porém não glorificavam a máquina ou a guerra. Já a poesia de Maiakóvski, por sua vez, aproximou-se mais do cubismo com o linguajar quotidiano e transposição de imagem urbanas em palavras, com a fragmentação e justaposição, dando movimento à literatura.

Os futuristas russos eram, acima de tudo, modernistas. Acolheram bem a indústria, que se espalhava rapidamente por toda a Rússia, como o fundamento de uma nova sociedade e o meio para dominar aquele velho inimigo russo, a natureza. No entanto, ao contrário dos futuristas italianos, os russos nunca glorificaram a máquina, menos ainda como um instrumento de guerra.

Tão interessante quanto observar o movimento é entender o contexto histórico que ele inspira: a Revolução Russa. Os ideais de ruptura e transgressão, a violência, o amor ao perigo e o desprezo pelo passado alimentaram o novo mundo idealizado pelos modernistas, com direito a mudança de sistema e a redefinição dos papéis sociais.

Um conceito fundamental para o pensamento cubo-futurista era o zaum, um termo que não tem nenhum equivalente no Ocidente: inventado pelos poetas russos, zaum era uma linguagem do trans-sentido (em oposição ao não-sentido dos dadaístas) baseada nas novas formas de palavras e numa nova sintaxe. Em teoria zaum poderia ser entendido por todos, já que se pensava que o significado estivesse implícito nos sons e nas formas da linguagem básica. Quando aplicado à pintura, o zaum dava ao artista uma total liberdade para redefinir o estilo e o conteúdo da arte.

Participaram do Cubo-Futurismo somente artistas russos, como Kasimir Malevich (1878-1935), David Sheteremberg (1881-1948), David Burliuk (1882-1967), Aleksandra Ekster (1882-1949), Nadeshda Udaltsova (1885-1961), Vladimir Burliuk (1886-1917), Olga Rozanova (1886-1918), Vladimir Baranoff-Roussiné (Daniel Roussiné, 1888-1942), e Bóris Shaposchnikov (1890-1956), entre outros.

O movimento do Cubo-Futurismo russo abrangeu obras de arte realizadas em muitos meios: nas Artes Plásticas, Cinema, Música, Poesia e Teatro.

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References:

BOLONHESI, Mário F. Suprematismo, cubo-futurismo e a tragédia de Maiakóvski. Parte da dissertação de mestrado Tragédia: uma alegoria da alienação. São Paulo: ECA/ USP, 1987

HUMPHREYS, Richard. Futurismo: Movimientos en el Arte Moderno (Serie Tate Gallery). Volumen 8. Encuentro, 2000

MILNER, John. Kazimir Malevich and the Art of Geometry. Yale University Press, 1996

PRECKLER, Ana María. Historia del arte universal de los siglos XIX y XX, Volumen 2. Editorial Complutense, 2003

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