Conferências do Casino

Breve olhar sobre as “Conferências do Casino”

As “Conferências do Casino”, também designadas de “Conferências Democráticas do Casino Lisbonense”, surgiram em pleno período de Regeneração, mais especificamente em 1871, e espelharam o culminar das ideias da “Geração de 70”.

Dado que o movimento da Regeneração se traduzira numa incapacidade de renovar as ideias do país e trouxera ao de cima a grande divergência e desfasamento de Portugal em relação aos outros países da Europa, os promotores das Conferências do Casino tinham como objetivo abrir o país às novas ideias europeias, divulgar as descobertas científicas e tecnológicas, agitar a opinião pública e fazer, enfim, das Conferências um lugar de tribuna onde se pudesse dialogar e difundir livremente todas as ideias.

Estas Conferências foram uma iniciativa que nasceu do “Cenáculo Lisboeta”, um grupo que promovia tertúlias literárias e ideológicas, do qual faziam parte Antero de Quental, Eça de Queirós, Jaime Batalha Reis, Augusto Soromenho, Salomão Sáragga, Manuel Arriaga, Guerra Junqueiro, Augusto Fuschini, Germano Vieira Meireles e Guilherme de Azevedo. Oliveira Martins, por sua vez, apesar de não ter participado diretamente nas Conferências, partilhava o mesmo espírito e Teófilo Braga era apenas um subscritor, nomeadamente porque enveredara muito cedo pelas ideias republicanas e afastava-se dos ideais socialistas de Antero e de Eça.

A conferência que fez a abertura oficial, intitulada “O espírito das Conferências”, foi proferida por Antero de Quental, que sublinhou a ideia de Portugal precisar de ser regenerado pela “educação da inteligência e pelo fortalecimento da consciência dos indivíduos”.

A segunda, muito seguramente uma das com maior impacto, fora também proferida por Antero. Intitulada “Causas da Decadência dos Povos Peninsulares”, esta conferência surgiu como um ataque ao catolicismo conservador, o qual impedia a entrada e difusão de novas ideias em Portugal, ao absolutismo e à política expansionista ultramarina.

Na terceira conferência, “A Literatura Portuguesa”, Augusto Soromenho denunciou a decadência da literatura portuguesa, mais especificamente o Romantismo, e defendeu a necessidade de “dar por base à educação a moral, o dever, do que aproveitará a literatura.”

Eça de Queirós foi quem proferiu a quarta, intitulada “A Literatura Nova (O Realismo como Nova Expressão de Arte) ”, lançando, assim, os pilares da conceção do Realismo, influenciada por Flaubert, Proudhon e Taine.

A quinta, denominada de “O Ensino”, foi apresentada por Adolfo Coelho que, de uma forma revolucionária propôs a reorganização do ensino em Portugal, designadamente a “separação completa do Estado e da Igreja”.

Entretanto, o governo, que de início não dera grande importância às Conferências, acabou por proibi-las quando se estava a preparar a sexta, alegando que as mesmas se tinham sustentado em “doutrinas e proposições que atacavam a religião e as instituições políticas do Estado”. Os membros das Conferências reagiram contra esta proibição através de um enorme clamor num protesto público, com o qual se solidarizaram outros intelectuais como, por exemplo, Alexandre Herculano, que se tinha retirado da vida política para a sua quinta de Vale de Lobos, em Santarém.

Por proferir ficaram, então, conferências como “O Socialismo”, de Batalha Reis, “Os Historiadores Críticos de Jesus”, de Salomão Saragga, ou “Dedução Positiva da Ideia Democrática”, de Augusto Fuschini, a par de um Portugal dormente, conservador e com um enorme atraso industrial.

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References:

Conferências Democráticas do Casino Lisbonense in Artigos de apoio Infopédia. Porto: Porto Editora, 2003-1018. Disponível em https://www.infopedia.pt/$conferencias-democraticas-do-casino-lisbonens

http://library.albany.edu/preservation/brittle_bks/Moog_EcaDeQueiroz/Pt_2_Chpt7.pdf

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