A Belle Époque, foi uma época de euforia, compreendida, no período que se inicia por volta de 1880 e se estende até 1914. É um período que se caracteriza por diferentes estados de espírito e de clima intelectual e artístico, com profundas transformações culturais traduzidas pelas mudanças de pensamento e do quotidiano social.
É considerada uma época de inovação e paz entre os países europeus, onde predominava uma cultura urbana incentivada pelos meios de comunicação que estavam em próspero desenvolvimento e pelas necessidades políticas imperialistas.
“Embora tenha tido uma vigência histórica real, não podemos afirmar que a chamada Belle Époque deva ser considerada um período histórico, rigorosamente falando; tampouco seria uma tendência estática definida ou algo afim. Trata-se, antes, de uma época marcada por factos de natureza diversa (histórica, filosófica, cultural, ets.) que tiveram consequências visíveis no âmbito das artes.” (Silva,1996)
A Belle Époque, consiste na virada do século XIX para o XX, um período compreendido entre 1871-1914, onde a Europa experimentou uma época florescente de progresso e coincidindo com a era da Terceira República Francesa e foi um período caracterizado pelo optimismo, paz na França e na Europa, bem como descobertas científicas e tecnológicas.
A expressão francesa Belle Époque significa “bela época”, e representa um período de cultura cosmopolita na história da Europa. Contudo, a expressão Belle Époque, só surgiu depois do conflito armado para designar um período considerado de expansão e progresso, nomeadamente a nível intelectual e artístico. Nesta época surgiram inovações tecnológicas como o telefone, o telégrafo sem fio, o cinema, o automóvel e o avião, que originaram novos modos de vida e de pensamento, com repercussões práticas no quotidiano.
Foi uma fase de grande desenvolvimento na Europa, favorecida pela existência de um longo período de paz. Países como a Alemanha, o Império Austro-Húngaro, a França, a Itália e o Reino Unido aproveitaram para se desenvolver a nível económico e tecnológico. Tratou-se de uma época de optimismo entre a população que passou a ter uma grande crença no futuro. Simultaneamente, os trabalhadores começaram a organizar sindicatos e partidos políticos, nomeadamente os socialistas.
Foi considerada uma era de ouro da beleza, inovação e paz entre os países europeus. Novas invenções tornavam a vida mais fácil em todos os níveis sociais, e a cena cultural estava em efervescência: cabarés, o cancan, e o cinema haviam nascido, e a arte tomava novas formas com o Impressionismo e a Art Nouveau. A arte e a arquitectura inspiradas no estilo dessa era, em outras nações, são chamadas algumas vezes de estilo “Belle Époque”.
Além disso “Belle Époque” foi representada por uma cultura urbana de divertimento incentivada pelo desenvolvimento dos meios de comunicação e transportes, que aproximou ainda mais as principais cidades do planeta.
Uma das formas encontradas para celebrar todos estes progressos, foi a organização da Exposição Universal de Paris, que teve lugar em 1900, nos Campos Elísios e nas margens do rio Sena.
A Belle Époque terminou com o eclodir da Primeira Guerra Mundial, nomeadamente porque as notáveis invenções daquele período passaram a ser utilizadas como tecnologia de armamento.
Em Portugal, Lisboa se transforma na viragem do século, entre 1890 e 1914, na capital portuguesa, impulsionada por uma burguesia cada vez mais endinheirada e que vivia fascinada pelo glamour parisiense, onde o gosto parisiense prepondera: na arquitectura, na linguagem chique, na arte e na moda.
Eram os últimos momentos de uma Lisboa de contrastes, entre a tradição e o progresso, entre o centro chique e os arredores bucólicos dominados pela vida agrícola, e as profundas disparidades no modo de viver elegante e o das classes populares. E também uma Lisboa íntima e de entretenimento, o fim de uma Lisboa romântica e o nascer de uma cidade moderna e civilizada. Uma Lisboa que se diverte entre os casinos, as feiras, os banhos de praia, os passeios a Cacilhas, a Lisboa que vai ao teatro e que descobre o animatógrafo, a Lisboa dos botequins fadistas, das touradas e dos bailes da classe elegante.
References:
belle époque in Dicionário da Língua Portuguesa com Acordo Ortográfico [em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2016. [consult. 2016-08-18 18:15:54]. Disponível na Internet: http://www.infopedia.pt/dicionarios/lingua-portuguesa/belle époque
HOLMES, Diana & TARR, Carrie. A Belle Epoque?: Women and Feminism in French Society and Culture 1890-1914. Volume 9 de Polygons: Cultural Diversities and Intersections. Berghahn Books, 2006
MAGALHÃES, Paula Gomes. Belle Époque , A Lisboa de Finais do Séc. XIX e Início do Séc. XX. A Esfera dos Livros, 2014
McAULIFFE, Mary. Dawn of the Belle Epoque: The Paris of Monet, Zola, Bernhardt, Eiffel, Debussy, Clemenceau, and Their Friends. Rowman & Littlefield Publishers, 2011
OLIVEIRA, Valéria Ochoa. A arte na belle époque: o simbolismo de Eliseu Visconti e as Musas. EDUFU, 2008
SILVA, Mauro. Academia Versus Confeitaria: Duas Tendências Literárias na Belle Époque Carioca. Letras, Curitiba, n.46, p.63-82. Editora da UI-PR 8, 1996