Beat Generation

Definição de “Beat Generation”

A Beat Generation[1] ou, em português, Geração Beat, foi um movimento de contracultura que se baseou, essencialmente, numa revolução literária e que surgiu nos finais da década de 40 nos Estados Unidos, mais especificamente em Nova Iorque. O trio original desta geração foi composto por Jack Kerouac (1922-1969), Allen Ginsberg (1926-1997) e William Burroughs (1914-1997). Mais tarde, juntou-se-lhe Gregory Corso (1930-2001) e John Clellon Holmes (1926-1988).

As vozes fecundas e reacionárias destes autores afirmaram-se sobretudo pela sua oposição à estagnação social e cultural em que a sociedade materialista americana se encontrava mergulhada no período do pós-guerra. Neste sentido, enveredaram por um estilo de vida oposto ao convencional, manifestando a sua alienação em relação a qualquer tipo de normas imposto pela sociedade: não compactuavam com as típicas rotinas de trabalho, mostravam indiferença para com os problemas políticos, consumiam drogas, tinham relações homossexuais e não se preocupavam com a sua imagem.

Abraçavam, por sua vez, a busca espiritual e a purificação do corpo e da mente através das práticas de meditação budistas, de sexo, da ingestão de drogas alucinogénicas, ou simplesmente por ouvirem jazz. De facto, este género musical teve um impacto tão significativo nos escritores e nos poetas da Geração Beat, que muitas das suas obras beneficiaram de um riquíssimo léxico oriundo do mundo do jazz. Bastantes vezes, aliás, os poetas, com o objetivo de libertar a poesia das teias académicas para, assim, “trazê-la de volta às ruas”, liam em várias livrarias aquilo que escreviam acompanhados das sonoridades do jazz progressivo.

A maior parte da produção poética era composta por versos caóticos e intencionalmente envolta em obscenidades. Contudo, Howl[2] (1956), de Allen Ginsberg, apesar das abordagens à homossexualidade, ou às drogas, e ao vernáculo subjacente, revelou ser um poema singular, comovente, repleto de metáforas e de simbolismo e extraordinariamente embebido no ritmo da voz do seu autor.

Assim como Ginsberg, também Jack Kerouac (o ícone desta geração), defendia uma composição literária livre, de certa forma impulsiva, na qual o escritor pudesse traduzir para o papel a fluidez dos seus pensamentos e das suas emoções conforme fossem surgindo. Evidentemente, esta técnica significava a ausência de quaisquer estruturas, planos e posteriores revisões e um tributo à imediatez da experiência.

Na verdade, a sua principal obra, On the Road [3] (1957), na qual relata a viagem de dois amigos pelos Estados Unidos e em parte pelo México, testemunha esse estilo narrativo bastante intenso e despreocupado, na medida em que, a título de exemplo, os parágrafos ou a pontuação não foram tidos em conta. Fora, aliás, escrita em três semanas na sua máquina de escrever.

Já William Burroughs deixou-nos, entre outras obras, Naked Lunch [4] (1959), um convite agridoce para saborear a complexidade e as alucinações de um junkie numa torrente de parágrafos que também não obedece a qualquer linearidade.

O impacto que a Beat Generation causou nos Estados Unidos foi inegável. De facto, impulsionou os variados movimentos contra a guerra nos anos 60 ou a revolução sexual, consciencializou as pessoas para o problema do consumismo e influenciou um grande número de músicos como Bob Dylan, Janis Joplin, Jerry Garcia ou os Beatles.

 [1] O termo foi cunhado por Jack Kerouac aquando de uma conversa com John Clellon Holmes em 1948. Partindo do adjetivo beat (gíria dos toxicodependentes dos anos 50 e que significa “oprimido”, “rebaixado”, ou “espezinhado”), Kerouac atribuiu-lhe uma conotação espiritual, envolvendo o termo num misticismo que remete para a transparência e abertura da mente e da alma.

[2] «Uivo», em Portugal e no Brasil.

[3] «Pela Estrada Fora», em Portugal e «Pé na Estrada» no Brasil.

[4] «Festim Nu» ou «Refeição Nua», em Portugal e «Almoço Nu», no Brasil.

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References:

Buin, Yves. Jack Kerouac. Biografia. Lisboa: Bertrand, 2010

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