A farsa é um género teatral, ou dramático, que se distingue sobretudo pela sua inclinação extremamente caricatural e irrealista, sendo por vezes também apelidada de teatro do absurdo; normalmente, este tipo de peças de teatro contam com a participação de poucas personagens, e a sua duração nunca é muito longa.
Com origens que datam à Grécia Antiga, a farsa popularizou-se na Idade Média, sendo feitas curtas representações entre os atos das peças principais, distinguindo-se sobretudo como forma de crítica social, que faz uso do sarcasmo e do grotesco para fazer rir o público-alvo. Este género dramático era na sua origem direcionado à população mais pobre e inculta. Por ser uma forma de expressão teatral sempre muito conectada à atualidade e ao ambiente político, social e cultural, a farsa foi um género que resistiu ao passar do tempo, com muito poucas alterações na sua génese, e que acabou por se tornar mais abrangente, podendo atualmente ser encontrada em diversos estilos teatrais, e para um público muito mais vasto.
A utilização de expressões ousadas, alguma brutalidade verbal, o exagero da representação, raiando o absurdo, e por vezes o vulgar, são elementos característicos da farsa, e que prevalecem até aos dias de hoje; as críticas costumam ser realizadas de forma extremamente direta, sem qualquer tipo de rodeios, naquilo que pode muitas vezes ser considerado um gozo ostensivo. A principal diferença entre a farsa e a comédia é que a primeira não tem por intuito induzir os espetadores à reflexão, ou suscitar o riso de forma indireta, podendo ser considerado um género muito mais cru e irreflexivo. Apesar de poder também decorrer num ambiente fantástico ou ficcional, é mais comum encontrar farsas que retratam uma realidade social próxima dos espetadores; as personagens que surgem abrangem todo o espectro da sociedade, desde as camadas mais baixas a elementos de altos cargos políticos, e com elevado estatuto, e os temas retratados também são transversais a todas as classes. É esta mesma abrangência que torna a farsa um género que, apesar de nunca estar totalmente em voga, acaba por nunca sair de cena, dado que o público facilmente se identifica com as narrativas representadas