Design tem infinidade de definições. Algumas bem coerentes e precisas, outras nem tanto.
“Uma definição de design… É muito difícil, porque a evolução da linguagem, dos elementos técnicos é tão rápida que se fala de uma coisa hoje e ela é diferente amanhã. Mas a gente pode dizer que é dimensionar uma estrutura onde todos os elementos visuais nos vários meios de comunicação visual. Não é só fazer uma marquinha sem se preocupar com o comportamento que essa marca vai ter em todo o contexto, não só da indústria, mas também da comunicação visual. Ela precisa estar baseada em toda uma estruturação e prever aplicações bastante coerentes. Essa é a proposta do design, que não está preocupado com a estética, mas com a função, com materiais, com a ergonomia visual, com aplicações planas e não planas. Deve saber, por exemplo, como uma embalagem redonda se comporta, como ela pode ser fragmentada e como a publicidade vai ser usada dentro dessa estrutura. Um trabalho de design gráfico deve durar no mínimo vinte a trinta anos, Um logótipo não perde a actualidade, e a potencialidade está em torno desse sinal, desse elemento”. (Wollner: 2003, pg.91)
Define-se por design qualquer processo criativo que utilize as mais variadas técnicas para desenvolver um objecto ou a solução a um problema, através da elaboração e concepção de um projecto.
“Design é a visualização criativa e sistemática dos processos de interacção e das mensagens de diferentes atores sociais; é a visualização criativa e sistemática das diferentes funções de objectos de uso e sua adequação às necessidades dos usuários ou aos efeitos sobre os receptores.” (Schneider: 2011, pg.197)
Entende-se por design a melhoria dos aspectos funcionais, ergonómicos e visuais do produto, de modo a atender às necessidades do consumidor, melhorando o conforto, a segurança e a satisfação dos usuários. O design é o meio de adicionar valor aos produtos industrializados, levando à conquista de novos mercados. As empresas têm usado o design como poderoso instrumento para introduzir diferenciações nos produtos e destacarem-se no mercado, perante aos seus concorrentes.
O design surgiu para ser a ferramenta em busca de um produto melhor. Com o design firmou-se a ideia de que “a forma segue a função”, ou seja, aquilo que é bem projectado do ponto de vista funcional acaba tendo uma forma agradável, atraindo o cliente.
Durante sua evolução, o design teve momentos em que representava claramente a cultura de um país ou região: design italiano, americano, alemão, japonês. Com a troca de informações em todo o mundo, e o processo de “globalização”, pouco a pouco as diferenças culturais entre produtos de diversos países foram diminuindo, levando à projecção de um produto aceito internacionalmente. Hoje está-se chegando a um equilíbrio: o produto deve ser bem aceito no mundo todo, mas mantendo uma identidade nacional, ou seja, ele deve representar aspectos positivos do país em que foi criado.
O design se manifesta, principalmente, através de duas qualidades: funcionalidade e estilo. As pessoas sempre associam design ao bom gosto, a algo bem-feito. Os melhores recursos que temos para descobrir o design são os nossos sentidos, principalmente os da visão e do tacto, empregados no uso do produto ou serviço.
O design é constituído por um pensamento, pela concepção e por uma produção, sendo estes orientados ao cenário futuro a partir de uma intenção destinada a ser real.
Löbach, “(…) o design é uma ideia, um projecto, um plano para a solução de um problema determinado. O design consistiria então na corporificação desta ideia para, com a ajuda dos meios correspondentes, permitir a sua transmissão aos outros” (Löbach: 2001, pg.16)
Design é o evento cujo objectivo é a criação de algo, que pode ser um utensílio doméstico à interface de navegação de um software, dependendo da especificação da área de trabalho. Existe uma gama de especializações dentro do Design de acordo com o artefacto a ser elaborado, concebido e desenvolvido.
Também podemos dizer que o design é cultura, não apenas porque faz parte da cultura, mas porque cria e desenvolve um universo artificial e simbólico para a sociedade na qual se insere. Por outro lado, design é produção de cultura, pois estabelece produtos que são resultantes de análises e interpretações culturais, mas também design é o espelho da cultura, podendo-se estabelecer como denúncia ou anúncio dos aspectos da sociedade.
“(…) o Design existe como característica central da cultura e da vida quotidiana em muitas partes do mundo. Em sociedades altamente industrializadas, o Design parece ter substituído a natureza como presença dominante na experiência humana.” (Leite: 2001, 65).
O design está relacionado à cultura, linguagem e tecnologia, a proximidade deste campo ao universo de criação remete muitas vezes a questões que colocam o design como um universo implícito à arte e outras vezes como universo paralelo à arte. O design actua a partir da relação com a arte enquanto processo de criação, de referência e também a partir de interferências e inter-relação entre estes dois campos.
Segundo Flusser “(…) representa óptimas ideias reunidas, que – sendo derivadas da arte e ciência – possuem cruzamento fertilizado e, criativamente, uma complementou a outra.” (Flusser: 1999, pg.17).
O design é visto como o cruzamento, a relação entre arte e ciência; a partir da relação arte e ofício e também como a nova arte popular, como a arte prática presente no quotidiano e ainda como arte social estabelecida para o novo homem na sociedade da cultura material.
O designer é considerado o artista dos tempo Modernos, o tempo da industrialização, o tempo da produção onde os objectos da cultura material são importantes e muito presentes na vida quotidiana do ser humano. Ainda, o designer é comparado ao artista popular, resultante da evolução do artesão para o artista com formação técnica e de planejamento que configura o designer.
References:
WOLLNER, Alexandre. Textos Recentes e Escritos Históricos. 2ºEd. Textosdesign – ROSARI, 2003
SCHNEIDER, Beat. Design – Uma Introdução. O design no contexto social, cultural e econômico. da Editora Blücher, 2011
LÖBACH, Bernd. Design Industrial. São Paulo: Edgard Blücher, 2001.
LEITE, João de Souza. Uma Nova Perspectiva para se Estudar Design. In: Revista Designe. n.3, RJ, Univercidade Editora, 2001, pp. 63- 68.
FLUSSER, Vilém. The Shape of Things: A Philosophy of Design. Londres, Reaktion Books, 1999.