Talk-show

Um “talk-show” é um programa televisivo de entretenimento; a tradução literal do nome deste formato televisivo seria “programa de falar”, o que remete de imediato para a principal componente deste tipo de programa, a oralidade. Desta forma, o próprio nome do género de programa cria uma expectativa que a ele fica imediatamente associada, e o espectador elabora uma perceção daquilo que poderá apreender através do visionamento do programa; este tipo de expectativa, ou “promessa” daquilo que se pode esperar de um determinado produto apenas através do conhecimento do género a que este está associado foi inicialmente definida pelo professor francês François Jost[1], e pode ser criada não só em relação a programas televisivos, mas a qualquer produto cultural

No que diz respeito ao formato em questão, o “talk-show”, a própria nomeação de género reforça o “vococentrismo” deste formato, ou seja, apesar do “talk-show” fazer uso da linguagem audiovisual, onde se aliam as componentes oral, escrita e visual, é claramente a oralidade que se sobrepõem às outras vertentes, a oralidade serve como guia que as componentes oral e escrita do programa terão de acompanhar[2].

A importância que é dada pelos “talk-shows” à oralidade é em grande parte garantia para o sucesso do formato, visto que o espectador atual é um “espectador de intensidades”, que observa a televisão com um contínuo desinteresse, que só se desfaz nos raros momentos em que a sua atenção é despertada; podemos assim dizer que o contacto com a televisão é em grande parte oral, é o som que atrai o olhar, prendendo-se assim o espectador.

Há ainda que referir que, apesar de existir uma linha condutora que dirige um qualquer “talk-show”, este tipo de programa pode ser visto apenas até metade, ou apenas a parte final, ou talvez apenas excertos, o que contribui muito para que seja um dos géneros mais visionados pelo espectador do século XXI, pois não será necessário estar absolutamente concentrado no programa ao longo de toda a sua duração, podendo desfrutar apenas de alguns minutos. Por fim, a discussão em torno de um tema atual, a habitual presença de convidados célebres e o uso amiúde do humor e ironia[3] fecham a panóplia de características que possibilitam que o “talk-show” seja um dos formatos televisivos com mais sucesso, desde os primórdios da televisão até à atualidade.

 

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References:

[1]  JOST, François, La Promesse des Genres.

[2] “La voix est presque toujours souveraine.”, in BOURDON, Jérôme, Le direct: une politique de la voix.

[3]  Na sua obra “La Promesse des Genres, Jost define uma tipologia dos modos de enunciação, destacando três modos, nomeadamente o lúdico, o informativo e o fictício. O “talk-show” situa-se algures entre a informação e o entretenimento, sendo o género por excelência que engloba este eterno paradoxo televisivo.

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