Joseph Frank “Buster” Keaton (4 de Outubro, 1895 – 1 de Fevereiro, 1966), foi um actor, comediante, realizador, produto e argumentista americano. Apesar da sua carreira não possuir a resiliência e fama de actores como Charlie Chaplin, Buster Keaton é hoje reconhecido como um dos comediantes mais talentosos que resultaram da era dos filmes mudos. Para além da inteligência patente na sua escrita de material cómico e nas suas habilidades enquanto actor, Keaton tinha uma especial apetência para entender o mundo cinematográfico. No entanto, a sua carreira padeceria de alguma instabilidade, sofrendo altos e baixos constantes, tendo, apesar de tudo, a satisfação de poder ter contado com um final de carreira em alta.
Origens e começo de carreira
Joseph Frank Keaton nasceu a 4 de Outubro de 1895, filho dos pais Joseph Hallie Keaton e Myra Cutler Keaton, ambos actores de teatro. Buster Keaton passaria grande parte da sua infância nas tournés da sua família. Aos três anos de idade já fazia parte dos números e actuações dos pais, e seria na companhia de teatro destes que Keaton desenvolveria as suas habilidades para comédia corporal, acrobática, com um sentido de timing quase perfeito, tornando-se uma estrela em ascensão já na sua adolescência.
Em 1917, e na sequência de problemas com o seu pai devido ao vício deste em álcool, Buster Keaton abandonaria a companhia teatral dos seus pais. Nesse mesmo ano, Keaton teria a oportunidade de aparecer numa série de peças da Broadway, e seria aí que, ao conhecer Roscoe Arbuckle, Buster Keaton seria convidado para ser parte de um filme de baixo orçamento chamado “The Butcher Boy”. Os dois dar-se-iam imensamente bem e colaborariam numa série de comédias para o grande ecrã.
Não tardaria até que Keaton começasse a escrever os seus próprios filmes, trabalhando como assistente de produção e actuando como o actor principal.
Seria também nesta altura que Buster Keaton começaria a aperfeiçoar e personalizar o seu tipo de comédia, misturando o humor físico com um sentido sofisticado para o absurdo visual, utilizando uma série de ferramentas e truques de produção que em geral seriam difíceis de ter ao seu dispor em actuações teatrais.
O despoletar da sua carreira
O começo da sua carreira de realizador começaria com curtas-metragens como “The High Sign” e “One Week” (“Uma Semana”) em 1920, as quais propalariam o trabalho de Keaton e ajudá-lo-iam a afirmar-se como uma grande estrela. Em 1923, Buster Keaton estrear-se-ia nas longas-metragens com “The Three Ages” (“As 3 Idades”). O pico da sua veia criativa viria com clássicos da comédia como “Sherlock, Jr.” (“Sherlock Holmes Jr.”), “Seven Chances” (“As Sete Ocasiões de Pamplinas”), “The Navigator” (“O Navegante”), “Steamboat Bill, Jr.” (“O Marinheiro de Água Doce”), e a afamada comédia sobre a Guerra Civil Americana, “The General” (“Pamplinas Maquinista”), encarada por muitas como a sua maior obra.
Em 1928, e na sequência do enorme sucesso dos seus filmes, Buster Keaton assinaria contrato com a Metro Goldwyn Mayer (MGM), o maior estúdio de Hollywood à altura. O seu primeiro filme sob contrato com este estúdio seria “The Cameraman” (“O Homem da Manivela”). No entanto, esta sua primeira experiência não correria da melhor maneira. Pela primeira vez e subitamente Keaton veria todo o seu trabalho a ser constantemente escrutinado e supervisionado por realizadores e escritores não envolvidos directamente nas suas produções.
Devido a esta situação, juntamente com um casamento à beira do colapso (havia casado com Natalie Talmadge em 1920), Buster Keaton encontrou refúgio na bebida.
Carreira em descendência
Com o surgimento do som, os executivos da MGM começaram a questionar-se sobre o que é que haveriam de fazer com o realizador e actor. Como solução, foi-lhe atribuído uma série de trabalhos de segunda categoria, contracenando com Jimmy Durante, e as coisas acabaram por não correr da melhor maneira.
Buster Keaton seria despedido da MGM em 1934 com fundamento no facto de não apresentar condições razoáveis para ali estar, à medida que se recusava a trabalhar com argumentos que considerava, na sua perspectiva, serem de qualidade inferior. Paralelamente a esta situação, o seu casamento terminaria, as Autoridades Fiscais processá-lo-iam por evasão fiscal num montante de vinte e oito mil dólares, e o seu problema com o álcool tornar-se-ia tão grave que Keaton teria mesmo de ser internado num hospital psiquiátrico, no qual ser-lhe-ia imposto o uso de colete de forças.
O regresso à ribalta e falecimento
O seu problema com o álcool seria eventualmente resolvido, mas a sua carreira em Hollywood parecia ter os seus dias contados. Regressaria à indústria, actuando numa série de projectos de mais baixo calibre, para estúdios como a Educational Pictures, e mais tarde para a Columbia Pictures, sem que com tal tenha tido grande sucesso.
Buster Keaton teria igualmente oportunidade para entrar numa série de comédias europeias. O público europeu mostrar-se-ia muito mais receptivo em comparação com o público americano. No entanto esta tendência alterar-se-ia quando, em 1949, a revista Life publicou um artigo sobre os grandes astros da comédia da época dos filmes mudos, relembrando o seu legado junto do grande público.
Por consequência, Keaton seria convidado para uma variedade de programas de televisão, e à medida que a sua sobriedade vencia, Buster Keaton conquistaria papéis secundários em filmes de grande produção, tais como “Around the World in 80 Days” (“À Volta ao Mundo em Oitenta Dias”) e “Limelight” (“Luzes da Ribalta”) realizado por Charlie Chaplin.
Em 1957 Buster Keaton venderia os direitos sobre a história da sua vida para a produção de um filme biográfico produzido pela Paramount Pictures. O filme seria um desastre nas bilheteiras, mas provar-se-ia o suficiente rentável para financiar a compra de uma nova casa, casa essa onde Keaton viveria o resto da sua vida.
Já na década de sessenta, Buster Keaton teria imensos convites para várias produções, e marcaria a sua presença numa série de musicais e em publicidades televisivas. Conseguiria igualmente uma série de papéis de relevo em produções cinematográficas como “A Funny Thing Happened on the Way to the Forum” (“Em Roma… era assim”), este que acabaria por ser o seu último filme, datado de 1966.
Em Fevereiro desse ano, Buster Keaton faleceria aos 70 anos vítima de uma longa batalha contra cancro no pulmão.